Discrição e firmeza são marcas do primeiro mês do governo Dilma, dizem analistas

Opinião de todas as tendências é de que a presidenta é firme sem perder a ternura

 

 Após um mês de governo da presidente Dilma Rousseff, cientistas políticos  apostam em um governo mais voltado para a administração pública. Ainda sem saber quais serão os rumos da política adotada pela sucessora do ex-presidente Lula, analistas afirmam que o estilo mais concentrado, discreto e enfático de Dilma mostram características positivas para um país que precisa de alguém que se dedique à gestão pública.

Em pouco tempo, Dilma Roussef mostrou diferenças claras no jeito de governar em relação a Lula, seu antecessor. Para o professor da UnB João Paulo Peixoto, a mudança, inicialmente, é positiva. “Foi uma mudança no estilo de governo. A administração pública foi por muito tempo politizada. Esse estilo dela [Dilma] de ser concentrada, discreta, vai fazer um bom contraponto na gestão. Até agora, tem sido uma surpresa.”

Segundo o cientista político do Insper, Carlos Melo, Dilma tem demonstrado uma diferença muito grande em relação ao Lula também pelo momento em que o país vive. De 2003 pra cá, o cenário político se redesenhou depois que o PT conquistou a confiança do país. “Ele [Lula] precisou dar credibilidade na época para governar. Talvez agora os fundamentos que tenham ficado obriguem ela [Dilma] a ser mais uma coordenadora gerencial do que estar na linha de frente, fazendo política e aparecendo na TV.”

O perfil político também contribui para essa diferença no estilo de governar. “Enquanto o Lula fez política na massa, ela [Dilma] fez durante a gestão”, afirma Carlos Melo. O que não significa que eles rompam o laço político. Pelo contrário. “A perspectiva é de que continuem juntos, até para suprir o que ela não tem e vice-versa”.

“Outro aspecto é que Dilma tem sido bastante avessa às concessões. Ela já começou com um enfrentamento contra a sua base, não só com o PMDB, como também com o próprio PT. Ela [Dilma] também tem sido menos tolerante com as dissonâncias no governo”, o que é positivo, na avaliação do cientista político.

Salário Mínimo

Em algumas questões mais polêmicas, como o aumento do salário mínimo, os cientistas políticos ouvidos pelo UOL Notícias acreditam que será um grande desafio para o seu governo. Para Carlos Melo, o fato de ela se basear em dados na hora de falar “não dá” significa que não vai abrir mão.

Nos discursos, Dilma também tem demonstrado isso. Durante uma entrevista coletiva em Porto Alegre (RS), na última sexta-feira (28), a presidente declarou: “O que nós queremos saber é se as centrais querem ou não a manutenção desse acordo pelo período do nosso governo”, avisou. “E se querem, o que nós propomos é R$ 545”. As centrais sindicais, no entanto, defendem o valor de R$580.

O professor da UnB João Paulo Peixoto aposta que os sindicatos vão desafiá-la. E, apenas depois disso será possível fazer uma avaliação mais profunda a respeito do novo governo.

Agenda política

Para Carlos Melo, o silêncio sobre as reformas pode significar lados opostos. “Ou ela vai colocar aos poucos, sem estardalhaço, para fazer uma reforma sem parecer que é, ou simplesmente não tem agenda.”

No entanto, segundo Peixoto, Dilma já mostrou indisposição para as reformas institucional, trabalhista, tributária e econômica. “Ela jogou um balde de água fria em um momento que precisava agir, e ainda com maioria no Congresso. Dilma terá que optar pela ideologia ou pelo pragmatismo”.

Fonte: Correio do Povo

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