Com iniciativa Global Gateway, UE apoia o Brasil no combate às desigualdades no mundo

Deixamos de lado a relação doador-receptor com o Sul Global para construir parcerias internacionais sólidas, entre iguais e mutuamente benéficas

A presidência brasileira do G20 fez do combate à fome, à pobreza e à desigualdade a sua prioridade. O Brasil pode contar com a União Europeia (UE) neste esforço. A reunião dos ministros do Desenvolvimento do G20 desta semana, no Rio de Janeiro, será uma oportunidade de somar esforços para colocar a luta contra as desigualdades no centro da cooperação para o desenvolvimento.

A UE está na liderança desse combate por meio de sua estratégia de investimento Global Gateway, que é a nossa contribuição para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos pelos membros das Nações Unidas.

Nos últimos anos, a UE reformulou fundamentalmente a maneira como se relaciona com o Sul Global. Deixamos de lado a relação doador-receptor para construir parcerias internacionais sólidas, entre iguais e mutuamente benéficas. O Global Gateway incorpora essa mudança de paradigma. Com ele, pretendemos mobilizar investimentos públicos e privados sustentáveis no valor de € 300 bilhões (R$ 1,82 trilhão), adaptados ao contexto específico de cada país, até 2027.

O Global Gateway abrange projetos de infraestrutura, que têm o objetivo de impulsionar a conectividade e desbloquear as oportunidades econômicas oferecidas pela transição verde e digital justa. Há características distintas que tornam o Global Gateway uma oferta de parceria única.

Paralelamente ao desenvolvimento da infraestrutura, estamos investindo fortemente em capital humano —educação, pesquisa e saúde— e em sustentabilidade, incluindo boa governança e combate à corrupção. Acredito que essa seja a chave para o impacto transformador, o valor adicionado e a criação de empregos locais. Por exemplo, recentemente começamos a cooperar em matérias-primas críticas com vários países. Mas nossa abordagem não é simplesmente extrair minerais e enviá-los para a Europa. Em vez disso, investiremos em capacidades locais de refino, qualificação profissional e ecossistemas locais em torno de cadeias de valor.

Com o Global Gateway, não queremos criar dependências prejudiciais. Após sucessivas crises globais, nós, na Europa, tomamos ações para aumentar nossa resiliência contra crises futuras e autonomia estratégica em setores cruciais. E sabemos que nossos parceiros no Sul Global querem fazer o mesmo! É por isso que temos projetos Global Gateway para fortalecer sistemas alimentares sustentáveis, aumentar a produção farmacêutica na América Latina e na África e aproveitar fontes renováveis a fim de proporcionar o direito à energia acessível.

Os investimentos do Global Gateway são sustentados pelos mais altos padrões ambientais, sociais e financeiros. Temos o compromisso de trabalhar para as pessoas. A redução da desigualdade está no centro de nossas ações, e estamos nos certificando para medir o seu impacto. Para cumprir o que dizemos, desenvolvemos o Marcador de Desigualdade, uma metodologia para verificar a parcela de nossas ações que beneficiam significativamente os 40% mais pobres da população.

No mês passado, apresentamos os primeiros resultados. Em 2023, 59% de nossos novos projetos em países parceiros tinham um foco substancial na redução da desigualdade, tendo esta como objetivo significativo ou objetivo principal. Esse número sobe para 77% nos países de baixa renda. Na América Latina e no Caribe, 61% dos nossos projetos visavam à redução da desigualdade. “Gestão Integrada e Sustentável da Paisagem no Bioma Cerrado no Brasil e no Paraguai” e “Floresta em Pé – Uma rede digital para comunicar territórios produtivos e sustentáveis na Amazônia” são ótimos exemplos de projetos do Global Gateway que visam causar impacto econômico e social tangível e sustentável.

Estou confiante de que o Global Gateway contribuirá significativamente para os esforços da comunidade internacional para acelerar o avanço no combate à fome, na erradicação da pobreza e na redução da desigualdade. Ferramentas como o nosso inovador Marcador de Desigualdade são úteis para acompanhar o progresso. Nós o disponibilizamos livremente também para uso por outros atores de desenvolvimento.

Juntos, garantiremos que os objetivos da presidência brasileira do G20 não apenas sejam alcançados, mas também criem impactos positivos duradouros em escala global.

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