Defendida mais autonomia da União Africana

 

O ministro angolano das Relações Exteriores, Georges Chikoti, defendeu ontem, em Malabo, a autonomia da União Africana (UA), para que não dependa de doadores e possa cumprir os seus objectivos estratégicos.

O chefe da diplomacia angolana falava à imprensa nacional no final do encontro de peritos que preparou a reunião de ministros da UA, que decorre hoje na capital equato-guineense. A reunião ministerial antecede a 17ª sessão da Conferência da União, entre quinta e sexta-feira.

“É necessário que se reflicta sobre a autonomização da União Africana, para que ela possa ter meios e recursos suficientes que garantam a sua autonomia. Actualmente a União Africana depende essencialmente dos doadores porque não consegue prover o seu próprio orçamento”, lamentou Georges Chikoti, para quem essa situação condiciona a materialização dos seus objectivos estratégicos e de outros que pretenda realizar.

Por isso, disse, foi criado um painel composto por eminentes personalidades do continente que vai trabalhar para a elaboração de um relatório que trace as vias que a UA pode utilizar para angariar recursos para o seu funcionamento.

O ministro criticou o tema escolhido para a cimeira de Malabo – “Acelerar a capacitação da juventude para o desenvolvimento sustentável”. Reconheceu que a UA pretende dedicar alguma importância à juventude, por se considerar que é “a elite do amanhã”, mas defendeu que os trabalhos da organização continental deviam merecer uma melhor preparação e os próprios jovens têm de ter mais participação nas iniciativas.

“Nota-se que viemos aqui (Malabo) com um tema escolhido mas que não reflecte aquilo que discutimos (na reunião de peritos). Por outro lado, há aspectos discutidos agora que, apesar de serem importantes, podiam ter sido abordados antes”, considerou.

Tribunal Penal Internacional

Georges Chikoti afirmou que o funcionamento do Tribunal Penal Internacional (TPI) foi um dos assuntos discutidos na reunião de peritos. Os Estados-membros da UA, disse, estão preocupados com o carácter selectivo na apreciação de casos ou na formulação de acusações deste tribunal. Lembrou que apenas 31 dos 53 Estados-membros da UA aderiram ao TPI. Acrescentou que muitos destes países ponderam a sua retirada deste tribunal, enquanto outros defendem a introdução de juízes africanos no quadro de magistrados. Em suma, sublinhou Chikoti, estes Estados querem uma maior coordenação, para se evitar o carácter selectivo do TPI.

Estes e outros assuntos, como a situação prevalecente na Líbia, podem ser discutidos na cimeira da UA, em que Angola participa com uma delegação a ser chefiada pelo Vice-Presidente da República. Fernando da Piedade Dias dos Santos, que é aguardado na quarta-feira em Malabo, representa no encontro o Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos.

Malabo está preparada para acolher o encontro. As principais avenidas da cidade estão engalanadas com as bandeiras e fotografias dos 53 Estados-membros. Tendo em conta a ordem alfabética, a bandeira da República de Angola e a fotografia do seu Presidente são das primeiras.

 

 

Fonte: Jornal de Angola

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