Entidades se unem em ato na Faculdade de Direito do Largo São Francisco em apoio ao Projeto de Lei que acaba com salvo-conduto para mortes cometidas por policiais
Nos últimos 30 anos, o Brasil atingiu mais de 1 milhão de assassinatos, grande parte deles praticados pela polícia militar. Mesmo com os números alarmantes e os casos de abuso sendo divulgados todos os dias, essas mortes não são investigadas, pois, graças a um instrumento herdado da Ditadura, os chamados “autos de resistência”, os maus policiais têm salvo-conduto para matar sem apuração dos crimes.
Por isso, um grupo de entidades ligadas aos Direitos Humanos, Juventude e Movimento Negro, diversas instâncias do governo e parlamentares organizaram um ato em apoio à aprovação do PL 4.471/12. O evento será realizado em São Paulo, no dia 3 de abril, às 18h30, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco e contará com a participação de artistas, movimentos sociais e autoridades.
A denominação “autos de resistência” para mortes em confronto com policiais, tornou-se comum para encobrir homicídios praticados pela PM. Em 2011, 42,16% das mortes foram registradas como autos de resistência nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Em 2012 cerca de 540 pessoas foram mortas em confronto com a PM, apenas no estado de São Paulo.
O desaparecimento de Amarildo, no ano passado, a morte do garoto Douglas e da faxineira Claudia, todos moradores de comunidades pobres, são exemplos da prática da PM no cotidiano das periferias.
Quatro parlamentares apresentaram na Câmara o Projeto de Lei 4471/12 de autoria do deputado Federal Paulo Teixeira (PT-SP), que propõe que ações criminosas praticadas por policiais sejam submetidas à investigação e acaba com a denominação “autos de resistência”. Se aprovado, o PL institui que as mortes decorrentes de confronto com a polícia sejam registradas como “lesão corporal (ou morte) decorrente de intervenção policial”.
Além disso, o PL 4.471/12:
– Obriga a preservação da cena do crime;
– Obriga a realização de perícia e coleta de provas imediatas;
– Define a abertura de inquérito para apuração do caso;
– Veta o transporte de vítimas em “confronto” com agentes, que devem chamar socorro especializado; essa medida, já adotada no estado de São Paulo, diminuiu o número de mortes em 39%;
– Substitui os “autos de resistência” ou “resistência seguida de morte” por “Lesão corporal decorrente de intervenção policial” e “Morte decorrente de intervenção policial”.
Ato em apoio do PL 4.471/12:
Quando: 3/4/2014
Horário: das 18h30 às 22h
Onde: Faculdade de Direito do Largo São Francisco – Centro Acadêmico XI de Agosto
Endereço: Rua Riachuelo, 194 – próximo ao Metrô Sé.
São Paulo – SP
Fonte: Seppir