Condenado a 170 anos de prisão, homem consegue provar inocência: ‘Liberdade é poder recomeçar, poder lutar’

Enviado por / FonteG1, por Fantástico

Carlos Edmilson da Silva tinha sido condenado por uma série de estupros. Indiciado com base apenas em reconhecimento por foto, ele passou 12 anos preso injustamente.

STJ corrigiu um erro da justiça, e mandou libertar um homem inocente. Carlos Edmilson da Silva tinha sido condenado a 170 anos de prisão por uma série de estupros, na Grande São Paulo. A polícia indiciou Carlos, um homem negro, com base apenas em reconhecimento por foto – sem prova de DNA – ele passou 12 anos preso injustamente.

“Queria só abraçar minha mãe. Liberdade é poder recomeçar, poder lutar”, diz Carlos.

A história de Carlos Edmilson com a polícia começou em 2006, quando ele teve uma condenação por furto. Depois do furto, a foto de Edmilson passou a fazer parte do cadastro da polícia. Entre 2006 e 2007, quatro mulheres foram estupradas em Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo. Edmilson estava livre quando investigadores apresentaram a foto dele às vítimas, e elas o reconheceram como autor dos estupros.

Ele ficou três anos preso até que exames de DNA provaram que ele não era o verdadeiro criminoso. Mas a foto dele continuava no cadastro da Polícia Civil. Para a polícia, Edmilson era o “maníaco” que havia estuprado mulheres em Barueri e na cidade vizinha Osasco, entre 2010 e 2012.

“A grande maioria dos reconhecimentos começou com a apresentação para essas vítimas de uma única foto de um único rapaz, que no caso era o Carlos Edmilson. No momento em que uma vítima é confrontada com uma única foto, em uma circunstância em que quem mostra a foto já dá a entender que aquela é a pessoa, a chance da vítima acreditar que está diante do agressor dela é muito grande, e foi o que aconteceu”, Flávia Raal – Advogada e Diretora Fundadora Do Innocence Project Brasil.

Com base principalmente nesta única foto, 12 promotores apresentaram as denúncias. Seis juízes julgaram os casos. E condenaram Edmilson a 170 anos por 12 estupros. Ele passou por pelo menos quatro cadeias diferentes em São Paulo.

Por 12 anos, a artesã Ana Maria da Silva visitou o filho, Edmilson, mês a mês.

“Enquanto eu puder vir, eu venho. Eu nunca perdi a fé. De madrugada tinha vezes que eu chorava. Passei a tomar, beber cachaça, de desgosto”, conta.

Na terça-feira (14), o Superior Tribunal de Justiça determinou que Edmilson fosse solto e inocentado de todas as acusações.

+ sobre o tema

Frente Favela Brasil aciona William Waack no MPF-RJ por declarações racistas

“O partido entende que não cabe mais esse tipo...

Governo francês apresenta plano de € 100 milhões contra racismo e antissemitismo

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, apresentou nesta sexta-feira (17)...

para lembrar

Com medo de ataques racistas, filhos de Angélica deixam de ir à escola

A família de Angélica está passando por momentos difíceis...

Mais de 500 indígenas protocolam no STF denúncia contra deputados racistas

Comitê de Comunicação da Mobilização Nacional Indígena - Mais de 500...

‘Coloque um branco de volta na Casa Branca’

Um apoiador do candidato presidencial republicano Mitt Romney foi...

Basta de horror e extermínio em São Paulo!

COMITÊ PAULISTA PELA MEMÓRIA, VERDADE E JUSTIÇA Ao Exmo....
spot_imgspot_img

Juízes não seguem o STF e barram cotistas em concursos de universidades com três vagas ou menos

Instituída há dez anos, a lei que reservou a negros 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos ainda enfrenta obstáculos para ser aplicada em...

Transplante bem-sucedido é exemplo para candidatos

O Rio de Janeiro inteiro, dor e delícia, tragédia e compaixão, coube na saga de dona Maria Elena Gouveia por um fígado. Moradora de...

Brasil: Relatório sobre Justiça Racial na Aplicação da Lei

Este relatório contém as conclusões do Mecanismo Internacional de Especialistas Independentes para o Avanço da Igualdade e Justiça Racial na Aplicação da Lei (EMLER,...
-+=