Alunos que estavam em aula quando professor fez brincadeira que causou reação de DCE consideram reação exagerada
por Rodrigo Müzell, do Zero HoraPorto Alegre
A repercussão dada a uma brincadeira feita em aula pelo professor de Direito da PUCRS Fábio Melo de Azambuja — que gerou um pedido de providências do diretório acadêmico à universidade — fez com que alunos promovessem, na manhã desta sexta-feira, um ato em desagravo ao docente.
Alunos foram à aula de preto e, no intervalo entre as aulas, aplaudiram o professor quando ele saía de uma das salas. Azambuja, em uma classe de Direito Empresarial III, na quarta-feira, disse que leis “são como mulheres, feitas para serem violadas”. O aluno Luan Sanchotene, incomodado com o que considerou uma declaração que “incita a violência”, compartilhou no Facebook a frase. A manifestação na rede social motivou uma reunião de estudantes do Diretório Central (DCE) com a diretoria da universidade para que uma sindicância fosse aberta.
Na manhã de sexta-feira, a aluna Júlia Scheirr, do sétimo semestre de Direito, que organizava o ato em apoio ao professor, disse que estava na aula e que as queixas tiraram o comentário do contexto.
— Não estamos defendendo a piada, longe disso, que foi infeliz. Sou mulher, achei a brincadeira infame, mas foi uma brincadeira. Estamos em defesa do professor, que é maravilhoso e querido por todos. Quando ele disse aquilo, ninguém se manifestou. Se a pessoa se ofendeu, poderia ter dito no ato, em vez de postar nas redes sociais. Pessoas que não estavam na aula retiraram a frase do contexto — afirmou.
Victória Lopes, também do sétimo semestre, disse que uma carta feita por estudantes que consideraram demasiada a repercussão será enviada à secretaria e à coordenação do curso de Direito. Para ela, a reação à piada foi “muito radical” e a maioria dos alunos não entendeu a frase como apologia ao estupro.
— Acreditamos que foi uma exposição que afetou a vida passada dele. E também foi desnecessária. Todo ato em defesa do direito da mulher é válido, mas não quando se torna radical — disse.
Integrante do DCE da PUCRS, Paula Volkart considerou a ocorrência “grave”. Ela disse que deve ser aberta uma sindicância para apurar os fatos.
— Foi um ato de misoginia e machismo, uma apologia ao estupro dentro da sala de aula, e o DCE mantém uma posição que é contra as opressões. Depois disso, outras pessoas vieram até nós e relataram casos que aconteceram com o mesmo professor. Sabemos que é muito difícil que ele seja afastado, mas é importante que a PUC se posicione em relação a isso — avaliou.
O professor Azambuja foi procurado por Zero Hora em sua casa e escritório, da manhã até o fim da tarde de quinta-feira, mas não foi localizado para comentar o episódio. A universidade, em nota, disse que “os fatos já estão sendo averiguados pela Faculdade de Direito, que irá ouvir o professor e, conforme as informações coletadas, tomar as medidas cabíveis para o caso. A PUCRS e a Faculdade de Direito não compactuam com qualquer manifestação ofensiva”.
Foto: Júlia Scheirr / Arquivo Pessoal
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