Na semana passada, o racismo deu as caras publicamente, através de um político de extrema-direita daAlemanha do qual é preciso fazer um esforço gigantesco e emburrecer muito para tentar compreender sua fraca, tendenciosa e viciada linha de raciocínio (se é que podemos dizer que ele raciocina). E sua agressão foi contra um jogador do Bayern: Jerome Boateng.
Por Bruno Secco Do Uol
“Para as pessoas, parece ser um bom jogador, mas eles não querem um Boateng como vizinho”.
Ainda que tentasse disfarçar, a frase de Alexander Gauland, parlamentar do Alternative für Deutschland(AfD), ganhou ampla repercussão negativa ao redor do mundo – com toda a razão. Foram poucas, mas sucintas palavras, que deixaram claro seu posicionamento e a forma como enxerga negros e também quem julga ser “diferente” dele – neste contexto entram também turcos e refugiados, dos quais ele também já manifestou repúdio e total falta de suporte.
É praticamente impossível você tentar mostrar não somente para ele, mas também para outros tantos “Gaulands” que vivem por aí, que esse pensamento é errado, retrógrado e totalmente incompatível – no caso do racista, com a idade que tem, creio que o caso seja completamente irreversível.
Atitudes visando combater este tipo de pensamento, no entanto, são mais do que bem-vindas. E Sven Petke, do Christlich Demokratische Union Deutschlands (CDU, partido da chanceler Angela Merkel), deu nesta quarta-feira (8) um exemplo gigantesco de como isso pode ser feito: foi trabalhar com a camisa 17 de Jerome Boateng, da Seleção Alemã.
Pode parecer algo pequeno, mas simboliza uma mensagem gigantesca. Seu gesto representa aconvivência, a igualdade, a aceitação (queira o racista ou não). Representa apoio ao zagueiro agredido e tantos outros que sofrem diariamente com este mal. Um verdadeiro tapa na cara de Gauland e de todos os racistas.
Sabe o que é mais legal dessa atitude? Sua origem. É que a ideia desse protesto partiu de um dos três filhos de Petke, que torce para o Bayern e tem apenas 9 anos. Gauland tem 75. São 66 anos de diferença. 66 anos que, sem dúvidas, dão uma grande mostra de que ter consciência não depende de idade.