Encontro marcado

O longaBirdman,dirigido pelo mexicano Alejandro González Iñárritu, levou 4 estatuetas Oscar. Melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro original, melhor fotografia. Gostei da premiação, porque me comovi e me identifiquei com a personagem principal da história: um ator, diretor, dramaturgo que acredita profundamente naquilo que faz.

Por Fernanda Pompeu Do Yahoo

Mesmo quando quase todos a sua volta duvidam do êxito de sua empreitada.Birdman, o homem-pássaro, insiste em bater asas até depois de ser enxovalhado e ameaçado por uma poderosa crítica teatral – personificada em uma loura gelada. Ela deixa claríssimo que o diretor e sua peça não passarão pelos portais da glória.

Ele dá uma resposta emocionante (não conto pra não aguar o vinho de quem pretende ver o filme). Ao terminar de assistir, fiquei pensando que o que mais machuca a gente não é o não do inimigo, do estranho. O que mais fere é o não dos amigos, dos pares, dos próximos. Mesmo que seja em nome do querer bem, muitas vezes, a avaliação negativa mais estraga do que conserta. Mais mata do que viceja.

Lembro a ocasião em que jovenzinha disse para minha avó Cosette que eu desejava ser escritora. Ela opinou: “Escrever é hobby. Algo que se faz aos fins de semana. Você deve arrumar uma profissão séria e deixar de brincadeira”. Foi decepcionante ouvi-la, pois tudo o que sempre quis, e sigo querendo, é ser escritora. Se um jovem contasse para mim que deseja ser músico e não advogado ou vendedor, eu falaria: “Vai ser barra pesada, mas se é o seu firme querer, vai fundo. Talvez você faça sucesso, talvez não. Talvez ganhe dinheiro, talvez viva duro o resto da existência. Tanto faz! O importante quando a gente tem uma obsessão é procurar oportunidades de transformá-la em algo de valor para nós mesmos e – oxalá – para os outros.

No filme, o homem-pássaro está sem dinheiro, sem moradia decente, sem investimentos. Tudo o que ele tem é aquela peça de teatro. Mas isso é verdade apenas num primeiro olhar. Pois o cara tem força interior tremenda, consegue até mover objetos. Ele sabe que tem que seguir com o seu projeto. É um comportamento raro na sociedade atual. Pois estamos presos à glorificação do sucesso e à demonização do fracasso. Como se fossem valores absolutos e excludentes. Há quem ache que fracassou porque seguiu a própria voz e não a dos outros. Mas tem quem se considere vitorioso por batalhar a difícil guerra de ser ouvido.

+ sobre o tema

para lembrar

APAN participa de audiência pública para debater futuro das políticas afirmativas no audiovisual

No próximo dia 3 de setembro, quarta-feira, a Associação...

Condenação da Volks por trabalho escravo é histórica, diz procurador

A condenação da multinacional do setor automobilístico Volkswagen por...

Desigualdade de renda e taxa de desocupação caem no Brasil, diz relatório

A desigualdade de renda sofreu uma queda no Brasil...

Relator da ONU critica Brasil por devolver doméstica escravizada ao patrão

O relator especial da ONU para formas contemporâneas de...

ECA Digital

O que parecia impossível aconteceu. Nesta semana, a polarização visceral cedeu e os deputados federais deram uma pausa na defesa de seus próprios interesses...

ActionAid pauta racismo ambiental, educação e gênero na Rio Climate Action Week

A ActionAid, organização global que atua para a promoção da justiça social, racial, de gênero e climática em mais de 70 países, participará da Rio...

De cada 10 residências no país, 3 não têm esgoto ligado à rede geral

Dos cerca de 77 milhões de domicílios que o Brasil tinha em 2024, 29,5% não tinham ligação com rede geral de esgoto. Isso representa...