Extra não entregou à Polícia nomes de acusados de agressão

 

S. Paulo – Mesmo garantindo em Nota Oficial que colabora com a Polícia, até a tarde desta sexta-feira (28/01), a direção do Hipermercado Extra, não havia encaminhado ao delegado Marcos Aníbal Andrade, do 10º DP, que preside o inquérito, os nomes dos quatro funcionários acusados de ameaças e maus tratos a T., uma criança negra, na loja da Marginal do Tietê, na Penha, zona Leste de S. Paulo.

O Hipermercado também não entregou a Polícia as imagens do circuito interno de TV, que poderão ajudar na identificação dos que abordaram o garoto de 10 anos, o levaram para um quartinho e o obrigaram a se despir, para comprovar que não carregava mercadorias junto ao corpo.

O menino já havia mostrado o cupom fiscal, provando ter pago por salgados, biscoitos e refrigerantes, o que foi ignorado pelos seguranças – quatro homens segundo relato, dois dos quais de aparência oriental. O caso aconteceu no dia 13 de janeiro deste ano – uma quinta-feira – por volta das 17h15.

Reunião

O delegado – que na véspera reuniu-se com o advogado constituído pela família do menino, Dojival Vieira dos Santos, com o presidente do CONDEPE, Ivan Seixas, e com o presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB, Eduardo Silva -, disse que, na próxima semana, espera começar a ouvir os acusados e testemunhas para dar seguimento às investigações.

O advogado entregou a autoridade, um requerimento em que pede que o Hipermercado forneça os nomes dos seguranças e as imagens do circuito interno de TV da loja. Ele também pediu que o menino seja submetido a uma avaliação psicológica para avaliação dos danos e das eventuais seqüelas provocadas pelo trauma da violência, bem como seja feita a acareação com os agressores para a elaboração do Auto de Reconhecimento dos acusados.

No documento entregue a autoridade policial, também é pedido que o Ministério Público e o Juízo da Infância e da Adolescência, sejam informados do andamento das investigações. Mesmo, assim, o advogado disse que protocolará um pedido diretamente ao MP acompanhe o inquérito, além de já estar preparando a Ação de indenização por danos morais contra o Hipermercado.

O garoto disse que tem condições de reconhecer todos os homens que estavam no quartinho, onde sofreu maus tratos.

Sequelas

Desde o episódio, o menino, anteriormente uma criança extrovertida e brincalhona, recolheu-se, passou a ter medo de sair à rua e evita passar em frente da loja, que fica próxima à Rua Kampala, onde mora com os pais – Diógenes da Silva e Andréa – em um apartamento de dois quartos, financiado. Os pais trabalham com reciclagem de material. O casal, além de T. tem mais dois filhos – uma menina de 15 anos e outra de sete meses.

O delegado prometeu conduzir o Inquérito com a maior celeridade possível. O prazo é de 30 dias, mas pode ser prorrogado.

O presidente do CONDEPE, Ivan Seixas, disse que o episódio é inaceitável e os responsáveis precisam ser punidos exemplarmente. “Uma criança de 10 anos ainda está formando a personalidade e uma experiência desse tipo pode criar barreiras graves no trato social. Essa agressão é inaceitável a qualquer um, mas a gravidade aumenta em 1.000% por se tratar de uma criança”, disse Seixas.

Para o presidente da Comissão da Igualdade da OAB de S. Paulo, Eduardo Silva, “os intrumentos de punição tem de ser exemplares”.

Desde que a família fez a denúncia pública, a Comissão de Direitos Humanos da OAB, presidida por Martim Almeida Sampaio, manifestou a solidariedade institucional da instituição e pediu a apuração rigorosa do caso e a punição dos responsáveis.

 

Fonte: Afropress

+ sobre o tema

Promotoria deve pedir júri popular para PMs por 9 mortes em Paraisópolis, em SP

Para evitar que fiquem impunes as nove mortes ocorridas em...

O que vou ser quando crescer? O seu chão vai dizer

O que vou ser quando crescer? Era uma pergunta...

Nas ondas do rádio: o racismo dissimulado da elite do rádio gaúcho

Fonte: Discriminação Racial Impressionante: enquanto a FIFA e a UEFA...

para lembrar

Protesto contra racismo Hospital das Clínicas de Goiânia

Cerca de 20 mulheres e homens do movimento negro...

Manchester United: Ferdinand quer criar Federação de jogadores negros

O defesa inglês pretende criar uma federação de...

Outro Olhar mostra soluções para vencer o racismo

  Para combater a discriminação, esta...

Supervisor acusa vereador de Embu das Artes de racismo: “Todo preto fede”

O supervisor Izac Gomes, de 57 anos, acusou hoje...
spot_imgspot_img

PM que arremessou homem de ponte na Zona Sul de SP é solto após Justiça conceder habeas corpus

A Justiça concedeu habeas corpus para o policial militar Luan Felipe Alves Pereira, preso por arremessar um jovem de 25 anos de uma ponte na Vila...

Racismo no futebol cresce, apesar de campanhas, alerta Observatório

Câmeras da TV Brasil, que realizavam a cobertura da primeira divisão do Campeonato Brasileiro Feminino de futebol, flagraram na última segunda-feira (31) um ataque racista...

Filme aborda erros judiciais e racismo em reconhecimento fotográfico

Treze processos criminais e cinco anos detido em sistema prisional. A ficha é extensa, mas quem responde por ela é uma pessoa inocente, absolvida...
-+=