“É preciso enfrentar a causa social da violência”, diz Sílvio Humberto

Enviado por / FonteJornal Massa

Vereador de Salvador fala sobre atuação da polícia e problemas da segurança pública

O vereador de Salvador, Sílvio Humberto (PSB), falou ao Portal MASSA!, em entrevista exclusiva, sobre a atuação da Polícia Militar da Bahia, hoje apontada como a de maior letalidade no país. Segundo o parlamentar, é preciso atacar “as causas sociais da violência”.

É preciso enfrentar as causas sociais da violência, que passa pela educação pública de qualidade, escola em tempo integral, acesso aos bens culturais, assumir o papel central

Sílvio também saiu em defesa da implantação das câmeras nos uniformes da Polícia Militar, medida já anunciada pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) e que pode ser testada ainda em agosto.

“Esse título de maior taxa de letalidade que, infelizmente, nós temos, há que se perguntar como reduzir. Fizemos projetos de indicação, um deles foi a câmera nos fardamentos. Em São Paulo e outros lugares que implantaram, foi observado o aumento da eficiência da polícia e a redução da letalidade. É isso que precisamos aprofundar e fazer com celeridade, e também avançar nas causas sociais da violência”, afirmou o vereador.

Sílvio Humberto ainda frisou a necessidade de um debate profundo sobre as feridas sociais da política de drogas. O vereador afirmou que o tema complexo precisa ser abraçado pelo município, pelo estado e pela União.

“Tem que se enfrentar um debate sério e profundo diante da complexidade que é a política de drogas. Não tem fórmula mágica, vai ter que ter muito trabalho. A Prefeitura tem que se envolver, o Estado, o governo federal […] É uma situação complexa e tem que ter a denúncia, a investigação, a operação trazendo a inteligência policial, a gente não pode considerar que é bem sucedida uma operação quando tem corpos”, disparou Sílvio, que ainda apontou o racismo estrutural dentro das organizações responsáveis pela segurança pública.

Tem que se enfrentar um debate sério e profundo diante da complexidade que é a política de drogas. Não tem fórmula mágica, vai ter que ter muito trabalho

“O racismo que está fora também está dentro da cultura organizacional e precisa ser discutido. É preciso enfrentar o racismo institucional e pensar em uma outra política de enfrentamento às drogas. Elas vão renovando e se sofisticando. Nós combinamos o velho racismo de eliminar fisicamente, e o outro que é a mesma juventude que está entrando nas universidades e vai servindo de alvo, vai vivendo prisioneiro dessa violência”, completou o vereador.

O parlamentar soteropolitano ainda colocou como prioridade o investimento em educação pública para combater o avanço da violência , assim como um comprometimento geral da sociedade para debater o tema.

“É preciso se debruçar nesses números e saber o que nos lugares onde tem menor letalidade, como procede, quais as ações são pautadas. Precisa desse envolvimento, porque segurança pública não é só polícia. É preciso enfrentar as causas sociais da violência, que passa pela educação pública de qualidade, escola em tempo integral, acesso aos bens culturais, assumir o papel central, e precisa de um envolvimento da sociedade, que você vai envolver o que cabe à Prefeitura, Estado e governo federal […] A gente não pode criminalizar a juventude. Você precisa de investimentos reais, você não faz políticas públicas sem financiamento. Mais do mesmo não está resolvendo”, disse Sílvio Humberto.

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