Uma garotinha criada de forma não convencional na década de 1970, nos Estados Unidos, mudaria de maneira profunda a face do feminismo dos anos 1990 em diante — e desempenhando um papel importante na luta pelos direitos das mulheres trans.
Estamos falando da escritora Rebecca Walker, que declarou a chamada terceira onda do feminismo — que viria a desafiar visões discriminatórias dentro do movimento em relação às mulheres trans.
Uma guerra cultural que ainda reverbera com força — e travou uma de suas batalhas mais emblemáticas nos anos 1990 durante o Michfest, um festival só para mulheres no Estado americano de Michigan, que expulsou uma frequentadora trans.
Esta história é contada no quarto episódio do podcast As Estranhas Origens das Guerras Culturais, da BBC News Brasil. Trata-se de uma adaptação em português da série em inglês Things Fell Apart, da Rádio 4, da BBC, escrita e apresentada pelo autor e jornalista anglo-americano Jon Ronson.
No quarto episódio (chamado Muitas Vidas Diferentes), Ronson entrevista Rebecca Walker e outras personagens envolvidas nesta guerra cultural, como Nancy Burkholder, a mulher trans que foi expulsa do Michfest sob o argumento de que o festival era só para “mulheres nascidas mulheres”.
A infância dividida de Rebecca
Filha de um casal inter-racial, a escritora Rebecca Walker nasceu em 1969 em um hospital não-segregado em Jackson, no Estado americano do Mississippi — um lugar em que bebês mestiços eram pouco comuns.
“Quando as enfermeiras entraram com minha certidão de nascimento, na margem perto de (onde estava escrito) “raça da mãe: negra, raça do pai: branca” havia um ponto de interrogação e uma pergunta: ‘Tá certo isso?'”, diz Rebecca em entrevista ao podcast As Estranhas Origens das Guerras Culturais.
Filha da autora Alice Walker, que mais tarde escreveria A Cor Púrpura, e do advogado judeu Melvyn Leventhal, ela conta que os pais eram ativistas na luta pelos direitos civis americanos.
“Com a minha criação, eles queriam estabelecer um modelo em que a humanidade de cada ser humano — e não sua raça — estivesse no centro da questão.”
Eles queriam ser exemplos vivos de uma família inter-racial bem-sucedida em um estado racista do sul americano. E Rebecca, por sua própria existência, iria personificar esses ideais.
Mas, quando ela tinha sete anos, eles se divorciaram.
“Meu mundo realmente se despedaçou. Eles criaram esse acordo de guarda maluco. Ela se mudou para San Francisco, ele se mudou para a capital, Washington.”
E a pequena Rebecca passou a se revezar, a cada dois anos, entre a casa de sua família branca e sua família negra.
“Comecei a ter uma existência muito dividida. Os dois acabaram voltando para suas respectivas culturas. Meu pai se casou com uma boa moça judia do acampamento de verão, e minha mãe arrumou como companheiro um intelectual afro-americano que foi colega de faculdade dela. Foi muito difícil.”
Ao oito anos, ela lembra da discriminação que sofreu ao fazer um teste para um papel na peça Mágico de Oz, enquanto estudava em uma escola predominantemente branca.
“Acabei pegando o papel da Bruxa Má do Oeste. Nunca me consideraram para o papel de Dorothy porque eu não era branca. Como uma menina negra, eu já era vista em um contexto negativo”, afirma.
Por outro lado, enquanto estava com sua família negra, também não se sentia totalmente incluída. Ela recorda de ser chamada pelos primos de cracker (forma depreciativa de se referir a uma pessoa branca).
“Eles eram bem mais tolerantes em geral, mas com certeza houve momentos em que meus parentes negros reparavam na minha branquitude.”
Como Rebecca escreveu em seu livro Black, White and Jewish (“Negra, Branca e Judia”, em tradução livre), ela ia de um mundo a outro, como se fossem planetas diferentes.
A divisão no movimento feminista
Em poucos anos, esta experiência única iria inspirá-la a fazer algo extraordinário dentro do movimento feminista. Mas a criação pouco convencional não foi sua única fonte de inspiração. Ela também era afilhada da líder feminista Gloria Steinem, cofundadora da revista Ms..
“Fui criada nos escritórios da revista Ms., a revista para mulheres que era tão radical e revolucionária e intrínseca ao movimento das mulheres”, revela.
A revista tinha surgido com a segunda onda do feminismo — que havia começado em 1963 com o livro A Mística Feminina, de Betty Friedan, que combatia a ideia de que as mulheres deveriam apenas cuidar de suas casas, filhos e maridos.
Ao colocar o desconforto das mulheres em palavras, Friedan começou uma revolução. Suas leitoras recém-galvanizadas começaram a protestar, pedindo mudanças e demandando direitos iguais.
A segunda onda do feminismo foi poderosa. Houve protestos contra concursos de beleza e contra a revista Playboy, além de manifestações contra violência doméstica. E foram obtidas algumas importantes vitórias, como a decisão do caso Roe x Wade na Suprema Corte em 1973, que concedeu às mulheres o direito ao aborto em todos os estados americanos — e que recentemente foi revogada.
Mas, na época em que Rebecca frequentava a redação da revista Ms., no fim dos anos 1980, o feminismo passava por uma fase complicada.
“Eu tinha sido criada em uma comunidade muito feminista,, de uma maneira diferente de muitas das minhas colegas da época. E elas tinham muita resistência ao feminismo, ninguém queria ser chamada de feminista”, diz ela.
“A propaganda contra o feminismo na época era incrivelmente forte. As feministas eram todas vistas como odiadoras de homens, lésbicas, mulheres que não depilavam as pernas.”
Na verdade, quando Rebecca estava no final da adolescência, algumas mulheres tinham começado a se chamar pós-feministas.
E como se não bastasse, também havia grandes cisões dentro do movimento — com a percepção de que estava sob o domínio de mulheres brancas heterossexuais e ricas.
“Mulheres não-brancas se sentiam excluídas do movimento feminista. E havia muita polêmica em torno da inclusão das lésbicas, se elas poderiam desestabilizar a causa”, explica a escritora.
‘Eu sou a terceira onda’
Mas Rebecca via as coisas de outra maneira. Tendo crescido com a experiência de dois mundos completamente diferentes, ela achava que o movimento podia ser algo bem mais abrangente, mais ciente dos diferentes tipos de injustiça.
Da maneira como ela via, uma mulher heterossexual poderia ser vítima de misoginia, enquanto uma mulher lésbica poderia ser vítima de misoginia e homofobia. E o movimento deveria lidar com os dois tipos de preconceito, porque as dificuldades impostas aos grupos se cruzavam — ou melhor, se interseccionavam.
Na época, Kimberlé Crenshaw, professora de direito na Universidade da Califórnia em Los Angeles, estava cunhando um termo que consolidou esta ideia. O feminismo, conforme as duas concordavam, deveria ser “interseccional”.
“Meu projeto se tornou como podemos permitir a essa geração redefinir o que é o movimento? Porque estamos perdendo uma geração”, conta Rebecca.
“Escrevi então um artigo na revista Ms. bastante emocionado. A última linha diz que não sou uma feminista pós-feminista. Eu sou a terceira onda. Sou a nova versão das guerreiras do movimento.”
Foi assim que, em 1992, aos 21 anos, Rebecca deu início a uma nova onda feminista — a terceira onda.
“Aquele artigo começou o movimento. As pessoas escreveram centenas de cartas. Eram cartas de mulheres e homens jovens de todo o país que diziam: Sim, nós somos a terceira onda também”, relembra.
A agitação começou logo depois de Rebecca publicar seu artigo. Pessoas que pensavam como ela agora tinham um guarda-chuva para ficar debaixo, para repensar princípios até então sacrossantos da segunda onda. A maneira como as mulheres deveriam encarar a pornografia, por exemplo.
“Havia um sentimento no meu grupo de que a sexualidade livre tinha sido castrada pela segunda onda, então havia uma espécie de clamor por mais liberdade e prazer dentro da terceira onda”, explica.
A inclusão de mulheres trans
E da filósofa americana Judith Butler, um dos principais expoentes da terceira onda feminista, veio um clamor para repensar as categorias de gênero como um todo.
“A gente definitivamente lutou por direitos trans. Havia muito mais julgamento contra mulheres trans na segunda onda. A gente era muito favorável a pessoas trans”, diz Rebecca.
A partir da ideia de Simone De Beauvoir de que “não se nasce mulher, torna-se mulher”, Butler argumentou que a identidade de gênero não está vinculada às características físicas biológicas, mas surge a partir das normas sociais.
Na visão dela, as pessoas poderiam se libertar dessas normas — tendo liberdade de expressão de gênero.
E, por consequência, o feminismo interseccional significava abrir a categoria “mulher” para muito mais gente.
MichFest, um festival só para mulheres…
Numa noite de verão de 1991, na zona rural de Michigan, sua ideia estava prestes a ser testada.
Todos ano, havia um evento em que, apesar das tensões geracionais do movimento feminista, todo mundo tendia a se dar bem: o MichFest — o Festival da Mulher de Michigan.
Ao longo de uma semana, milhares de mulheres de todas as procedências acampavam em uma área cercada por florestas, faziam as refeições juntas, participavam de oficinas e ouviam bandas formadas só por mulheres tocar.
O Michfest era uma sociedade multigeracional e multicultural — um acampamento construído por mulheres, para mulheres.
Rebecca e sua mãe Alice participavam, assim como Bonnie Morris, historiadora especializada em estudos sobre as mulheres.
“Foi um dos primeiros lugares onde as mulheres se sentiram seguras para tirar suas blusas. Então você chegava nesse lindo ambiente rural com os morros cobertos de amazonas sem camisa — mulheres de todas as cores, formas, idades e tamanhos. Eu rapidamente tirei minha própria blusa. Corri pelos morros, descalça, me sentindo forte”, conta Bonnie em entrevista ao podcast As Estranhas Origens das Guerras Culturais.
“Havia mulheres que só queriam curtir, flertar — e outras ocupadas fazendo planos para derrubar o patriarcado e implementar o poder das mulheres. Havia uma gama de oficinas, de como combater o racismo a como lidar com o abuso de mulheres.”
“E estávamos todas cobertas de lama, alegremente dançando na chuva. E toda noite havia estrelas cadentes e beleza. Então, havia uma sensação de segurança”, diz ela.
… mas só ‘mulheres que nasceram mulheres’
Entre as participantes do festival, também estava a americana Nancy Burkholder, uma mulher trans.
Ela conta que se descobriu como trans quando tinha 28 anos — quando não conseguia mais suprimir a vontade de ser mulher.
“Pela primeira vez na minha vida, fui fazer terapia. E minhas primeiras palavras para ela foram: Eu quero ser uma garota. Simplesmente saiu. Àquela altura, eu apenas disse: Já chega, não vou viver o resto da minha vida desse jeito”, conta Nancy em entrevista ao podcast As Estranhas Origens das Guerras Culturais.
Dois anos depois, em 1983, ela fez uma cirurgia de redesignação de gênero. E, sete anos depois, viajou 30 horas acompanhada da amiga Laura para se juntar a milhares de mulheres no MichFest.
“A gente se divertiu muito”, diz Nancy.
“A gente se sentia totalmente segura… você estava cercada de mulheres e de energia de mulheres. Toda a psique do lugar fazia a gente se sentir muito confortável — sentada perto de alguém, não importando se você está nua ou sem blusa ou o que for, é parte de estar ali. As conversas… tudo parecia apenas como estar fazendo parte de um grupo de pessoas com quem você tem muito em comum.”
Elas se divertiram tanto que voltaram no ano seguinte.
Mas desta vez, logo na primeira noite, algo inesperado aconteceu. Nancy foi abordada por duas mulheres — e compartilhou no podcast o diálogo que se deu na sequência:
“A primeira coisa que essas pessoas disseram para mim foi: ‘Você sabe que o festival de mulheres de Michigan é só para mulheres’. E eu digo: Sim. E daí ela me pergunta: ‘Você é uma mulher?’ Eu digo: Sim. E ela me pergunta se eu sou transexual. E eu digo: Bom, meu histórico médico não é da sua conta, eu tenho uma carteira de motorista, eu tenho certidão de nascimento. Sou legalmente mulher como qualquer outra mulher.”
“Mas então ela disse: ‘Bom, Michigan é só para mulheres que nasceram mulheres e você tem que ir embora.. Você tem que sair, tem que sair agora’.”
Passava da meia-noite quando Nancy foi expulsa do festival.
“Comecei a sentir tipo uma devastação dentro de mim, tipo ‘não consigo acreditar no que está acontecendo’.”
“A Laura voltou, pegamos o carro e fomos embora por volta de uma e meia da manhã, eles tinham pago para ficarmos em um quarto de motel a mais de 15 quilômetros de distância. Na manhã seguinte, reservei duas passagens para voar de volta pra New Hampshire”, relembra.
Na volta, Nancy publicou um artigo de opinião no Bay Windows, um jornal LGBT de Boston. E, de acordo com seu relato, não havia nada nos materiais impressos do festival que indicassem que mulheres trans não eram bem-vindas.
Quando ela disse para a mulher que a expulsava “que havia outras trans no festival”, ela reconheceu que era verdade. E acrescentou: “A gente não pegou elas ainda. Mas a gente pegou você”.
“Quem tem o ouro faz as regras, e acho que no ano seguinte colocaram algo sobre ‘mulheres nascidas mulheres’ no material do festival. E todas sabíamos que esse era um código para dizer que pessoas trans não eram bem-vindas”, diz Nancy.
Os organizadores do MichFest afirmaram que, embora o festival fosse para mulheres nascidas mulheres, eles não tinham o hábito de ficar perguntando qual era o gênero das pessoas — e que Nancy foi a única mulher trans expulsa da propriedade na história do festival.
Um ano depois, em 1992, uma amiga de Nancy foi ao MichFest e fez uma pesquisa informal. Segundo ela, 75% das mulheres com quem tinha conversado disseram que teriam ficado felizes com a presença de Nancy.
Camp trans, um acampamento de protesto
Então, no ano seguinte, Nancy voltou. Desta vez, para o terreno do outro lado da estrada, onde ela e algumas amigas trans e da terceira onda feminista montaram um acampamento.
“Havia talvez 10 ou 15 pessoas ali reunidas. A gente tinha uma mesa com publicações, tínhamos cartazes e convidamos as pessoas de Michigan para se juntarem a nós. Voltamos no ano seguinte e fizemos a mesma coisa outra vez.”
Elas chamaram o evento de Camp Trans — e centenas de mulheres saíam do Michfest para levar comida, água e flores para elas.
“Lembro de mulheres saindo e dizendo ‘obrigado por fazer isso, você me ajudou a enxergar um outro ponto de vista’, havia muito valor nisso.”
Talvez a maior conquista do Camp Trans tenha sido em 1995, quando, com a benção do MichFest, elas entraram na propriedade acompanhadas por algumas amigas lésbicas.
O encontro que aconteceu na sequência se tornou lendário nos círculos trans, conforme documentado no curta-metragem Camp Trans, de Rhys Ernst.
Mas Nancy não estava entre elas naquela noite. Ela havia deixado o Camp Trans um ano antes. Em parte, por causa das divergências que vinham fermentando ali.
“Dentro do nosso próprio grupo, havia pessoas que estavam dizendo que deveríamos estar fazendo campanha para transexuais que não haviam feito a cirurgia (de redesignação de gênero) estarem em Michigan.”
O argumento era que mulheres trans como Nancy eram privilegiadas — ela tinha como pagar a cirurgia. Mas e as mulheres trans que não tinham condições? Elas não deveriam ser autorizadas a entrar no MichFest?
“E eu não estava confortável com isso. Só de aparecer em um espaço para mulheres com sensibilidade aguçada com um pênis seria incrivelmente perturbador para as pessoas. A visão de um pênis pode ser muito desconcertante, para mim é, eu tive um por muitos anos. Então, havia um ponto de divisão dentro do nosso próprio grupo. E, àquela altura, foi o último envolvimento que tivemos”, explica Nancy.
Ou seja, tanto entre as ativistas do Camp Trans, como entre as frequentadoras do MichFest, havia divergências e diálogo. E talvez uma base para construção.
A origem não-ofensiva da expressão ‘TERF’
Mas todas essas nuances não são claras. É só perguntar para a blogueira feminista Viv Smythe.
“Em 2008, o MichFest entrou em contato comigo para pedir ajuda na promoção do festival. E eu fiz isso. Depois disso, passei a receber vários emails furiosos com o fato de que o MichFest não permitia que mulheres trans frequentassem o festival porque era para mulheres que nasceram mulheres. Então foi meio constrangedor. E eu aprendi muito falando com várias pessoas, incluindo algumas que eram apoiadoras do MichFest. E elas não aceitavam serem chamadas de transfóbicas”, conta Viv em entrevista ao podcast As Estranhas Origens das Guerras Culturais.
Ela precisava achar então um termo para descrever no blog as mulheres do MichFest que queriam excluir as mulheres trans. E decidiu fazer uma consulta privada com cerca de uma dúzia de mulheres — algumas feministas interseccionais, outras feministas radicais e algumas poucas mulheres trans.
“Foi então que chegamos à expressão ‘feminista radical transexcludente’, que depois foi abreviada para a sigla em inglês TERF.”
A intenção, segundo ela, estava longe de ser um insulto.
“Acho que a primeira vez em que me toquei que o termo vinha sendo usado como forma de agressão ou insulto foi quando vi cenas de um vídeo, acho que feito em Londres… de protestos pró e contra direitos trans.”
O conflito era sobre como as pessoas trans deveriam ser reconhecidas por lei no Reino Unido. Atualmente, você precisa ter mais de 18 anos e provar a médicos que viveu em seu gênero de preferência por dois anos. Se eles concordarem em te diagnosticar como tendo disforia de gênero, então sua certidão de nascimento pode ser alterada.
Mas ativistas trans queriam que estes obstáculos fossem eliminados — e que as pessoas pudessem simplesmente autodeterminar sua identidade de gênero.
“Acabou havendo um conflito. E houve violência. E foi tudo realmente bastante acalorado.”
“Isso não era o que nenhuma de nós, que estávamos tentando ter um diálogo razoavelmente respeitoso em 2008, queria que acontecesse com essa palavra”, esclarece Viv.
O MichFest encerrou suas atividades em 2015. Por um lado, por motivos financeiros e, por outro, devido ao barulho e aos boicotes, segundo Bonnie, historiadora e devota do festival.
“A essa altura, Michigan tinha se tornado um símbolo de exclusão, e não uma inovação maravilhosa e radical de mulheres que não tinham outras alternativas”, afirma.
Nos últimos anos, algumas pessoas vêm dizendo que a terceira onda do feminismo está se transformando na quarta onda, influenciada sobretudo pelo ativismo das redes sociais.
Ronson pergunta a Rebecca no podcast se ela tem algum conselho para dar à próxima geração de guerreiras do movimento.
“Todo movimento social é fundamentalmente um experimento. E eu acho que todos os experimentos precisam ser rigorosamente avaliados. Se eles estiverem criando o resultado que tinham intenção de criar, então podemos seguir em frente com rapidez.”
Neste exato momento, em meio à toda a polêmica em torno dos direitos trans, pode parecer que o tom do debate está sendo dado por algumas poucas pessoas de cada lado, trazendo à tona as piores maneiras (e mais nocivas) de difamar seus oponentes.
No início dos anos 1990, Nancy apoiava totalmente o ativismo e a construção de pontes no Camp Trans. Mas ela diz que não tem mais estômago para lidar com todas as posições inflexíveis que fazem com que ela se afaste — e decidiu ficar totalmente fora desta guerra.
“Comecei a simplesmente viver minha vida. Aqueles dois grupos, trans e feministas, eles que briguem o quanto quiserem. Eu vou ficar sentada na arquibancada, comendo pipoca.”