Coletivo Manifesto Crespo reunirá mulheres indígenas da aldeia Tenondé Porã, em Parelheiros (SP), para roda de conversa e oficina de turbante

Visita acontece no próximo sábado e faz parte do projeto itinerante para o primeiro semestre de 2015. O objetivo é promover vivências em comunidades que preservem a memória e as tradições da população negra e indígena e tenham mulheres ocupando posições de liderança

Enviado Semayat Oliveira via Guest Post para o Portal Geledés

O Manifesto Crespo, coletivo independente com atuação na área cultural e educacional, em parceria com a associação União Popular de Mulheres do Campo Limpo, promoverá um encontro com mulheres indígenas na aldeia Tenondé Porã, localizada em Parelheiros – bairro do extremo sul da capital paulista. A visita será no dia 28 de fevereiro e tem o objetivo de fortalecer a conexão com as mulheres da comunidade, vivenciando suas tradições, forma de organização e experiências políticas.Por meio da oficina Tecendo e Trançando Arte, projeto participativo e educativo que reflete e ensina a técnica do turbante e o ato de trançar os cabelos com abordagem histórica e cultural, as educadoras criam uma roda de conversa sobre a relação das participantes com seus cabelos, corpos e as referências femininas que as influenciam. Pensando em tornar o conteúdo ainda mais específico para a cultura indígena, será incluso o estilo da trança indígena e sua função no artesanato.

As questões que envolvem a mulher negra, o fortalecimento da autoestima e a reestruturação de identidade, eixos principais do trabalho desenvolvido pelo coletivo, têm uma ligação tangível com os desafios históricos das mulheres indígenas. A intenção é conhecer também a narrativa de resistência política e cultural que a comunidade enfrenta e as estratégias da líder feminina da aldeia, Jera Guarani Mbya.

“Nós, enquanto educadoras e mulheres negras, sentimos que nos aproximar da realidade da mulher indígena é conhecer outra face do racismo, da ausência de direitos básicos e da violência histórica contra nossos corpos e memória. É também entrar em contato com histórias que, assim como as nossas, tem a mulher na linha de frente do trabalho e como a sustentação da família e dos costumes do seu povo”, disse Denna Hill, cantora, psicóloga e integrante do coletivo.

Em seu quarto ano de existência, a oficina Tecendo e Trançando Arte já atingiu mais de mil pessoas, maioria de mulheres, em São Paulo e região. Após ser contemplado pelo Prêmio Lélia Gonzalez (Protagonismo de Organizações de Mulheres Negras), lançado em 2014 pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), o coletivo se estruturou para realizar a atividade em locais essenciais para sua linha de pesquisa.

A visita faz parte do projeto itinerante que tem o objetivo de promover vivências em comunidades que preservem a memória e as tradições da população negra e indígena e tenham mulheres ocupando posições de liderança. O Quilombo da Caçandoca, na cidade de Ubatuba (litoral norte), foi o primeiro ponto de parada, em dezembro de 2014. Até o final deste semestre, o coletivo ainda passará pela Casa de Cultura Fazenda da Roseira, em Campinas, e Teatro Popular Solano Trindade, em Embu das Artes.

Sobre o Manifesto Crespo
O Coletivo Manifesto Crespo é composto pelas educadoras Denna Hill, 31, cantora e psicóloga, Lúcia Udemezue, 29, produtora e socióloga, Nina Vieira, 25, designer e fotógrafa e Thays Quadros, 29, produtora. Com mais de um projeto em andamento, a proposta é focada na discussão sobre como o cabelo crespo pode e deve ser encarado de uma forma criativa, fazendo com que se desmistifique a ideia de que existe cabelo ruim. A partir dessa abordagem, busca reconhecer seu valor e fortalecer a memória e a autoestima de homens e mulheres negros, numa luta pelo resgate de origens – uma vez que o Brasil tem a maior população originária da diáspora africana.
Conheças todos os projetos em http://manifestocrespo.org.

 INFORMAÇÕES DE CONTATO

Lúcia Udemezue

(11) 96466-3231

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