Farm representa Iemanjá com modelo branca e causa polêmica na web

O que era para ser uma homenagem se tornou uma enorme polêmica religiosa. Em comemoração ao dia de Nossa Senhora da Conceição, comemorado na segunda-feira, que no sincretismo religioso corresponde a Iemanjá, a loja Farm postou uma foto, em sua conta do Instagram, de uma modelo branca representando o orixá. Os usuários criticaram a escolha da modelo e colocaram em pauta a ausência de meninas negras nos catálogos de moda.

Júlia Amin e Thais Carreiro (estagiárias)* no Extra 

iemanja2

“Querem usar estampa africana usando cultura preta e tem nem coragem de colocar alguém que realmente represente isso…”, questionou uma jovem. Uma outra complementa: “verdade Farm, faltou minas negras na coleção de vocês”. Outra seguidora vai além: “O problema é que todos amam a cultura negra, mas nem todos amam os negros. Uma modelo negra seria pedir demais pra representar a cultura negra, sentido não precisa mais né?”.

leia também: Erika Januza faz ensaio inspirada em Oxum

Farm-polemica-Iemanja

Farm-polemica-Iemanja2

Para o interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), babalawo Ivanir dos Santos, seria coerente que a loja representasse Iemanjá com uma modelo negra. Ele explica, entretanto, que na cultura iorubá, de onde vem o orixá, Iemanjá é o mar.

— Para o povo iorubá, Iemanjá é o mar, não tem forma nenhuma, não é sereia, nem mulher. A figura negra ou branca vem do sincretismo com a sereia da umbanda e com santos católico. No entanto, se a homenagem feita pela loja quisesse preservar o culto de onde Iemanjá vem, eles deveriam ter colocado uma modelo negra — afirma Ivanir.

A marca, no entanto, diz que a imagem não tinha intuito de representar bandeiras de religião ou raça. Segundo André Carvalhal, gerente de marketing da Farm, a foto faz parte do catálogo de Carnaval da marca.

“Não era de exaltação de nada, nem ninguém. É uma fantasia. Fantasia não tem raça, pode ser usada por qualquer um. Não representa bandeira alguma da marca seja de sexo, religião ou raça”, afirmou André.

*Sob supervisão de Thaís Sousa

 

Leia mais sobre Patrimônio Cultural

+ sobre o tema

para lembrar

Publicação mapeia práticas africanas na Mangueira

Levantamento feito pela ONG Arte de Educar será lançado...

Chuchu com camarão, prato genuinamente brasileiro criado por africanos no século 16

A origem africana de várias comidas típicas brasileiras. A...

Se é para dançar, nós já dançamos!

  Quase todo mundo sabe que o kuduro...

Casa Brasil-África realiza exposição de orixás e reinos africanos

  A Casa Brasil-África, da Pró-Reitoria de Relações Internacionais (Prointer)...
spot_imgspot_img

O reencontro da Mãe-Mar com o Filho-Terra: lições para o bem-viver em Lágrimas de Yemanjá, de Joanice Conceição

Lágrimas de Yemanjá é a mais recente publicação da autora baiana Joanice Conceição. A obra nasce pelo trabalho cuidadoso da Editora Malê, pelo selo...

Comunidade que iniciou Festa de Iemanjá ganha 1º imagem negra do orixá

Na orla da praia do Rio Vermelho, em Salvador (BA), que atrai mais de um milhão de baianos e turistas para a tradicional Festa...

Saiba quem é Mayara Lima, a princesa de bateria que viralizou na internet

Mayara Lima, cujo vídeo ensaiando com a bateria da Paraíso do Tuiuti em perfeita sincronia viralizou na última semana, tem só 24 anos, mas mais da...
-+=