Clóvis Moura: a luta antirracismo é a base da luta de classes

Enviado por / FonteDo Vermelho

O Seminário O Pensamento Radical de Clóvis Moura: Dez Anos de Sua Morte, organizado pela Fundação Maurício Grabois, aconteceu no sábado (22), analisou as contribuições teóricas e políticas desse importante pensador negro à luta contra a opressão e o racismo no Brasil.

O seminário analisou as contribuições teóricas e políticas de Clóvis de Moura à luta contra a opressão e o racismo no Brasil

Onde também teve o lançamento de uma edição especial da Revista Princípios sobre Clóvis Moura, além da quinta edição do livro Rebeliões da Senzala. Essa foi a “primeira obra na historiografia brasileira a tratar da questão das rebeliões negras de maneira sistemática, mostrando com fatos históricos o alastramento desse fenômeno em todo o território brasileiro”, diz o professor Kabengele Munanga sobre o relançamento do livro.

Já Mônica Custódio, secretária de Promoção de Políticas de Igualdade Racial da CTB, afirma que “para os militantes da luta antirracismo no movimento sindical classista, a obra e toda atuação de Clóvis Moura, assim como seu compromisso, e sua convicção de valor na singularidade da construção da base histórica, econômica e social de nosso país, nos traz a força, e a convicção daquilo, que Moura já nos afirmava enquanto militante marxista que era: a luta antirracismo é a base objetiva da luta de classes no Brasil”.

“Clóvis Moura acreditava que a emancipação desse povo uno que é o brasileiro, passa pelo enfretamento à cultura de dominação, que se efetua através do racismo, em todas as suas formas de apresentação. Acreditando isso, a Secretaria de Igualdade Racial da CTB, reverencia e dá prosseguimento à luta antirracismo, entendendo este como signo da luta de classe, a luta contra o capitalismo, e pela emancipação humana”, reforça Mônica.

O seminário contou com a participação de nomes respeitáveis da academia, como Soraya Moura historiadora e filha de Clóvis Moura, do professor Kabengele Munanga, de representantes dos movimentos sociais como Olívia Santana, Sueli Carneiro, e Edson França e o cartunista Maurício Pestana. “O mais importante no evento foi a participação de muitos jovens com objetivo de conhecer e compartilhar a obra de Clóvis Moura”, revela Mônica.

Para ela, “houve um salto de qualidade com o seminário que não foi confirmar a obra dele, mas de transformá-lo em bandeira de uma luta essencial para a sociedade brasileira e para a humanidade e a participação dessa juventude foi fundamental para a compreensão de que a luta contra o racismo fica cada vez mais forte”, acentua.

Mônica afirma ainda que Clóvis Moura insere a luta por igualdade racial no contexto da luta de classes e rompe paradigmas elevando o entendimento da questão racial no contexto da luta de classes e dessa forma estudou as questões dos negros brasileiros escravizados enquanto representantes da classe trabalhadora contra o sistema escravista para substituí-lo impor outro de relação de liberdade.

“Clóvis Moura mostrou para a sociedade que lutar por igualdade racial é lutar pela emancipação da humanidade”, define Mônica. Exatamente por isso lembrar a sua obra e estudá-lo é fundamental para participar da luta de ideias travada no país. Para Munanga o importante historiador brasileiro teria sido “um dos primeiros a desmistificar a ideia do negro submisso que não se importava com sua situação de cativo e a colocar em pauta a questão de sua participação no processo abolicionista e libertário, habilitando-o como sujeito de sua história e da história do Brasil”.

Foto em destaque: Reprodução/ A Verdade 

+ sobre o tema

Mostra em São Paulo celebra produção de cineastas negros no Brasil

Uma seleção de filmes brasileiros realizados por cineastas negros...

O dia em que os deputados brasileiros se negaram a abolir a escravidão

Se dependesse da vontade política de alguns poucos, o...

para lembrar

Mostra em São Paulo celebra produção de cineastas negros no Brasil

Uma seleção de filmes brasileiros realizados por cineastas negros...

O dia em que os deputados brasileiros se negaram a abolir a escravidão

Se dependesse da vontade política de alguns poucos, o...
spot_imgspot_img

Feira do Livro Periférico 2025 acontece no Sesc Consolação com programação gratuita e diversa

A literatura das bordas e favelas toma o centro da cidade. De 03 a 07 de setembro de 2025, o Sesc Consolação recebe a Feira do Livro Periférico,...

Mostra em São Paulo celebra produção de cineastas negros no Brasil

Uma seleção de filmes brasileiros realizados por cineastas negros ou que tenham protagonistas negros é a proposta da OJU-Roda Sesc de Cinemas Negros, que chega...

O dia em que os deputados brasileiros se negaram a abolir a escravidão

Se dependesse da vontade política de alguns poucos, o Brasil teria abolido a escravidão oito anos antes da Lei Áurea, de 13 de maio de...