Com Lei Maria da Penha, cresce divulgação dos direitos da mulher no País

BRASÍLIA – O terceiro aniversário da implementação da lei 11.340/06, conhecida como Maria da Penha, apresenta um aumento no conhecimento das mulheres em relação aos seus direitos de defesa contra a violência doméstica.

 

A avaliação é do Coordenador Central de Atendimento à Mulher Ligue 180, Pedro Ferreira. A entidade fez um levantamento, avaliando o primeiro semestre dos anos de 2007, 2008 e 2009. Neste período, os atendimentos só aumentaram: 58.412; 122.222 e 161.774, respectivamente.

 

“É importante frisar que o aumento nos atendimentos não significa um aumento da violência e, sim do registro, da busca por ajuda”, analisa Ferreira.

 

O coordenador do central afirma que o “Ligue 180” não é um disque-denúncia, “mas um serviço gratuito que funciona 24h, por telefone, em todo País, orientando as vítimas de violência sobre onde procurar ajuda e o que fazer”.

 

O balanço do serviço identificou que a maioria dos atendimentos foi feita na região Sudeste, equivalente a 57% do total, com mulheres entre 20 e 40 anos (56%), na maior parte negra (43% – o que incluem aquelas que se identificam como da cor preta (9%) e parda (34%)); e com nível de escolaridade que inclui até o ensino médio completo (25%).

 

Para a Coordenadora Nacional do Comitê Multipartidário de Mulheres, Muna Zeyn, a lei contribui para romper a invisibilidade da violência doméstica. “Há um entendimento de que isso é uma coisa de casal. O ditado popular, ‘briga de marido e mulher ninguém mete a colher’, acabou com a lei. O jovem já conhece a lei”, afirma.

 

Muna Zeyn defende ainda que uma contribuição para tratar do problema poderia ser a ampliação do número de delegacias da mulher com atendimento 24h. “Em São Paulo, por exemplo, só temos uma. E a maioria dos casos acontece à noite”.

 

Há muitos anos militando na defesa da mulher, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) acredita que a sociedade, como um todo, ainda é muito machista e precisa se reeducar. “Há muito o que fazer. Há casos de juízes, como um de Minas Gerais, que negou o direito da vítima e defendeu o agressor”, lembra.

 

Maria da Penha

 

O nome “Maria da Penha” é uma homenagem à Maria da Penha Fernandes, que ficou paraplégica, e sobreviveu a duas tentativas de homicídio do ex-marido. Ela se engajou na busca pela punição e direitos da mulher, cuja pena do agressor dela só foi dada quase vinte anos depois dos maus-tratos que recebeu.

 

A violência doméstica era tratada antes da lei como crime menor e julgada em juizados especiais. Com a nova legislação, a pena máxima por agressão pode chegar a três anos de prisão.

Matéria original

+ sobre o tema

Anielle Franco é eleita pela revista Time uma das cem pessoas mais influentes da nova geração

A revista americana Time incluiu a ministra da Igualdade...

PDF: Pensar o Brasil para o Enfrentamento do Racismo, do Sexismo e da Lesbofobia

Relatório Final do Grupo de Trabalho para Fortalecimento das Ações...

Racismo científico, definindo humanidade de negras e negros

Esse artigo foi pensado para iniciar um diálogo sobre...

para lembrar

Em Porto Alegre Saia de Saia marcou o 25 de Novembro, Dia Internacional da Não Violência contra as Mulheres

Representações do movimento feminista gaúcho estiveram no início da...

10 situações sexistas que mulheres passam no trabalho

Relatos foram colhidos pelo projeto Everyday Sexism Ser ignorada, confundida...

Como sátira política, a malhação de Judas sobreviverá?

Não é justiçamento, mas humor irônico e sarcástico Fátima Oliveira Malhar...
spot_imgspot_img

Ativistas do mundo participam do Lançamento do Comitê Global da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver

As mulheres negras do Brasil estão se organizando e fortalecendo alianças internacionais para a realização da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem...

Iniciativa Negra debate mulheres, política de drogas e o encarceramento em evento presencial

São Paulo, março de 2025 – A Iniciativa Negra convida a sociedade para mais uma edição do Boteco Brasileiro de Política de Drogas. O...

Empreendedorismo feminino avança, mas negras têm obstáculos com receita e tempo de dedicação

O empreendedorismo feminino avança no Brasil, refletindo tendência global de igualdade na abertura de negócios por homens e mulheres, mas questões relacionadas a cor e raça colocam negras em desvantagem. O...
-+=