Feminicídio subiu 75% nas regiões Norte e Nordeste entre 2003 e 2013, revela Banco Mundial

As regiões Norte e Nordeste do Brasil tiveram um aumento de mais de 75% na taxa de feminicídio no período de 2003 a 2013, segundo relatório divulgado na quarta-feira (8) pelo Banco Mundial.

Da ONU

Mulheres indígenas estão mais suscetíveis à violência de gênero. Foto: Banco Mundial/Yosef Hadar

O levantamento, publicado na ocasião do Dia Internacional das Mulheres, alertou para a marginalização persistente de mulheres afrodescendentes e indígenas no país.

As regiões Norte e Nordeste do Brasil tiveram um aumento de mais de 75% na taxa de feminicídio no período de 2003 a 2013, segundo relatório divulgado na quarta-feira (8) pelo Banco Mundial.

Na região Norte, o índice passou de 3,5 para 6,1 assassinatos a cada 100 mil mulheres. No Nordeste, saiu de 3,2 para 5,6 assassinatos, enquanto a média nacional de 2013 era de 4,8 homicídios para cada 100 mil mulheres. A região mais violenta para a população feminina continua sendo o Centro-Oeste (7,0).

O levantamento, publicado na ocasião do Dia Internacional das Mulheres, alertou para a marginalização persistente de mulheres afrodescendentes e indígenas no país.

No Nordeste, a taxa de feminicídio contra negras e pardas aumentou mais de 103% no período avaliado, chegando a 5,8 em 2013. Entre mulheres brancas vivendo na região, o índice é de 2,3, bem abaixo da média nordestina e maior que o dobro do verificado entre as afrodescendentes.

No Centro-Oeste, o padrão é semelhante. Entre a população feminina negra, o número estimado é de 8,2, frente a uma taxa de 4,0 entre as brancas.

Apenas o Sudeste registrou uma queda nos assassinatos de mulheres motivados por questões de gênero. Em 2003, o índice era de 5,4. Dez anos depois, chegou a 3,8 — valor que representa um decréscimo de quase 30%.

O Banco Mundial aponta que as mulheres indígenas estão particularmente vulneráveis à violência. Em 2012, o índice de feminicídio entre esse segmento populacional foi de 7,3 homicídios de mulheres indígenas para cada 100 mil brasileiras de tribos e povos originários. Naquele ano, a média nacional era de 4,6.

Outro problema é a ocorrência de suicídios entre mulheres indígenas. A taxa estimada entre esse público de 5,8 (também a cada 100 mil). O índice é mais que o dobro do indicador referente a mulheres de todo o país e outros grupos sociais (2,2).

Mercado de trabalho

O organismo financeiro alerta ainda para outras formas de desigualdade que afetam a vida das brasileiras. No mercado de trabalho e na educação, por exemplo, mulheres negras não têm as mesmas oportunidades que brancas e homens.

Com 12 ou mais anos de formação, as mulheres negras no Brasil recebem em média R$ 15,6 por hora, enquanto as brancas ganham R$ 21,5 e os homens brancos, R$ 32,7.

Nos mais diversos setores da economia, a paridade de gênero não foi alcançada, mesmo com a superação de barreiras no acesso ao ensino.

O Banco Mundial lembra que o nível de escolaridade é crescente tanto para homens quanto para mulheres e o índice de alfabetização de jovens de 15 a 24 anos chegou a 98% para os homens e 99% para mulheres. Em 1980, a taxa geral era de 84% em 1980. Atualmente, cerca de dois terços dos graduados nas universidades a cada ano são mulheres.

No entanto, as mulheres ainda estão concentradas em setores de menor expansão econômica e que têm os menores salários. Áreas como hospedagem e alimentação, educação, saúde, serviços sociais e serviços domésticos concentram aproximadamente 45% das trabalhadoras, enquanto 48% dos homens ocupados trabalham na agricultura, indústria e construção civil.

Trabalho doméstico X trabalho fora de casa

A partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2014, o Banco Mundial destaca que mulheres com empregos passam, semanalmente, 36,2 horas envolvidas nas atividades remuneradas e outras 19,2 horas cuidando da casa, sem receber nada por isso. Entre os homens com emprego, os valores são, respectivamente, 42,3 horas e apenas 5,2 horas dedicadas a afazeres domésticos e familiares.

Gravidez precoce

No Brasil, a taxa de fecundidade adolescente — nascimentos por 1 mil mulheres de 15 a 19 anos — tem diminuído de forma constante desde os anos 2000. O índice ficou em 87,47 em 2000 e caiu para 70 em 2013. Contudo, continua ligeiramente acima do nível médio para a América Latina e Caribe, de 67,7 em 2013, segundo os Indicadores de Desenvolvimento Global compilados pelo Banco Mundial em 2015.

Como em outros países latino-americanos, os altos índices de gravidez na adolescência no Brasil se relacionam com alta vulnerabilidade social e a pobreza.

A porcentagem de mulheres com idades entre 15 e 19 anos que deram à luz em 2013 em relação a todas as mulheres nessa faixa etária é mais alta no Norte. Nessa região, uma em cada cinco mulheres nesse intervalo de idade já teve um bebê.

Acesse o relatório da íntegra clicando aqui (em inglês).

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