Dilma diz que tucanos são “lobos em pele de cordeiro”

Em primeiro evento após deixar o governo, petista afirma que oposição é “anti-Lula”

Apesar de subida de tom, ex-ministra diz que PT não vai fazer uso de “terrorismo, crítica baixa, desrespeito e pessoalização” na disputa

Em seu primeiro ato público após deixar o governo, Dilma Rousseff subiu o tom de suas críticas aos tucanos. Procurou colar no pré-candidato do PSDB, José Serra, a imagem de representante de oposição ao dizer que os aliados do ex-governador “são e sempre foram anti-Lula” e representam “lobos em pele de cordeiro”.

 

Fora da Casa Civil há seis dias, a pré-candidata do PT à Presidência recebeu ontem em evento o apoio do PR (Partido da República), ocasião em que chamou a oposição de “forças do atraso”, acusando-a de ter governado somente para os ricos e de ter “quebrado” o país.

 

Apesar do tom duro, a ex-ministra disse que o partido não irá patrocinar “terrorismo”, “crítica baixa, desrespeito e pessoalização” na campanha.

“São lobos em pele de cordeiro, fáceis de identificar. Muitas vezes as mãozinhas de lobo aparecem debaixo da pele. Num dia, dizem que vão continuar o trabalho do presidente Lula; no outro, mostram as patinhas de lobo e aí ameaçam acabar com tudo”, disse, repetindo a acusação de que a oposição ameaçou acabar com o PAC e com o Bolsa Família.
“Muito antes de eles poderem encenar o enredo do pós-Lula, eles são e sempre foram anti-Lula”, disse Dilma, numa referência ao discurso ensaiado nos últimos dias por Serra.

 

Em outra linha de ataque também já usada pelo PT, a ex-ministra afirmou ainda que os tucanos “quebraram o Brasil” e foram responsáveis pelo “chamado voo de galinha”, quando a economia não apresenta crescimento sustentável.

 

“Estamos juntos na luta para não deixar que aqueles que sempre governaram o país para os ricos voltem para excluir os pobres”, acrescentou.

 

No primeiro ato partidário de apoio a Dilma, o ex-ministro Alfredo Nascimento (Transportes) assumiu a presidência do PR. O PC do B fará o mesmo depois de amanhã, mas os apoios só serão oficializados em junho, quando os partidos realizarão suas convenções.
Ontem, Dilma trocou por duas vezes o nome do novo ministro dos Transportes, Paulo Sérgio -chamou-o de Paulo César- e derrubou um copo de água involuntariamente em jornalistas. Ela fez elogios ao PR, afirmando que o partido é aliado “imprescindível”.

 

O ex-governador Anthony Garotinho, pré-candidato no Rio, afirmou que recebeu de Dilma a garantia de tratamento igual ao que será dado ao candidato governista, Sérgio Cabral (PMDB), governador do Rio.

 

Apesar disso, o comando dilmista dava ontem por cancelada a ida da petista ao Rio no próximo sábado, dia em que Serra estará em Brasília lançando oficialmente sua campanha. Dilma deve participar de um evento ao lado de Lula.

 

Mais cedo, em entrevista a rádios, Dilma adotou a estratégia de corresponsabilizar Serra pelo racionamento de energia de 2001 e 2002.
“Houve uma falha intrínseca do planejamento. Os responsáveis estão em todos os ministérios que tinham ligação com a área, tanto o Ministério do Planejamento quanto o de Minas e Energia”, disse Dilma em entrevista à rádio Jovem Pan.

 

No dia anterior, ela fizera o mesmo questionamento em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, ao questionar o que Serra havia planejado no período em que comandou o Planejamento (1995 e 1996).

 

Dilma tenta diferenciar o racionamento da gestão dos adversários do apagão que afetou 18 Estados em novembro passado. Para ela, o problema hoje não está na produção de energia, mas na distribuição.

 

Mas na época ela foi blindada pelo governo e evitou compromissos para não ter que dar explicações.

 

 

 

 

Fonte: Folha de S.Paulo

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