A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência Contra Jovens Negros e Pobres ouve nesta manhã (16) o diretor-executivo da Anistia Internacional, Átila Roque, e o representante da Justiça Global, Hamilton Borges. Nesta semana, em audiência na CPI, o pesquisador do Ipea Antonio Teixeira de Lima disse que o Estado brasileiro conduz uma “máquina de morte em massa” e que uma raça inteira está sendo dizimada
No Brasil 247
CPI da Violência Contra Jovens Negros ouve diretor da Anistia Internacional
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência Contra Jovens Negros e Pobres ouve daqui a pouco o diretor-executivo da Anistia Internacional, Átila Roque, e o representante da Justiça Global, Hamilton Borges.
No fim do ano passado, a Anistia Internacional lançou uma campanha chamada “Jovem Negro Vivo” para alertar as pessoas sobre o homicídio de jovens negros no País. A campanha usa os dados do Mapa da Violência.
O estudo mostra que os homicídios são hoje a principal causa de morte de jovens de 15 a 29 anos no Brasil, e atingem especialmente jovens negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos.
Em 2012, dos 56.337 mortos por homicídios, no Brasil, 53,37% eram jovens. Destes, 77% eram negros (assim considerados a soma de pretos e pardos) e 93,3% eram homens.
O Mapa da Violência 2014 mostra também que, de 2002 a 2012, o número de homicídios de jovens brancos caiu 32,3%, e de jovens negros aumentou 32,4%. Um estudo do Observatório de Favelas corrobora esses números.
“O Observatório de Favelas e do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, conjuntamente com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, produziram o estudo denominado Índice de Homicídios na Adolescência, que aponta um crescimento na estimativa de homicídios das pessoas de 12 a 18 anos no Brasil”, explica a deputada Rosângela Gomes (PRB-RJ), que pediu o debate.
De acordo com o estudo do Observatório, 3,32 jovens a cada grupo de mil correm o risco de serem assassinados antes do 19 anos, no período de 2013 a 2019.
A audiência desta manhã será realizada no plenário 14.
“Máquina de morte”
Nesta semana, em audiência na CPI, o pesquisador da área de Igualdade de Gênero e Raça da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Antonio Teixeira de Lima, disse que o Estado brasileiro conduz uma “máquina de morte em massa” e que uma raça inteira está sendo dizimada.
O Ipea estima que as mortes violentas no País fazem mais de 60 vítimas, por ano. De acordo com o Mapa da Violência (2002-2012), elaborado pelo instituto, houve redução significativa da taxa de homicídios entre os brancos, enquanto entre os negros o índice aumentou.
Neste período de 10 anos, morreram 70% mais negros que brancos.