Escola em tempo integral sem estrutura pode ampliar desigualdade

Governo de João Doria quer implantar escolas integrais na rede pública de ensino médio regular. Professores e estudantes criticam falta de diálogo e temem que instituições em áreas mais vulneráveis sejam prejudicadas

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Foto – Zanone Fraissat – Folhapress

São Paulo – O governo João Doria (PSDB) anunciou que pretende transformar 100 escolas estaduais de ensino médio regular, em São Paulo, em escolas de ensino integral. Segundo a Secretaria de Educação do estado, a oferta do Programa de Ensino Integral contemplaria 500 mil novos alunos nessa modalidade, um aumento de 32% em relação ao que é oferecido hoje. Mas, para especialistas na área, o que seria uma boa notícia pode ser, na verdade, uma medida precipitada.

Em entrevista ao repórter Jô Miyagui, do Seu Jornal, da TVT, a gerente de projetos do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Anna Helena Alterfender, apontou que a política pública desenhada pelo governo Doria desconsidera os problemas de infraestrutura nos colégios e não promove o diálogo com a comunidade e os professores. “Para que a política seja mais efetiva e eficaz é fundamental que as pessoas envolvidas sejam ouvidas”, defende.

A deputada estadual Maria Izabel Noronha, a Bebel, (PT-SP), presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) diz não ser contra a escola em tempo integral, mas acredita que a prioridade deveria ser o ensino fundamental – da 1ª ao 9º ano –, ao contrário do que propõe o governo para os anos terminais, fase em que os alunos começam a ir para o mercado de trabalho. “Nós temos desigualdades sociais. E quando o estudante está na idade de trabalhar, o pai manda trabalhar. Então se o ensino ficar em tempo integral, (ele) vai acabar saindo da escola e vai para o mercado de trabalho e depois voltará para fazer Educação de Jovens e Adultos (EJA)”, analisa a deputada que agenda uma conversa com o secretário estadual de educação, Rossieli Soares da Silva, para apresentar a proposta da comunidade escolar, professores e estudantes.

Dois anos atrás, o Cenpec fez uma pesquisa sobre a política de ensino médio em quatro estados, incluindo São Paulo, e concluiu que, dependendo das condições, o ensino em tempo integral pode aumentar a desigualdade social, favorecendo as instituições em áreas menos vulneráveis.

Assista à reportagem da TVT

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