Diva Guimarães, professora que comoveu a Flip ao falar de racismo, morre aos 85 anos em Curitiba

Enviado por / FontePor g1 PR

Diva Guimarães nasceu no interior do Paraná, e vivia em Curitiba. Discurso dela na Flip viralizou na internet.

A professora aposentada Diva Guimarães, que emocionou milhares de brasileiros ao discursar sobre preconceito durante a 15ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) de 2017, morreu no sábado (11), aos 85 anos.

O corpo dela foi cremado na tarde deste domingo (12).

No discurso da Flip, Diva disse que “um negro pra estudar e pobre passa por muitas humilhações”. Ela era formada em Educação Física. No discurso, a professora levou o ator Lázaro Ramos, um dos palestrantes do evento, às lágrimas.

O vídeo, na época, viralizou na internet e teve milhões de visualizações. 

Diva nasceu no distrito de Serra Morena, em Uraí, no norte do Paraná. Filha de parteira e de empregado de estrada de ferro, ela optou por não casar e nem ter filhos.

Partida

Nas redes sociais, o ator Lázaro Ramos lamentou a partida da professora.

“Até o final, a sua presença me ensinou alguma coisa, como, por exemplo, a importância da amizade. Ver suas amigas com a senhora, lhe apoiando, te levando alegria e conforto até o fim, foi emocionante demais. Obrigada por inspirar tantas pessoas com sua história. Sim, estou triste mas junto também tem a memória de todo o seu carinho, força e inspiração que sei compartilho com muitas pessoas”, escreveu.

Emoção na Flip

Na sessão da Flip, Diva contou que era neta de escravos relatou uma vida de dificuldades impostas pelo racismo e pela intolerância.

“Se o branco é 100%, o negro tem que ser 1.000%. Tem que estar muito acima para se igualar. A saída é essa: ler, estudar muito para conseguir driblar a situação”, comentou a professora.

Ela declarou ainda que, quando era mais nova, sofreu preconceito de forma explícita e que, continuava sofrendo o mesmo absurdo, mas de forma velada.

Durante a sua fala no evento, a aposentada também citou problemas na educação pública brasileira e deu uma lição de vida ao lembrar dos ensinamentos da falecida mãe.

“A gente era pobre e a minha mãe, pra que eu pudesse estudar, me mandou para um colégio, que tinha uma tradição no Paraná, à época, das missões, onde as freiras passavam e recolhiam as crianças e as pessoas com mais idade em troca de estudo”, disse.

+ sobre o tema

África pop da Imperatriz quer exaltar o negro e combater o preconceito

Carros coloridos têm inspiração em trabalho de artista e...

Letras e vozes femininas

O programa ABCD em Revista, da TVT, foi...

ONU relembra vítimas da escravidão em evento na Assembleia Geral

Uma cerimônia da Assembleia Geral, realizada nesta segunda-feira, marcou...

para lembrar

Jefferson tenta ser 1º goleiro negro a ganhar Copa com Brasil

MARTÍN FERNANDEZ ENVIADO ESPECIAL A TORREÓN Jefferson, 28,...

Estudantes do Rio combatem machismo e racismo com projeto transformador

Com o título Solta esse Black, alunas da Escola Municipal...

Eu sou admirador confesso de Luiz Gama, o patrono do abolicionismo no Brasil

Atribui-se a Luiz Gama uma frase que reverbera forte no imaginário...

Denzel Washington ajudou a pagar os estudos de Chadwick Boseman

Ator nem sabia que ajudaria o futuro astro de...
spot_imgspot_img

Você já foi à Pequena África?

Você já foi à Pequena África? Não? Então vá! Às vésperas dos 137 anos da abolição da escravatura (em 13 de maio de 1888), tomo a liberdade de...

Com apoio do BNDES, iniciativa Viva Pequena África lança edital de R$ 5 mi para seleção de projetos culturais

Instituições interessadas podem se inscrever de 5 de maio a 5 de junho Apoio financeiro varia de R$ 50 mil a R$ 500 mil por...
-+=
Geledés Instituto da Mulher Negra
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.