Extra é condenado por abordagem contra cliente negra: “questão racial”

Mulher negra teve bolsa revistada enquanto ia comprar pão e ganha processo contra gigante

FONTEFórum, por Yuri Ferreira
Cliente foi abordada em um Mini Extra e denuncia motivação racial. Reprodução/Foursquare/CCBYSA

Uma decisão em primeira instância da Justiça condenou o Extra por abordagem indevida contra uma cliente negra que foi vítima de uma abordagem constrangedora motivada pela “questão racial”.

A empresa foi condenada a indenizar em R$ 12 mil a vítima por conta da abordagem. Ela estava indo comprar um pão em uma unidade do Mini Extra em Santo Amaro, bairro na Zona Sul de São Paulo, quando foi abordada por um segurança que pediu para ver a bolsa da senhora de 56 anos de idade.

Segundo informações da coluna de Rogério Gentile no UOL, o advogado da vítima afirma que ela sofreu violência por questões raciais.

“A autora [do processo] está cansada de sofrer violência em razão da cor da pele, pois não foi a primeira vez que a julgam como se não tivesse dinheiro para adquirir produtos ou até mesmo exigir que apresentasse o comprovante de pagamento quando já estava no estacionamento do supermercado”, afirmou à Justiça o advogado Marco Aurélio Tadeu.

Vítima de abordagem racista quer “vantagem financeira”, diz Extra

O Extra, claro, afirma que a vítima está em busca de dinheiro, e que o segurança responsável pela abordagem era de uma empresa terceirizada. Além disso, o supermercado também diz que não é possível que ocorram abordagens racistas em sua loja porque “os funcionários e prestadores de serviços da Companhia Brasileira de Distribuição passam por treinamentos internos que os qualificam a atender a todos com absoluto profissionalismo e decoro”.

A empresa também diz que a ação da vítima tem uma “narrativa” que “não corresponde à realidade dos fatos”, e que “é revestida de um caráter oportunista com a finalidade de obter vantagem financeira”.

O juiz do caso, Théo Assuar Gragnano, decidiu pela condenação da empresa, haja vista que a abordagem não tinha indício de delito e foi feita na frente de outros consumidores, o que configura dano moral, e afirma que a abordagem foi motivada por  “questão racial, em contexto de racismo estrutural”. 

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