Nota pública da Comissão Arns sobre a Operação Escudo no Guarujá (SP)

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns vem a público manifestar a sua profunda preocupação com a “Operação Escudo”, desencadeada após a morte de um policial militar na cidade do Guarujá, em São Paulo. A morte do policial não pode ser tolerada, exigindo ação rigorosa por parte das autoridades, porém dentro dos estritos limites do Estado de Direito.

O elevado número de mortes de “suspeitos” no bojo da referida operação, neste último fim de semana, assim como denúncias de torturas praticadas contra membros da comunidade, inclusive adolescentes, além de ameaças de retaliação contra a população civil, exige imediata investigação, não apenas das autoridades policiais, mas também do Ministério Público, com amplo acompanhamento da sociedade civil e dos órgãos federais responsáveis pela garantia dos direitos humanos.

Causou perplexidade a manifestação do Governador do Estado, Tarcísio de Freitas, bem como do Secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, em defesa da operação, mesmo antes do resultado das devidas apurações. De acordo com o governador, “não houve excesso, houve atuação profissional”. Conclusão a que ele apenas poderia chegar após a realização de investigações rigorosas e independentes. Esse tipo de endosso a priori da conduta policial apenas contribui para a flexibilização dos tão necessários controles sobre atividade policial.

O governo de São Paulo envidou nas últimas décadas um enorme esforço para a construção de uma política segurança pública mais efetiva, em conformidade com os imperativos do Estado de Direito. O resultado foi a acentuada redução nos índices de homicídios, assim como uma importante redução da letalidade policial, fazendo de São Paulo o estado mais seguro da Federação.

Toda essa trajetória de profissionalização das polícias e de qualificação do sistema de Justiça e Segurança Pública não pode ser colocada em risco. A falta de controle da atividade policial apenas fortalecerá o crime organizado, colocando em risco a integridade da população. Basta olhar para outras unidades da federação onde a violência e a corrupção policial caminham de mãos dadas com as milícias e o crime organizado.

+ sobre o tema

STF forma maioria para validar lei que expulsa empresa por escravidão em SP

O plenário do Supremo Tribunal Federal formou maioria, nesta...

União Africana classifica escravidão e regime colonial de genocídio

Líderes de países africanos deram um novo passo na...

Quilombolas pedem maior participação em debates sobre a COP30

As comunidades afrodescendentes e quilombolas pedem mais espaço nos...

para lembrar

Lula vai ao STF para que seja cumprida determinação da ONU sobre sua candidatura

Os advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Zanin...

As mudanças no Brasil virão das mulheres, dos negros e do Nordeste

Recolhidos os destroços, detritos e escombros da era Bolsonaro,...

Este País está doente: Por Eugênio Aragão

Este País está doente. Por Eugênio Aragão Do Conversa Afiada Quando se...

Obama se despede no Twitter e anuncia fundação

Barack Obama se despediu da presidência dos Estados Unidos...

Imposto de Renda 2025: prazo começa nesta segunda; veja mudanças e quem precisa declarar

O prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda 2025 começa nesta segunda-feira (17) e se estende até 30 de maio. Vídeo: Imposto de Renda...

Tribunais dizem que Trump não é rei

Na política ninguém renuncia ao poder voluntariamente. Essa premissa levou os arquitetos do constitucionalismo moderno a engendrarem sistemas de freios e contrapesos, de forma...

Musk sugere anistia para policial que matou George Floyd

O bilionário Elon Musk sugeriu repesar a condenação da Justiça contra Derek Chauvin, o policial que assassinou George Floyd, em 2020. O agente que...
-+=