Espaço Público? Manifestações livres sobre qualquer assunto

Por Leno F. Silva

A esquina da Av. Paulista com a Rua Augusta recebe diariamente milhares de pessoas. São distintos perfis de cidadãos que circulam pela área de segunda à sexta-feira, num ritmo frenético de trabalho em um dos pontos da cidade que ainda concentra importantes instituições financeiras.

Uma das mais tradicionais é o Banco Safra, cujo prédio discreto, de granito marrom, vidros fumês e logomarca cor de laranja está instalado há um bom tempo e, de certa maneira, já se transformou em um ponto de referência importante.

A partir da noite de sexta-feira o mesmo local altera radicalmente a sua dinâmica e os tipos de frequentadores. Cada vez mais a calçada larga da avenida coração de São Paulo é ocupada por skatistas que fazem manobras radicais entre os transeuntes; candidatos a instrumentistas usam o espaço para apresentar repertórios nem sempre conhecidos e inúmeros performáticos têm ali um palco livre para várias manifestações.

É saudável ver tanta gente transitando ou simplesmente encontrando amigos antes de seguir para as baladas. Ocorre que a administração de um dos bancos mais sólidos do mundo, fissurada por segurança, decidiu impedir que aos finais de semana o povo ocupe a sua calçada. É triste ver aquelas grades limitando a liberdade de acesso das pessoas que fazem daquela esquina um lugar público, em que a diversidade é visível e tribos diferentes coexistem de forma pacífica.

A meu ver, com essa atitude, o Banco Safra perde uma oportunidade de se aproximar das pessoas e de contribuir para que o passeio seja um espaço de convivência entre todos e não uma área reservada para alguns ou como, neste caso, para ninguém. Essa prática combina muito bem com a frieza do granito marrom da fachada do prédio e com o vazio do cercadinho impedindo que a vida pulse ali. Por aqui, fico. Até a próxima.

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