Um grupo de estudantes do movimento negro Educafro invadiu, na manhã desta segunda-feira (9), a sede do Ministério da Fazenda, em Brasília, e faz protesto também na frente do Ministério da Educação. Na Fazenda, são cerca de 30 pessoas e exigem audiência com o ministro Joaquim Levy, sob a ameaça de permanência no prédio e greve de fome, caso não sejam recebidos.
Do A Tribuna
No MEC, o protesto ainda é pacífico, sem bloqueio da entrada do prédio para servidores como ocorre na Fazenda. Também lá, eles querem reunião com o ministro da pasta, Cid Gomes, até as 14 horas. No MEC, o protesto é feito por cerca de 20 pessoas.
Liderados pelo frei franciscano David Santos, os manifestantes vieram de São Paulo. Eles protestam por ações do governo que garantam benefícios à população negra, sobretudo na área de educação. Uma das reclamações do grupo é sobre a limitação de gastos do Ministério da Educação que, segundo eles, afetará principalmente a secretaria voltada para estudantes negros, quilombolas, indígenas e camponeses. É uma forma de “esvaziamento” da secretaria, afirmam.
Eles ainda criticam a decisão do MEC de impor a nota de corte de 450 pontos para ingresso de estudantes ao Fundo de Financiamento do Ensino Superior (Fies) e a falta de representatividade de negros no governo Dilma. “A Dilma foi eleita com a maioria do voto negro e não escolheu nenhum negro para seus ministérios. Para nós, a Sepir não conta”, disse Frei David, referindo-se à Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, comandada pela pedagoga Nilma Lino Gomes, que é negra.
Na reclamações, o grupo também faz referência à indicação que Dilma fará para substituir o ex-ministro Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal. Para eles, o STF brasileiro não pode ser o Supremo da Dinamarca, formado apenas por brancos. “Vai ser um tapa na nossa cara, se Dilma escolher para o STF um branco”. Eles também não aceitam que Dilma não coloque nenhum negro no segundo escalão.
Além de reivindicar maior número de autoridades negras no governo, o grupo também critica os ajustes que Dilma tem feito na economia e os impactos na corrupção no País. “Não aceitamos que os mais pobres sejam as primeiras vítimas da crise econômica gerada pela corrupção”, disse o frei.
Os servidores da Fazenda estão do lado de fora do prédio por causa da manifestação e policiais militares chegaram ao local para reforçar a segurança.