É hora de estancar a destruição nacional

Enviado por / FontePor Comissão Arns, no UOL

Desde a sua fundação, em 2019, a Comissão Arns, composta por pessoas de diferentes coloraturas políticas, tem atuado de forma apartidária, mantendo-se longe das disputas eleitorais. No entanto, dada a gravidade do momento, hoje ela vem a público pedir um gesto firme da cidadania: não votar no candidato Jair Bolsonaro.

Esta tomada de posição não é simples, porém, a urgência faz a hora: 156 milhões de eleitores brasileiros estão prestes a se manifestar sobre os destinos da Nação da qual são parte, na qual acreditam e onde existe um futuro a ser construído para o bem de todos. Portanto, é chegada a hora dizer um sonoro “sim” à democracia e um definitivo “não” a qualquer desvio autoritário.

Não se trata aqui de jogar com palavras fortes, porque a realidade as tem superado desde que Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República. Os anais legislativos guardam o registro do parlamentar medíocre e controvertido que ele foi, anos a fio. No entanto, desde que vestiu a faixa presidencial, em janeiro de 2019, este senhor iniciou um novo capítulo em sua biografia, ocupando-se da implantação de um projeto de poder personalista, autoritário, com efeitos deletérios para o país. Projeto iniciado com ataques aos indígenas já no primeiro dia de governo, franca declaração de intenções de que direitos fundamentais seriam pisoteados.

A partir de então, multiplicaram-se casos de assédio raivoso contra as mulheres, os quilombolas, as pessoas LGBTQIA+, assim como aos jornalistas, cientistas, intelectuais e artistas, achincalhados no exercício de sua profissão. O país, enfermo e com fome, assistiu ao negacionismo do governante promotor de cloroquina, cujo legado é o triste recorde de 690 mil óbitos na pandemia de Covid-19. Assistiu às suas manobras para colocar cabresto na Polícia Federal, na PGR, no COAF, no TCU, dando blindagem a si e a seus familiares. Assistiu à pressão feita sobre ministérios, não para alinhá-los a um projeto nacional, mas para submetê-los a interesses de grupos e quadrilhas que promovem a degradação ambiental e o desvio de recursos de áreas essenciais, fora a derrama bilionária para comprar apoio político, conhecida como Orçamento Secreto. Fomos testemunhas do desprezo com que o presidente, ignorante sobre o Brasil e o mundo, tratou e ainda trata a diplomacia brasileira, outrora tão respeitada, transformando Brasil em pária internacional.

Vimos o ataque continuado às instituições. Desde o desmantelamento dos conselhos de representação da sociedade civil, até o aparelhamento de órgãos fiscalizadores, como IBAMA e FUNAI. Vimos a cooptação de setores das Forças Armadas, desviados de suas funções de Estado para se por a serviço dos anseios golpistas do presidente. Vimos o bufão repetindo o gesto de “arminha” a cada dia, facilitando a compra e o porte de armamento por civis, o que amplia o risco da violência praticada por seus apoiadores extremistas. Por fim, mas não menos importante, vimos as ameaças gravíssimas e repetidas ao Supremo Tribunal Federal, banhadas em discurso de ódio e pregando a ameaça maior – ruptura democrática.

Elementos não faltam para configurar a mais crua realidade: o Brasil não pode continuar a ser degradado pela sanha autoritária de Jair Bolsonaro, objeto de 160 pedidos de impeachment bem guardados pelo presidente da Câmara. É preciso estancar o processo de destruição nacional. Hora de sair de casa e ir às urnas eletrônicas cravar o voto de cada uma e cada um, reafirmando o direito de viver em um país onde haja justiça, tolerância, respeito, oportunidades para todos, crescimento sustentável e paz. Hora de dizer não a Bolsonaro.

Margarida Genevois, presidente de honra da Comissão Arns

José Carlos Dias, presidente da Comissão Arns

Em nome de todos os membros fundadores da Comissão Arns

+ sobre o tema

INSS notificará beneficiários vítimas de descontos a partir de terça

A partir desta terça-feira (13), os aposentados e pensionistas que sofreram...

Pepe Mujica e o compromisso radical com a democracia 

A morte de Pepe Mujica marca um ciclo raro...

Brasil sobe 5 posições no ranking global de desenvolvimento humano, aponta relatório da ONU

O Brasil subiu cinco posições no ranking global do Índice...

para lembrar

Discurso de Barack Obama no Rio de Janeiro

Na sequência de vídeos o discurso de Obama feito...

Cidadania: Advogado ganha indenização de R$15 mil por pegar trem da CPTM lotado em São Paulo

A Justiça paulista condenou a CPTM (Companha Paulista de...

Obama visitará Brasil, Chile e El Salvador entre 19 e 23 de março

  Washington, 18 fev (EFE).- O presidente dos EUA, Barack...

Mulheres negras presidem pela primeira vez Comissões de Direitos Humanos em três Estados no Brasil

A deputada estadual Leninha (PT-MG), Renata Souza (PSOL-RJ) e...

Estudo aponta riscos de tecnologias de reconhecimento facial

Sorria! Seu rosto está sendo não só filmado, mas também classificado, comparado e identificado, principalmente por órgãos públicos de segurança. Na maioria das vezes sem seu conhecimento....

Desigualdade climática: estudo aponta que população mais pobre sofre consequências maiores por causa do calor

ASSISTA A REPORTAGEM A desigualdade social dificulta o acesso das pessoas à direitos básicos e, além disso, também afeta diretamente a maneira que cada grupo...

Quilombolas pedem orçamento e celeridade em regularização de terras

O lançamento do Plano de Ação da Agenda Nacional de Titulação Quilombola foi bem recebido por representantes dessas comunidades. Elas, no entanto, alertam para a necessidade...
-+=
Geledés Instituto da Mulher Negra
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.