Corpo de Armando Nogueira é velado no Maracanã

O velório do ex-diretor da Central Globo de Jornalismo e comentarista esportivo Armando Nogueira, de 83 anos, começou por volta das 14h40 desta segunda-feira (29), na Tribuna de Honra do Estádio do Maracanã, na Tijuca, Zona Norte do Rio.

O jornalista morreu por volta das 7h desta segunda-feira (29), em seu apartamento, na Lagoa, na Zona Sul do Rio, em consequência de um câncer no cérebro.

Armando Augusto Magalhães Nogueira, mais conhecido como Manduca, filho único do jornalista Armando Nogueira, chegou por volta das 14h30 no velório.

Ele contou que o estádio do Botafogo, time pelo qual o pai torcia, foi oferecido, mas a escolha pelo Maracanã se deu “porque esse era o endereço do Armando Nogueira todos os domingos”. “Ele não era cronista de um time só, era o cronista do futebol”, completou.

Muitos amigos e parentes chegam ao local para se despedir do jornalista. O vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, afirmou que Armando Nogueira mudou a linguagem do telejornalismo brasileiro.

“Armando foi um companheiro maravilhoso no plano pessoal, uma pessoa cativante, adorável. No plano profissional, Armando mudou a linguagem do telejornalismo brasileiro. A televisão começou no Brasil a partir do rádio, então tinha uma linguagem totalmente radiofônica. Armando na TV Globo construiu toda uma linguagem voltada para a televisão com um rigor fantástico na precisão da informação e na qualidade do texto, quando trouxe um padrão de qualidade. Acho que se o Jornal Nacional hoje é o ponto de encontro da maioria dos brasileiros, ele é feito por uma equipe que na grande maioria é de discípulos do Armando, foram todos formados pelo Armando. Armando deixa para nós uma inspiração, mais do que uma lembrança, uma inspiração”, disse João Roberto Marinho.

Para Alice-Maria, diretora de desenvolvimento e programas especiais da TV Globo, o jornalista foi o responsável pelo telejornalismo no Brasil.

“O telejornalismo hoje no Brasil deve principalmente a ele. Essa homenagem no Maracanã é uma coisa que o Armando Nogueira faria para uma outra pessoa. Isso é uma ideia típica do Armando Nogueira. Quando acontecia alguma coisa emocionante, como a gente ia fechar o Jornal Nacional? Ele tinha ideias brilhantes, ou fazia a gente ter”.

A secretária estadual de Esportes, Márcia Lins, afirmou que o “Maracanã é pequeno” para homenagear Armando Nogueira e que pretende inaugurar uma sala para o jornalista.

Machado de Assis da crônica esportiva
Já o jornalista e escritor Sérgio Cabral, pai do governador, contou que trabalhou com Armando Nogueira no Jornal do Brasil, em 1959, e o descreveu como um amigo querido e solidário. Cabral disse que herança Armando deixa ao jornalismo:

“Eu digo ‘meus filhos, escrevam bem, caprichem no texto, leiam bastante, porque todos têm um grande exemplo que é o Armando’. Aliás, é um exemplo ‘imorredor’. Nesse aspecto o Armando não morreu, ele continua aí para nos ensinar a escrever. Eu sempre tentei imitá-lo, mas nunca consegui. Não é a toa que ele era chamado de Machado de Assis da crônica esportiva.”

“Ele era um grande amigo, de pelo menos uns 50 anos. É uma grande perda”, disse o empresário Antônio Carlos de Almeida Braga.

O diretor de Comunicação da TV Globo, Luis Erlanger, disse que ele é o responsável pela implantação do telejornalismo: “Já tinha o jornalismo impresso, o radio, mas quem levou o jornalismo para a televisão foi o Armando, além de tudo ele levou o conceito de rede. E acho que o jornalismo mais impactante hoje é o da televisão”.

O diretor Daniel Filho disse que nos últimos 30 anos Armando Nogueira teve papel importante na sua vida profissional e também pessoal.

“Eu tive a honra de ter o Armando como conselheiro meu. O Armando deixa esse buraco na nossa vida, o conselheiro, da palavra certa, não só na escrita. Para mim o Armando não foi, ele deixou tudo na minha cabeça e no coração de seus amigos”.

Muito emocionado, o comentarista esportivo Sergio Noronha afirmou que Arnaldo tinha uma “capacidade enorme de fazer frases”. E que foi um parceiro, mestre e que não merecia o sofrimento que passou.

O enterro será realizado na terça-feira (30), às 12h, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio.

Luto oficial
O governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes anunciaram luto oficial de três dias pela morte “do grande jornalista Armando Nogueira, cujo texto se confunde com os melhores momentos do futebol brasileiro. Um acreano que, na juventude, veio morar no Rio de Janeiro e se transformou em um dos ícones do jornalismo do país”.

Biografia
Torcedor apaixonado pelo Botafogo e, em especial, pelo futebol, participou da cobertura de diversas Copas do Mundo a partir de 1954 e dos Jogos Olímpicos, a partir de 1980.

 

Armando Nogueira ao gravar com amigos um programa no Maracanã, no início dos anos 1990 (Foto: Celso de Castro Barbosa)
Armando nasceu no Acre e veio para o Rio de Janeiro com 17 anos, onde se formou em direito. A carreira de jornalista começou em 1950, no jornal Diário Carioca, onde foi repórter, redator e colunista. Ao longo dos 60 anos de carreira, passou também pela Revista Manchete, O Cruzeiro, Jornal do Brasil.

O jornalista trabalhou ainda na Rede Bandeirantes, e atualmente estava no SportTV, onde apresentava o programa Papo Com Armando Nogueira, e na Rádio CBN, onde participava do CBN Brasil.

Escreveu textos para o filme “Pelé Eterno” (2004) e é autor de dez livros, todos sobre esporte: Drama e Glória dos Bicampeões (em parceria com Araújo Neto); Na Grande Área; Bola na Rede; O Homem e a Bola; Bola de Cristal; O Vôo das Gazelas; A Copa que Ninguém Viu e a que Não Queremos Lembrar (em parceria com Jô Soares e Roberto Muylaert), O Canto dos Meus Amores; A Chama que não se Apaga, e A Ginga e o Jogo.

Fonte: G1

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