A Estação Primeira de Mangueira virá para o carnaval de 2024 com um enredo que vai homenagear uma das torcedoras mais ilustres da escola: a cantora e compositora Alcione.
Com “A negra voz do amanhã”, a escola da Zona Norte do Rio de Janeiro, que conquistou o quinto lugar no desfile do ano passado, mostrará a história da “Marrom”, como é conhecida, assim como a relação dela com a música e a cultura do estado onde nasceu, o Maranhão.
“Eu nunca pensei que iria virar aquela Marquês como enredo. Eu quero que Deus me ajude”, afirmou Alcione, emocionada com a homenagem.
O enredo é assinado pelos carnavalescos Guilherme Estevão e Annik Salmon. Eles destacam que a história de Alcione é também a história da transformação na figura feminina através dos tempos.
“Alcione é um grande símbolo do feminino brasileiro e acho que ela representa, a partir de seus 50 anos de carreira, a evolução desse olhar das mulheres para elas mesmas”, disse Guilherme Estevão.
Outro destaque do enredo é que a cantora e compositora fundou a Mangueira do Amanhã, ao lado de Dona Zica e Dona Neuma, em 1987.
“É um orgulho muito grande que dá na gente”, destacou Alcione.
Atualmente, a presidente é Evelyn Bastos, rainha de bateria da escola-mãe. Ela tem a responsabilidade de fazer com que o espaço siga revelando talentos.
“Eu sempre achei as mulheres do samba as mais bonitas do mundo e queria ser como elas. Eu falo isso desde os 6, 7 anos de idade. Eu tive a oportunidade de ser a rainha da bateria da Mangueira do Amanhã, além de princesa. Em 2005, eu pulei para a mãe. Fui passista, musa, até chegar ao cargo de rainha de bateria”, destacou Evelyn.
O samba-enredo que a escola levará para a Sapucaí foi escolhido em uma festa na quadra no dia 8 de outubro. A parceria vitoriosa foi a dos compositores Lequinho, Júnior Fionda, Gabriel Machado, Fadico, Guilherme Sá e Paulinho Bandolim.
Confira a letra:
Xangô chama Iansã
Que a voz do amanhã já bradou no Maranhão
Tambor de Mina, encantados a girar
O divino no altar, a filha de toda fé
Sob as bênçãos de maria, batizada Nazareth
Quis o destino quando o tempo foi maestro
Soprar a vida aos pés do velho cajueiro
Guardar no peito a saudade de mainha
Do reisado a ladainha, São Luis o seu terreiro
Ê bumba meu boi! Ê boi de tradição!
Tem que respeitar Maracanã que faz tremer o chão
Toca tambor de crioula, firma no batuquejê
Ô pequena feita pra vencer
Vem brilhar no Rio Antigo, mostra seu poder de fato
Fina flor que não se cheira não aceita desacato
Vai provar que o samba é primo do jazz
Falar de amor como ninguém faz
Nas horas incertas, curar dissabores
Feito uma loba impor seus valores
E seja o pilar da esperança
Das rosas que nascem no morro da gente
Sambando, tocando e cantando
Se encontram passado, futuro e presente
Mangueira! De Neuma e Zica
Dos versos de Hélio que honraram meu nome
Levo a arte como dom
Um brasil em tom marrom que herdei de Alcione
Ela é Odara, deusa da canção
Negra voz, orgulho da nação
Meu palácio tem rainha e não é uma qualquer
“Arreda homem que aí vem mulher”
Verde e rosa dinastia pra honrar meus ancestrais
Aqui o samba não morrerá jamais