Diretora da ONU diz que iniciativa privada deve ser responsável por ações de igualdade de gênero

Brasil é destaque no relatório “Progresso das Mulheres no Mundo 2015-2016: Transformar as economias para realizar os direitos”

POR JULIANNA GRANJEIA, do  O Globo 

 

SÃO PAULO – A diretora regional da ONU Mulheres para América Latina e Caribe, Luiza Carvalho, afirmou que a iniciativa privada tem papel fundamental para a igualdade de gênero. O órgão divulgou ontem uma agenda de políticas para transformar as economias e acelerar a igualdade de gênero.

No relatório “Progresso das Mulheres no Mundo 2015-2016: Transformar as economias para realizar os direitos”, o Brasil é destaque por seu papel na geração de trabalho digno para as mulheres. Segundo o órgão, de 2001 a 2009, a participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro subiu de 54 para 58%. Além disso, foi ampliada a cobertura de proteção social com empregos com carteira assinada.

Questionada pelo GLOBO, se a crise econômica e política atual que o país enfrente poderia prejudicar esse desenvolvimento, Luiza afirmou que acredita que o caminho é irreversível.

— Estes desenvolvimentos devem ser irreversíveis. A igualdade de gênero é um compromisso do Estado, envolvendo o governo, congresso, sociedade civil e setor privado, entre outros. Os avanços no desenvolvimento econômico das mulheres dependem muito do setor privado, e é aí que nós esperamos ver as mudanças positivas nos próximos anos. Um Estado pode tomar qualquer ação, mas em última análise, o setor privado tem um papel fundamental. Por esta razão, queremos ver mais mulheres na sala de reuniões, mais mulheres nas carreiras tradicionalmente masculinas, os processos de recrutamento e seleção, sem discriminação e garantia de licença maternidade para que a licença parental para juntar-se — afirmou a diretora.

Entre as barreiras que restringem atualmente o avanço das mulheres ao pleno gozo dos seus direitos econômicos e sociais, Luiza cita a carga desproporcional de tarefas domésticas e de cuidado não remunerado, que pode ser até cinco vezes maior do que a os homens; a informalidade no de quase 60% do total do emprego e as lacunas nos salários entre homens e mulheres.

Os salários das mulheres são, em média, 24% inferiores aos dos homens, em todo o mundo, segundo o relatório. A Ásia Meridional tem a maior desigualdade: 33%, enquanto que o Oriente Médio e a região Norte da África têm o menor: 14%. Na América Latina e Caribe a diferença é 19%. No Brasil, a diferença fica em 25%.

A diretora também afirmou que ainda neste mês será publicado uma versão regional do relatório que traz dez prioridades para intervenção de políticas públicas para nortear os países.

— O decálogo do relatório global propõe um mapa geral rota para transformar as economias no sentido da igualdade de gênero. Cada país é responsável por definir as políticas específicas para atingir esse objetivo de forma eficaz e que realmente funciona para homens e mulheres. Em poucos meses, teremos uma versão regional do presente relatório. Isso nos permitirá criar uma plataforma e linhas de base a partir da qual podemos monitorar o progresso, juntamente com outras partes interessadas, incluindo governos, sociedade civil, entre outros. A evidência demonstrada no relatório é clara: os países que registaram progressos nos direitos das mulheres têm muito mais forte positivo nas famílias economias, maiores taxas de desenvolvimento econômico e social, e os impactos e as novas gerações.

 

+ sobre o tema

Negras e negros estão mais próximos do feminismo do que brancos no Brasil, aponta pesquisa

Datafolha também mostra que quase metade dos homens evangélicos...

Beyoncé usa sampler de discurso feminista de Ronda Rousey em show nos EUA (VÍDEO)

Beyoncé, que comemorou seu 34º aniversário na última sexta-feira,...

Aulas sobre “masculinidade” diminuem índices de violência contra a mulher

Para pesquisadores, meninos devem ser ensinados sobre os aspectos...

para lembrar

O ego frágil dos homens

Eles não conseguem encarar suas fraquezas, muitos menos contá-las por...

Islândia é o primeiro país a proibir pagar salário inferior a mulheres

Desde 1º de janeiro, organizações governamentais e empresas do...

ONU Mulheres ensina o caminho para “chegar” sem forçar a barra no Carnaval

Fluxograma da paquera usa bom humor por mais respeito...
spot_imgspot_img

No Dia para Eliminação da Discriminação Racial ONU reforça importância de investir em mulheres negras

No Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial, 21 de março, ONU defende investimento em mulheres negras como caminho para o progresso. A campanha "Investir...

Comissão da Mulher na Câmara Municipal de SP é formada apenas por homens

A comissão responsável por discutir políticas públicas para as mulheres na Câmara Municipal de São Paulo é formada unicamente por homens. A Comissão de...

Empoderamento econômico das mulheres negras é tema de Geledés na ONU

Participam do evento de Geledés a ministra das Mulheres, Aparecida Gonçalves, a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, a diplomata do Itamaraty, Rafaela Fontes,...
-+=