Brasil: etnocracia branca contra a maioria negra
Vários crimes de racismo contra negros provocaram manifestações públicas, em 2020. A visibilidade da violência racial fez reemergir a consciência de que o racismo ainda prevalece no Brasil. Os negros estão ausentes de todas as carreiras de poder - legislativo, judiciário, ministério público, forças armadas, jornalismo, docência universitária, postos executivos nas empresas. Na periferia, a polícia militar impõe um apartheid contra os negros, produzindo o maior número de execuções sumárias do mundo. O racismo voltou a ser atribuído ao legado da escravidão, como se o passado se prolongasse automaticamente para o futuro. Para evitar esse flagrante anacronismo, talvez devêssemos recorrer ao conceito de etnocracia, trabalhado pela cientista política Kate Cronin-Furman, do University College, de Londres: "um sistema político no qual as instituições do Estado tradicionalmente servem os interesses de um grupo étnico politicamente dominante". Aqui, os brancos. No Brasil supostamente democrático, os aparelhos repressivos do Estado - polícia, justiça, prisões - servem para proteger ...
Leia mais