
Tudo começou com um presente. Elas ganharam uma blusa e decidiram deixar a peça mais parecida com elas. Pegaram a tesoura e transformaram-na em um cropped. A partir daí, passaram a garimpar roupas em brechós a um ou dois reais e imprimiam nelas suas identidades, principalmente cortando-as, já que não envolvia custos extras, ou fazendo intervenções com canetas, para conseguir uma “estampa”. Customizando roupas desde então, hoje a dupla se considera It-Favela.
A proposta do blog sempre foi “mostrar que é possível se vestir escandalosamente bem com MUITO pouco (muito mesmo)!”, dizem. A ideia logo conquistou jovens de periferia, que encontravam ali editoriais de moda lindos e sem custar mais de vinte reais.
Este ano fizeram o primeiro desfile próprio, junto ao coletivo Mulheres Pretas Independentes da Favela (Mpif). Na passarela, só mulheres negras da favela, em oposição à “higienização” da indústria que prefere “pintar de preto uma pessoa branca”. Além disso, elas seguem fazendo festas, e querem levar à periferia cursos profissionalizantes e aulas de história. O sonho é lançar uma marca própria, sempre pensando em fazer com que o dinheiro volte para a periferia. “Que o dinheiro do preto volte para o preto e todo mundo enriqueça, é uma ambição bem grande”, declaram.