Como eu vejo a Flip de longe, porém fascinada…

A décima edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), encerrada no dia 8 último, foi sucesso, mais uma vez, compartilhado por 25 mil pessoas! Durante uma década não consegui “fazer um tempo” para presenciá-la ao vivo e a cores. Acompanho-a pelos jornais, pela TV e pelos e-mails que recebo da Flip, desde a sua primeira edição.

Por: Fátima Oliveira

Como a escritora Inês Pedrosa, autora dos romances “Fazes-me Falta” e “Os Íntimos”, avalio que “os festivais literários, como se sabe, viraram moda. Muitas vezes me pergunto se alguém tem ainda tempo para ler livros, no meio de tanta peregrinação entre debates e conferências. A literatura é o antiacontecimento por excelência, a arte que sussurra a eternidade dos sentimentos e ações humanas, sob as aparências. Os festivais são o oposto disso: luz, palco, evento, atualidade. Editores, livreiros, políticos e promotores alegam que os festivais ampliam o número de leitores. Sendo otimista por desespero ou impaciência (depende dos dias), quero acreditar que sim”.

A autora arremata que “festivais literários são um paradoxo porque convertem em espetáculo uma arte que transcende as aparências. O que sobra deles? Na melhor das hipóteses, a felicidade” (in “A Festa do Antiacontecimento”, Bravonline, agosto de 2011). Concordo. Não tenho apenas simpatia pela Flip, considero-a um ponto de revitalização da literatura, de divulgação do fazer literário e de sensibilização para a leitura.

Segundo Luciano Martins Costa, “a Flip costuma atrair muitas dezenas de profissionais de imprensa todos os anos, além de escritores e, claro, leitores de livros. Não se trata de um congresso de literatura, mas de uma celebração da leitura literária. Também é uma oportunidade para as editoras entrarem em contato direto com amostras significativas do mercado de livros e, para os escritores, que conseguem furar a barreira do ineditismo e do anonimato, trata-se de gozar as dores e delícias da celebrização…

Se há uma palavra que define a Flip, essa palavra é “diversidade”. Como num grande bazar, pode-se (sic.) ouvir ali os gritos que anunciam todos os tipos de mercadorias literárias, que em tese representam o melhor da produção mais recente desses criadores que supostamente adivinham o mundo” (in “Festa Literária Internacional de Paraty – Um Sentimento de Inferioridade Cultural”, Observatório da Imprensa, 11.7.2011).
Admiro a inglesa Liz Calder, que idealizou, em 2003, a Flip – sem dúvida o mais importante acontecimento/encontro literário brasileiro, inspirador de dezenas de outros de diferentes portes pelo país afora, impulsionando a retomada das feiras de livros. Liz Calder descreve a Flip do seguinte modo: “Nosso modelo é o festival de Hay-on-Wye, no País de Gales, mas decidimos evitar o que considero o principal problema dos encontros literários na comunidade britânica: três ou quatro palestras simultâneas. Em Paraty, isso não acontece e ninguém corre o risco de perder alguma boa conversa”.

Liz Calder diz mais: “A Flip tornou-se uma instituição… Não esperávamos que, em tão pouco tempo, virasse uma referência também no exterior”. Ela tem razão. No entanto, há gente que vocifera que a Flip não tem importância, além de ser um ponto de badalação. Fico abismadamente pensativa quando ouço alguém falar que a Flip não é tão valiosa quanto parece ou deveria ser. A Flip se autodenominou festa literária, algo em si de muita beleza. E fico feliz só de pensar que a literatura dá uma festa que arrasta muita gente, que paga para estar lá.

 

Fonte: O Tempo

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