Exposição em São Paulo com artistas negras celebra a obra de Carolina Maria de Jesus

Enviado por / FonteG1, por Jornal Nacional

Escritora retratou o duro cotidiano das favelas brasileiras na década de 1960.


A jovem nunca tinha visto uma máquina de escrever, mas sabia o que fazer.

“Vivências, os sofrimentos que a gente sabe, que a gente passa. Então, ler e ver a visão de outra pessoa é muito bom, dá uma sensação de representatividade e conexão”, conta a estagiária de psicologia Mayara Aguiar Saldanha.

Rita de Cássia sabe datilografar, mas não acreditava que as palavras podiam ter tanta força.

“Eu até me emocionei eu até me emocionei ali com o que eu li. Ela está trazendo para a gente toda a ancestralidade a força a resistência, não somente da mulher, mas da mulher negra”, contou Rita de Cássia de Souza, professora de português.

Carolina de Jesus aparece vestida para a carreira internacional, bordada fio a fio, ou no traço da pintora que não enxerga.

A artista é Antônia, nossa artista maravilhosa. Essa estética que ela criou da memória e realiza na escuridão uma outra força de mundo”, diz a curadora da exposição, Thaís de Menezes.

Como a menina retrata em um dos quadros, pode-se chegar bem perto de uma das maiores artistas do Brasil.

A 3ª edição da exposição inspirada na obra da escritora, cantora e compositora desembarcou em São Paulo, cidade onde a autora de ‘Quarto de Despejo’ viveu e fez história.

Com só dois anos de estudo, os registros diários da vida em uma das maiores favelas de São Paulo ganharam o mundo nos anos 1960. Carolina deixou mais de 5 mil páginas escritas, entre romances, poemas e canções.

Uma das artistas escolhidas para expor resume: “Carolina, para mim, sempre foi um grande exemplo na questão do protagonismo. Ela contou sua própria história”, diz Soberana Ziza.

As pessoas vão à exposição para ver Carolina de Jesus, mas acabam conhecendo outras onze artistas negras na expressão das dores, alegrias e sonhos. A partir daí, todos se veem Carolina de Jesus. No detalhe de um cenário, na impressão de uma memória, no trecho de uma história. Esse era o objetivo das curadoras.

“A Carolina vive um pouquinho dentro de cada um de nós, nas nossas vivências, nas nossas lutas diárias, e a gente precisa diariamente continuar a mostrar nossa potência e não nossa vulnerabilidade, assim como a Carolina fez”, diz outra curadora da exposição, Vera Nunes.

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