Uma abordagem da equipe de segurança da PUC Minas chamou a atenção dos estudantes, na noite desta segunda-feira (11), no campus Coração Eucarístico da PUC Minas, na Região Noroeste de Belo Horizonte. A denúncia é de ação truculenta contra um jovem negro, suspeito de cometer furtos no local.
Em nota, a universidade disse que os seguranças detiveram o suspeito que, de modo reincidente, vem furtando e danificando materiais e equipamentos de segurança contra incêndio na instituição. Leia abaixo a íntegra do comunicado.
De acordo com o boletim de ocorrência, o rapaz cortou vários objetos retirados das mangueiras de hidrantes da universidade. Samuel da Silva Fonseca, de 21 anos, estava com um estilete e usaria os produtos furtados como mercadoria para revenda em um ferro-velho, no Centro da capital.
Os seguranças da PUC Minas contaram à PM que perceberam a atitude suspeita do rapaz. Quando Samuel notou que estava sendo perseguido, tentou fugir, mas foi alcançado pela equipe (veja no vídeo aqui).
As imagens mostram três homens, uniformizados, agindo contra o suspeito. Dois deles acompanham o terceiro, identificado como Erlon Santos, segurança da PUC Minas. Erlon imobiliza Samuel, segurando o braço dele para trás, exercendo pressão com um dos joelhos nas costas do suspeito.
Samuel grita, pedindo para soltar o braço dele. Algumas pessoas passam ao lado e ignoram a abordagem. Um dos seguranças, de camisa azul claro, se aproxima e chuta o suspeito na região do abdome. Samuel volta a gritar. O segurança que o chutou também grita, ordenando que o rapaz se calasse. Já dominado, o suspeito diz que não vai correr. Nesse momento, um outro segurança, que aparece de costas, pisa na mão esquerda do suspeito.
Protesto
Estudantes consideraram que houve excesso do uso de força contra Samuel. Gabriel Luna, estudante de pedagogia da PUC Minas, afirmou que ação foi truculenta por parte da segurança da universidade.
“Isso, para nós, evidencia um despreparo muito grande da segurança da PUC, que deveria guardar o patrimônio e cuidar da segurança dos estudantes. Nada justifica a violência, sobretudo quando é de parte da segurança, dessa forma tão brutal. A universidade é comunitária, tem dever e compromisso com a comunidade acadêmica e comunidade externa. Por ser uma universidade católica, que defende as bases humanistas, a gente ficou assustado de ver o posicionamento da universidade sobre o ocorrido”, relatou.
Gabriel participou de um ato antirracista na PUC Minas, denunciando a atitude dos seguranças contra Samuel. Os estudantes querem um posicionamento da reitoria e pedem que, além de punição para os seguranças envolvidos, haja um treinamento com ação mais humana, sem agressões, como a ocorrida nesta segunda-feira.
O que diz a PUC Minas
Leia a íntegra da nota:
“Na manhã dessa segunda-feira, dia 11.05, os funcionários do Setor de Operações e Segurança do campus Coração Eucarístico da PUC Minas detiveram um homem que, de modo reincidente, vem furtando e danificando materiais e equipamentos de segurança contra incêndio na Universidade. Foi a quarta vez que tal situação se deu. Na manhã de ontem, ao ser surpreendido novamente pelos seguranças, armado com uma faca, o homem reagiu e atacou os funcionários. Como orienta a própria Polícia Militar nesses casos, ele foi imobilizado até a chegada dos policiais. Tratava-se de uma situação de risco para os funcionários e todos as pessoas no local, haja vista que os furtos acontecem dentro dos prédios. Lamentamos o ocorrido, mas cabe à Universidade zelar pela proteção de seus equipamentos de prevenção e, em especial, pela segurança da comunidade universitária.
Pró-reitoria de Logística e Infraestrutura da PUC Minas”
O que diz a Polícia Civil
Em nota, a Polícia Civil informou que Samuel foi conduzido na tarde desta segunda-feira à Central Estadual de Plantão Digital, onde foi ouvido pela autoridade policial e ratificada a prisão em flagrante por furto qualificado e resistência. Ainda segundo o comunicado, ele foi encaminhado ao sistema prisional, onde permanece à disposição da Justiça.