Para atendente, oportunidades de emprego são maiores para os homens.
Estudo da OIT aponta que desocupação é maior entre a população negra.
Descontente no último trabalho, a atendente Alessandra Santos de Oliveira, de 20 anos, decidiu se arriscar e pediu demissão sem ter emprego em outro lugar garantido. Agora, luta para voltar ao mercado. “Não está fácil. Tem muita gente para pouca vaga.”
A jovem, que vive na região de Santana, na Zona Norte de São Paulo, acredita que as mulheres são preteridas em relação aos homens. Isso, segundo ela, ocorre pela variedade de serviços oferecidos em ramos tradicionalmente masculinos, como construção e segurança.
Um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado nesta quinta-feira (19) aponta que a taxa de desocupação feminina é superior à masculina em todos os estados do Brasil.
Outro fato que Alessandra lamenta é o preconceito por parte de alguns empregadores. “Nunca ninguém disse que não me contratou por eu ser negra, mas tem vezes que te olham de cima para baixo e decidem escolher a moça do lado, que é loirinha”, afirma.
Para conseguir vencer tanto o preconceito quanto as dificuldades de disputar vagas com homens, ela pretende fazer cursos profissionalizantes. “Já tenho o colegial completo. Com um curso de informática, eu posso conseguir mais chances.”
Carolina de Souza, de 15 anos, não vê a hora de
estrear sua carteira (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Moradora de Cidade Tiradentes, na Zona Leste de São Paulo, a estudante Carolina Santiana de Souza, de 15 anos, não vê a hora de estrear sua carteira de trabalho.
Há um ano procurando vaga nos Centros de Apoio ao Trabalho (CATs), da Prefeitura de São Paulo, ela espera conseguir logo algum serviço no ramo de restaurantes e, com isso, ficar a um passo de realizar um sonho profissional: se tornar chef de cozinha.
Ela, porém, considera que a busca não será fácil. “Mulher tem bem menos oferta de emprego. E, por eu morar longe, também dificulta.” A construção do estádio do Corinthians em Itaquera, também na Zona Leste, lhe dá esperança. “Acho que a região vai crescer.”
Questionada sobre o preconceito, ela disse que a discriminação, infelizmente, é comum, porém velada. “Não dizem na cara que não te contratam por ser negra. Eles falam só que você não se encaixa no perfil da vaga.”
Problemas históricos
O relatório divulgado pela OIT nesta quinta-feira (19) sobre o trabalho no Brasil aponta que problemas históricos do país ainda persistem, como o fato de as mulheres, os negros e os jovens terem menos oportunidades e salários do que os homens brancos com mais idade, além de ainda haver trabalho escravo e desigualdades regionais no Brasil. O levantamento engloba o período de 2005 a 2009.
De acordo com o estudo, em todos os estados do país a taxa de desocupação feminina era superior à masculina, chegando a alcançar 10,7 pontos percentuais de diferença em Roraima no ano de 2009 (15,4% entre as mulheres e 4,7% entre os homens).
Segundo a OIT, a desocupação era maior entre a população trabalhadora negra (9,4%) comparativamente à branca (7,3%). Entre as mulheres negras, assumia um valor ainda mais expressivo (12,8%), sobretudo se comparado à taxa correspondente aos homens brancos (5,5%). Entre as trabalhadoras negras sergipanas a taxa de desocupação alcançava 17,6%.
Em 2009, informou a OIT, a proporção de mulheres adolescentes e jovens que não estudavam nem trabalhavam (24,8%) era o dobro da proporção de homens na mesma situação (12,1%).
Fonte: G1