E a mãe amarrando entre as mãos um lenço-que um dia já fora branco- coalhado de lágrimas incrédulas pergunta: – E agora, o que farei sem meu filho?
O menino tem/tinha 15 anos é/era morador de uma das muitas e tantas grotas plantadas nas periferias periféricas da grande Maceió e foi morto- acidentalmente- por uma bala perdida. O menino é/era preto e filho único. O menino é/era preto e pobre e morreu entre duas esquinas de uma rua sem saída. Metáforas que atropelam histórias.
O menino, aos 15 anos, agora é um cadáver! E o racismo que ceifa vidas investe-se de novas máscaras. Fatalidade- dirão alguns.
A essência da cidadania para os meninos pretos e pobres, em Alagoas é de regra- a violência extremada. Falta-lhes o direito inexorável de se tornarem velhos. A morte mantém um diálogo assíduo e insistente com os meninos pretos é a cidadania para estes, em Alagoas é invisivel.
O etnicismo- a partir da matriz hegemônica do predomínio e privilégios- dos poderes constituídos, em Alagoas nega- acintosamente- aos meninos pretos e pobres o acesso à vida com o selo de qualidade.
Jovens pretos em Alagoas são como filhotes nascidos da exclusão e de maneira escancarada são exterminados na renovada evolução do apartheid.
O poder branco das terras dos Marechais expulsa- cotidianamente e sistematicamente- o acesso da população preta alagoana à sua histórias. Salve, salve Quilombo dos Palmares, a primeira República Livre e Negra da América Latina.
Dia após dia, a máquina racista do estado negro de Zumbi continua fabricando púberes cadáveres. Anônimos, naturalizados e esquecidos.
E, o Plano Juventude Viva?
Por: Arisia Barros
Fonte: Cada Minuto