Como ler mais em 2019? Selecionamos 8 dicas para você

A leitura não precisa ser solitária.

Por Ana Beatriz Rosa, do HuffPost Brasil

Mulheres lendo livro (Foto: LEONORA HAMILL VIA GETTY IMAGES)

A leitura é vista, na maioria das vezes, como uma atividade individual. Mas isso não quer dizer que ela precise ser solitária. Os clubes de leitura têm raízes no século 18 e remontam à ideia dos grandes salões franceses, bem como às reuniões de mulheres que marcaram a história política dos Estados Unidos.

Mas, atualmente, eles ganharam uma nova roupagem – e recebem cada vez mais adeptos reunidos com a ajuda das redes sociais. O advogado Pedro Pacífico, por exemplo, coordena o clube de leitura Book.ster no Instagram e já conta com mais de 70 mil seguidores ávidos pelas dicas de leituras e suas experiências com os textos.

Ele conta que, antes de iniciar o perfil, usava como referência a lista de livros mais populares das livrarias para escolher as suas leituras. Porém, ao começar a interagir com perfis sobre literatura no Instagram, passou a conhecer obras diferentes que nunca teria acesso sozinho.

“Com esses perfis, também aprendi a perder o medo dos clássicos e de autores considerados difíceis. Foi até por isso que criei o @book.ster. Se eu fui influenciado por perfis literários, também queria influenciar os outros. O objetivo é mostrar que um leitor comum consegue ir além dos best sellers e que tem muita recomendação boa de leituras que nem sempre chega ao grande público.”

Na rede social, ele compartilha posts praticamente diários com resenhas e dicas de leitura. Além disso, promove leituras conjuntas com seus seguidores e faz transmissões ao vivo para comentar as obras.

A interação do clube de livro virtual deu tão certo que Pacífico resolveu extrapolar as redes e criou encontros presenciais com leitores de São Paulo. Os encontros acontecem mensalmente no hub de criatividade Tucupi, localizado em uma casinha aconchegante no bairro de Vila Nova Conceição, na capital.

Lá, um grupo de cerca de 20 pessoas se reuniu em dezembro para discutir a leitura de As Meninas, um romance clássico brasileiro da autora paulistana Lygia Fagundes Telles.

O enredo é trabalhado sob a perspectiva de múltiplas protagonistas, com uma forte dose de fluxos de consciência e com uma estrutura de tempo não linear, o que torna a leitura um tanto confusa para aqueles que enfrentavam o primeiro contato com a escrita da autora.

A compreensão, então, foi facilitada por meio da mediação do advogado Pedro Pacífico, que começou antes mesmo do grupo se encontrar por meios de mensagens no WhatsApp do clube.

Clube de Leitura

Chegado o dia do encontro, o que antes pareciam dúvidas sobre a narrativa, acabaram por se tornar interpretações sobre a obra.

Na roda de conversa, surpreendia a capacidade de atenção dos leitores que se lembravam de vários detalhes do enredo e não poupavam ao contribuir com referências de suas vidas pessoais para dar novos sentidos à obra.

 

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#desafiobookster2018 . . Mês: Dezembro – Livro publicado na década de 2010 – “Machado”, Silviano Santiago (2016) . . Fim de ano chegando e com isso o Desafio Book.ster 2018 entra em seu último mês! Foi a primeira vez que fiz um desafio, mas já gostei muito. Acho que as melhores leituras desse ano foram de obras escolhidas para o desafio, ou seja, obras que eu provavelmente não teria escolhido espontaneamente. Também achei muito interessante acompanhar a evolução da literatura no século XX e conseguir criar um cenário temporal um pouco mais claro na minha cabeça sobre a publicação das principais obras desse período. Começamos em janeiro com um livro publicado entre os anos de 1900 e 1909.. agora terminamos com uma obra publicada a partir de 2010! . . O escolhido foi o vencedor do Prêmio Jabuti 2017 de melhor livro e que retrata – com uma mistura de realidade e ficção – os últimos anos do mestre da literatura nacional: Machado de Assis. Pelo que li de algumas críticas, a obra promete ser mais do que um “romance”, como indica a capa do livro, trazendo uma profunda pesquisa histórica sobre a época e sobre figuras importantes que cruzaram a vida de Machado de Assis (início do séc. XX). E para fazer isso, o autor parte da análise de cartas trocadas entre o protagonista do livro e Mário de Alencar nos anos de 1905 e 1908. Para quem não conhece, Silviano Santiago possui diversas obras publicadas, já tendo inclusive se dedicado a escrever sobre a vida de nomes importantes da literatura brasileira, como Graciliano Ramos (“Em liberdade”). Confesso que a temática da obra foge da minha “zona de conforto” literária e, por isso, estou bem curioso – e sem tantas expectativas – com o que vou encontrar! . . Além do escolhido, indico os seguintes livros publicados a partir de 2010: “Nemesis”, Philip Roth (2000); “O filho de mil homens”, Valter Hugo Mãe (2011); “O professor”, Cristóvao Tezza (2014); “Quarenta dias”, Maria Valéria Rezende (2014); “Enclausurado”, Ian McEwan (2016); e “Zero K”, Don DeLillo. . . E você, já escolheu sua leitura de dezembro? Ah, e fiquem ligados que o Desafio Book.ster de 2019 já está pronto! Divulgarei no final do mês… . . #bookster

Uma publicação compartilhada por Book.ster por Pedro Pacifico (@book.ster) em

“Gostaria que fosse mais comum esse tipo de leitura conjunta como acontece nos clubes de livro. Assim, temos acesso a várias perspectivas de uma mesma história. Acho que, hoje em dia, a leitura ainda é vista como uma atividade muito individual, mas não deveria. Inclusive, precisamos de mais políticas públicas para que essas discussões cheguem às pessoas que ainda não tiveram a oportunidade de participar de um clube do livro”, compartilha Isabelle Freitas, uma das participantes.

Além de retomarem um costume por vezes esquecido, os clubes de leitura são ótimas oportunidades de criar um compromisso e alimentar o hábito da leitura. O espaço é aberto ao leitor comum, que não necessariamente tem conhecimento técnico sobre o gênero literário, mas tem vontade de compartilhar suas impressões sobre as personagens e as emoções despertadas pela obra

Dicas para quem que ler mais em 2019

Homem lendo livro (Foto: @BURST/Nappy)

A seguir, o clube de leitura Book.Ster listou 8 dicas para quem quer retomar o hábito da leitura ou simplesmente se arriscar em novas histórias em 2019.

1. Tenha uma rotina

“Eu amadureci como leitor quando comecei a criar uma rotina de leituras. O primeiro passo foi tornar a leitura um hábito do meu dia. Ler um pouco todos os dias. No começo pode parecer difícil, mas em pouco tempo você já começa a se acostumar e a leitura se torna parte do cotidiano. É um tempo que você foca só em você.” – Pedro Pacífico

2. Separe um cantinho de sua casa dedicado a leitura

“Eu tenho um ‘lugar’ só para a leitura. É uma poltroninha confortável na varanda, deixo o meu celular longe, levo meu livro e um lápis para rabiscar as partes importantes e só. Me ajuda bastante a concentrar no meu momento.” – Isabelle Freitas

3. Aproveite o deslocamento nos transportes públicos

“Eu sempre leio no ônibus e metrô. Ajuda bastante porque seria um ‘tempo perdido’.” – Samuely

4. Tenha sempre um livro em mãos

“Eu leio enquanto tomo café da manhã, pelo menos 1 página, antes de começar de fato o dia. Antes de dormir também. E carrego para todo lado o Kindle (ou o próprio livro, se for pequeno).” – Raissa Barbosa

5. Esconda o celular

“Eu preciso esconder o celular e deixar o livro bem acessível.” – Thomas

6. Intercale os gêneros literários

“O que eu acho importante é escolher temas e gêneros bem diferentes para não se confundir com a leitura. A melhor maneira para começar é pegar um livro de ficção e outro de não ficção. Com isso, você dificilmente cansará de uma obra e você irá perceber que o ritmo de leitura melhora muito.” – Pedro Pacífico

7. Compartilhe as suas leituras

“Tenho mania de querer ler trechos que me tocam para as pessoas que estão a meu lado, contextualizo e leio. Normalmente elas não dão muita bola, acho que é por não estarem envolvidas na leitura como eu. Mas mesmo assim continuo com essa mania, me faz bem reler ou compartilhar o que estou lendo.” – Tipiti

8. Participe de um clube do livro (virtual ou não)

“Gostaria que fosse mais comum esse tipo de leitura conjunta como acontece nos clubes de livro. Assim temos acesso a várias perspectivas de uma mesma história. Acho que hoje em dia a leitura ainda é vista como uma atividade muito individual.” – Isabelle Freitas

 

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