Diretor de editora é investigado por racismo na Flip

A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu ontem (28) um processo de investigação para apurar uma denúncia de discriminação racial contra uma trabalhadora de uma das casas da programação parceira da Festa Literária Internacional de Paraty. O caso foi levado pela vítima à delegacia, mas, segundo a corporação, o delegado titular da 167ª Delegacia de Polícia (Paraty) registrou a ocorrência como fato atípico. O termo significa que a ocorrência não está tipificada criminalmente.

Do Terra 

Foto: Bruno Poletti/Folhapress

“Segundo o delegado titular, foi realizado um registro de ocorrência de fato atípico, visto que, segundo a autoridade policial, não ficou vislumbrado de plano [no momento do registro de ocorrência] a existência de dolo subjetivo e vontade de injuriar”, diz nota enviada pela assessoria de imprensa da Polícia Civil, que acrescentou que “o caso segue sendo investigado”.

O jornal O Globo noticiou na sexta-feira que Sara Cristina Trajano da Silva, funcionária da editora Patuá, denunciou ter sido discriminada pelo diretor da editora da PUC-SP (Educ), José Luiz Goldfarb. Ambos participavam da programação da Casa do Desejo, espaço parceiro da programação principal.

De acordo com a reportagem, Sara conta que Goldfarb disse que “era por causa de pessoas da cor dela que o mundo estava assim”. O jornal carioca também ouviu o editor, que negou ter dito a frase preconceituosa e afirmou ter criticado o autoritarismo de pessoas progressistas.

Em nota, a Flip se posicionou repudiando “todo e qualquer ato de violência, racismo e discriminação”. “Diante do fato, [a Flip] recomendou aos organizadores da Casa do Desejo que peçam substituição do representante da editora PUC-SP em seu espaço. A organização da festa literária seguirá no acompanhamento do caso nos próximos dias”, completa a nota.

A Casa do Desejo também se manifestou por meio de nota e disse estar dando todo o apoio à colaboradora “que foi desrespeitada enquanto trabalhava para que o evento pudesse acontecer”, narra o texto. “Racismo é um crime que precisamos combater e estar sempre vigilantes”.

*O repórter viajou a convite da EDP, empresa patrocinadora da Flip. 

+ sobre o tema

Grupo de ativistas combate impunidade em casos de violência policial na periferia

Richard, Caique, Rogério... As vítimas da polícia em São...

Diário do isolamento social, o guru

alceu é funcionário público, seu hobby e ler jung...

Judoca Rafaela Silva recebe destaque do COI em campanha contra o racismo

Comitê celebra, junto com a ONU, o Dia Internacional...

para lembrar

Eu Apoio o Tarifa Zero – Marilena Chaui

A professora e filósofa Marilena Chaui apresenta seus...

Aquela que volta

Eu tive grandes sortes este ano, encontros até prováveis,...

Como foi estar na aula de Angela Davis sobre humanidade?

O plano inicial era redigir este texto em formato...

Jovem é vítima de racismo por não aceitar namorar com rapaz

Após não ter interesse correspondido rapaz fez vários insultos...
spot_imgspot_img

PM que executou jovem negro no Oxxo com tiros pelas costas vai a júri popular

A Justiça de São Paulo decidiu nesta terça-feira (25) que o policial militar (PM) Vinícius de Lima Britto, que executou um jovem negro em São Paulo (SP) com...

Polícia pede prisão de policial reformado que baleou Igor Melo

A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro pediu a prisão do policial militar reformado Carlos Alberto de Jesus, que baleou o jovem jornalista Igor Melo,...

Ataques racistas contra a juíza Helenice Rangel não podem ficar impunes

"Magistrada afrodescendente" com "resquício de senzala" e "memória celular dos açoites". Estes são alguns dos termos ofensivos desferidos pelo advogado José Francisco Barbosa Abud contra a...
-+=