Visita acontece no próximo sábado e faz parte do projeto itinerante para o primeiro semestre de 2015. O objetivo é promover vivências em comunidades que preservem a memória e as tradições da população negra e indígena e tenham mulheres ocupando posições de liderança
Enviado Semayat Oliveira via Guest Post para o Portal Geledés
As questões que envolvem a mulher negra, o fortalecimento da autoestima e a reestruturação de identidade, eixos principais do trabalho desenvolvido pelo coletivo, têm uma ligação tangível com os desafios históricos das mulheres indígenas. A intenção é conhecer também a narrativa de resistência política e cultural que a comunidade enfrenta e as estratégias da líder feminina da aldeia, Jera Guarani Mbya.
“Nós, enquanto educadoras e mulheres negras, sentimos que nos aproximar da realidade da mulher indígena é conhecer outra face do racismo, da ausência de direitos básicos e da violência histórica contra nossos corpos e memória. É também entrar em contato com histórias que, assim como as nossas, tem a mulher na linha de frente do trabalho e como a sustentação da família e dos costumes do seu povo”, disse Denna Hill, cantora, psicóloga e integrante do coletivo.
Em seu quarto ano de existência, a oficina Tecendo e Trançando Arte já atingiu mais de mil pessoas, maioria de mulheres, em São Paulo e região. Após ser contemplado pelo Prêmio Lélia Gonzalez (Protagonismo de Organizações de Mulheres Negras), lançado em 2014 pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), o coletivo se estruturou para realizar a atividade em locais essenciais para sua linha de pesquisa.
A visita faz parte do projeto itinerante que tem o objetivo de promover vivências em comunidades que preservem a memória e as tradições da população negra e indígena e tenham mulheres ocupando posições de liderança. O Quilombo da Caçandoca, na cidade de Ubatuba (litoral norte), foi o primeiro ponto de parada, em dezembro de 2014. Até o final deste semestre, o coletivo ainda passará pela Casa de Cultura Fazenda da Roseira, em Campinas, e Teatro Popular Solano Trindade, em Embu das Artes.
Sobre o Manifesto Crespo
O Coletivo Manifesto Crespo é composto pelas educadoras Denna Hill, 31, cantora e psicóloga, Lúcia Udemezue, 29, produtora e socióloga, Nina Vieira, 25, designer e fotógrafa e Thays Quadros, 29, produtora. Com mais de um projeto em andamento, a proposta é focada na discussão sobre como o cabelo crespo pode e deve ser encarado de uma forma criativa, fazendo com que se desmistifique a ideia de que existe cabelo ruim. A partir dessa abordagem, busca reconhecer seu valor e fortalecer a memória e a autoestima de homens e mulheres negros, numa luta pelo resgate de origens – uma vez que o Brasil tem a maior população originária da diáspora africana.
Conheças todos os projetos em http://manifestocrespo.org.