Classe média experimenta o terror que a PM paulista toca na periferia – por Luiz Carlos Azenha

Foi brutal, mas foi didático.

A classe média paulistana — inclusive aquela formada por repórteres da Folha e do Estadão — experimentou na própria pele o comportamento autoritário, brutal e descontrolado da Polícia Militar de Geraldo Alckmin, com a conivência do PT, de Fernando Haddad e do ministro da Justiça, que ofereceu o reforço da Força Nacional.

Incitado, ironicamente, pela própria mídia fã da ditabranda.

A PM paulista demonstrou o zeitgeist de sua existência: bater, em nome da segurança nacional, nos mais frágeis. Suprimir a democracia. Barbarizar jornalistas e manifestantes. Usar as armas de que dispõe graças ao financiamento público para atacar o público que a financia.

Em nome de manter a avenida Paulista “aberta ao trânsito”, a PM paulista fechou a cidade de São Paulo.

Se tivesse acompanhado à distância o protesto dos manifestantes, como aconteceu no Rio de Janeiro, a cidade teria sofrido muito menos do que sofreu.

A “demonstração de força”, às custas do dinheiro público, foi bárbara — como podem testemunhar centenas de pessoas que foram atacadas indiscriminadamente pela PM paulista “por estarem na rua”.

O resultado concreto é que, graças à lógica doidivanas da PM paulista, as manifestações do Movimento do Passe Livre — sobre o qual cabem dezenas de questionamentos — só tendem a crescer.

O mais repugnante é ver gente supostamente ligada ao PT e à esquerda posicionada sobre o muro, aguardando um piscar de olhos das “lideranças” para lamentar ou aplaudir o comportamento dos manifestantes.

Eles podem errar. O Estado, não.

O Estado não pode torturar, bater ou barbarizar, como fez nos tempos da ditadura militar.

Jovens podem agir de forma irresponsável. O Estado, com o monopólio da violência, não.

Infelizmente, ontem vimos o Estado agir como um jovem irresponsável, disparando bombas, atacando jornalistas e barbarizando transeuntes.

Como na ditadura militar. Vimos, também, o oportunismo de petistas, tomados por uma amnésia profunda sobre os primórdios do próprio partido, nos anos de chumbo em que a mesma PM atuou para abortar o PT e os movimentos sociais.

 

Fonte: Viomundo

+ sobre o tema

Machismo, racismo e homofobia. Por Juremir Machado da Silva

Tinha razão Roger Bastide: o Brasil é uma terra...

Artista baiano é impedido de entrar na Espanha

Impedido pela imigração espanhola, em Madri, de fazer...

Movimento negro ocupando os parlamentos em 2023

Imaginar o Brasil de 2023 começar com um Quilombo...

para lembrar

Abismo salarial entre negros e brancos é o maior desde 2012

Na pandemia, a diferença salarial entre brancos e negros...

Parecer deve garantir aplicação da Lei de Cotas

A ministra da Secretaria de Promoção de Políticas de...

Taxar grandes fortunas pode ser uma medida antirracista

Nesse mês de outubro, comemoramos o 35º aniversário da...
spot_imgspot_img

Pretos e pardos têm menos acesso à infraestrutura urbana que brancos

Pessoas pretas e pardas residem menos em endereços com características adequadas de infraestrutura urbana, quando comparadas à população branca. Esse retrato da desigualdade étnico-racial no...

E mulheres trans não são pessoas?

No mesmo dia, os EUA e o Reino Unido —dois países ocidentais que se colocam como bastiões da liberdade, muito embora até ontem metade...

Post da PM mostra policiais com braço erguido em frente a cruz em chamas

Um perfil do 9º Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia), de São José do Rio Preto, publicou no Instagram um vídeo em que...
-+=