Feminismo precisa ser cuidadoso para não ‘perder sentido’, diz Patricia Hill Collins

Socióloga e influente autora feminista está no Brasil para o lançamento de “Pensamento Feminista Negro”, sua primeira obra, lançada originalmente em 1990.

Por Andréa Martinelli, do Huffpost Brasil

Patricia Hill Collins (Foto: Julia Dolce)

Durante boa parte do século 20, o movimento feminista não abraçou questões enfrentadas por grande parte das mulheres no mundo. “O feminismo tem sido muito sobre ‘feminismo branco’ e hoje existe uma luta para que ele não seja só isso”, afirma Patricia Hill Collins, 71, socióloga e professora da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, em entrevista ao HuffPost Brasil.

Collins está no Brasil para lançar o livro Pensamento Feminista Negro – conhecimento, consciência e a política do empoderamento — que só em 2019, três décadas depois de sua primeira publicação, em 1990, ganhou tradução para o português, pela editora Boitempo. Ela recebeu a reportagem na semana passada, em São Paulo, durante intervalo em sua agenda no País.

“Nós não deveríamos precisar ser a Michelle Obama para que nossos livros fossem publicados”, critica Collins, que é nascida na Filadélfia, na Pensilvânia, é filha de pai operário e mãe secretária. “Mulheres negras não se encaixam no perfil daqueles que deveriam ser espertos, competentes e talentosos.”

Além de ser uma das teóricas expoentes do feminismo negro norte-americano ao lado de Angela Davis, Alice Walker, bell hooks e Audre Lorde ― autoras que recentemente começaram a ser traduzidas para o português ― Collins também foi a primeira mulher negra a presidir a Associação Americana de Sociologia (ASA) e reforça, em sua obra, a importância de pensar interseccionalidade ― quando as opressões de raça, gênero e classe estão interligadas.

A socióloga, em suas palestras e conferências, comumente afirma que não entende que o feminismo negro seja uma resposta ou um desdobramento do feminismo branco —ou chamado “hegemônico”. O pensamento feminista negro, segundo ela, surge da experiência de sobrevivência destas mulheres ao longo da história da humanidade. E lança um olhar crítico sobre a atualidade:

“O feminismo tem que ser cuidadoso para não se tornar muito popular porque, se isso acontecer, torna-se sem sentido”, aponta. “Ele pode se transformar em ‘eu sou feminista porque eu uso uma determinada camiseta’ (…). Você pode estar dentro [do feminismo] em um dia e fora no outro. Isso é um problema e não é realmente uma opção para as mulheres negras.”

No último dia 16 de outubro, a filósofa ministrou a palestra “Feminismo Negro e a Política do Empoderamento”, no seminário “Democracia em Colapso?”, promovido pela editora Boitempo e pelo Sesc São Paulo. Também passaram pelo evento as filósofas e ativistas feministas Silvia Federici e Angela Davis.

Collins também passou pelo Rio de Janeiro, onde participou, no último dia 20, da 8ª edição da Festa Literária das Periferias (Flup). No dia 26, ainda no Rio, fará uma sessão de autógrafos em Botafogo. No próximo dia 29, estará de volta a São Paulo para a palestra “O pensamento feminista negro: desafios contemporâneos e novas perspectivas”, na Universidade de São Paulo (USP).

Em conversa com o HuffPost Brasil, a ativista explica o conceito de “imagens de controle” explorado em Pensamento Feminista Negro e como eles afetam a vida das mulheres negras, exalta o ativismo da filósofa brasileira Sueli Carneiro e, em meio a um processo de impeachment contra Donald Trump, afirma que espera uma coalizão para as eleições de 2020 nos Estados Unidos.

Capa do livro "Pensamentos feminista negro"
Só após três décadas é que “Pensamento Feminista Negro”, de Patricia Hill Collins, foi publicado no Brasil. (Foto: Imagem retirada do site Huffpost Brasil)

Leia a entrevista completa:

HuffPost Brasil: Para começarmos, gostaria de perguntar sobre as “imagens de controle”, como as “Mammies”, que foram impostas às mulheres negras e que você explora em Pensamento Feminista Negro. Como elas afetam as mulheres? Elas são diferentes de estereótipos?

Patrícia Hill Collins: Estereótipos referem-se à ideias que são erradas sobre determinados grupos. Imagens de controle realmente se referem às ideias que são aplicadas às mulheres negras e que permitem que outras pessoas as tratem de determinado jeito. E se as mulheres negras acreditam nessas imagens, elas internalizam esse comportamento e se portam de determinada forma. As imagens de controle que foram aplicadas a elas ao longo da história, por exemplo ― a ideia de que elas eram como “Mammies”, mulheres destinadas a cuidar das pessoas, que gostam de servir outras pessoas; ou a ideia de que elas são sexualmente disponíveis, que de alguma forma sua sexualidade é um problema, de que elas estariam “mamando nas tetas do Estado”, a questão de ser uma welfare mother [termo usado nos anos 70 para designar as mães e donas de casa que recebiam auxílio financeiro do governo norte-americano], de que elas não são bonitas, de que mulheres negras devem trabalhar e é só isso que elas seriam destinadas a fazer.

“Se as mulheres negras chegam a acreditar nessas coisas sobre si mesmas, elas se diminuem, elas não dão seus máximos, elas apenas se sentirão menores do que todos os outros.”
-Patrícia Hill Collins, em entrevista ao HuffPost Brasil.

A questão da precisão dessas imagens não é o ponto central. Mas sim, como as pessoas usam elas para construir realidade. E esta é a relação de poder que faz parte do controle. Então, o controle pode ser externo: pessoas podem enxergar mulheres negras por meio dessas lentes das imagens de controle. Ou podem ser internos: se as mulheres negras chegam a acreditar nessas coisas sobre si mesmas, elas se diminuem, elas não dão o seu máximo, elas apenas se sentirão menores do que todas as outras pessoas ― e isso serve a algo.

Mas essas imagens não são só destinadas às mulheres negras. Todos os grupos: de homens brancos, de mulheres brancas, de homens negros, de mulheres negras e até indígenas tem imagens de controle que se aplicam a eles; eles acreditam nas mesmas imagens e agem de acordo com elas. As “imagens de controle” servem ao mesmo propósito no sentido de dar uma visão equivocada dessas populações para a sociedade.

E essas imagens estão todas interconectadas. Não é só uma questão de ter um conjunto de “crenças erradas” – como estereótipos que se aplicam a um determinado grupo inferiorizado. É realmente enxergar a complexidade das imagens de controle e como elas se conectam com a forma como as pessoas se relacionam com o mundo. As imagens de controle para os homens brancos, por exemplo, podem dizer que eles são líderes, que são mais espertos. E isso é positivo para eles. Então, a questão olhando para os estereótipos é que o que tende a acontecer é você pensar que está apenas lidando com imagens negativas que se aplicam a determinado grupo. Mas com as imagens de controle, você enxerga como ideias são centrais para como o poder funciona.

Pensando tanto na imprensa, quanto em produções culturais, você vê um avanço na forma como a população negra vem sendo representada? E como esta possível melhora pode afetar índices de violência?

Eu acho que as imagens são apenas uma parte disso. Mas, ao mesmo tempo, é muito difícil provar que porque você tem um determinado conjunto de ideias, você se engaja em determinados contextos ou causas. E a violência é exatamente assim. Claramente, o contexto das ideias molda a violência ― pessoas sentem-se à vontade para aderir a ela. Mas se livrar das imagens que denotam poder e controle não necessariamente fará você se livrar da violência. Então, esta é a noção de olhar apenas para uma parte do problema.

“Se livrar das imagens que denotam poder e controle não necessariamente fará você se livrar da violência. Então, esta é a noção de olhar apenas para uma parte do problema.”
-Patrícia Hill Collins, em entrevista ao HuffPost Brasil

Eu tendo a pensar que muitas imagens negativas podem ser atreladas ao discurso de ódio, por exemplo. Você vê, de fato, um aumento de violência quando há mais discursos de ódio ― ele torna a violência mais aceitável. Mas você começou a sua pergunta falando sobre intervir nisso, com os tipos de produtos culturais, como músicas e serviços de streaming. E nós conseguimos enxergar o que há de negativo lá [nas produções culturais]. Mas realmente olhar e enxergar como pessoas negras e mulheres estão usando essas mesmas mídias para romper com essas mensagens, para criar imagens diferentes, para dizer “olha, essas são imagens que vocês tem o poder de acatar ou rejeitar ― onde quer que você esteja situado nessa relação de poder” e apresenta alternativas que humanizam, em especial, as mulheres negras.

Nesse sentido, como as imagens de controle podem afetar o movimento feminista e a noção de “empoderamento”, hoje muitas vezes banalizada?

Eu acho que esta questão… Bem, você pode ser bastante consciente e atenta à um conjunto de imagens de controle, mas não necessariamente consciente de outras. Então, feministas são pessoas que estão definitivamente abertas para terem uma índole mais compreensiva das imagens de controle e perceber como elas se cruzam. Mas elas também podem ver um grupo de imagens como mais poderoso do que outros, e talvez elas sejam menos capazes se ver como elas mesmas estão contribuindo para essa hierarquia. Então, não estamos imunes disso. Inclusive pessoas que se consideram progressistas. Mas isso é parte do projeto feminista. É realmente forçar a discussão e realmente perceber que gênero, classe, raça e sexualidade são indissociáveis. Porque essa é a substância de muitas destas imagens, dessas ideias.

Em sua palestra, a senhora fez questão de destacar que o feminismo negro não nasce a partir do branco e que existe uma questão existencial de sobrevivência enraizada no pensamento feminista negro. É possível observar que certo tipo de feminismo tem ganhado popularidade e, ao mesmo tempo, é incorporado ao consumo. Como vê esta questão?

Quando você tem sucesso e ganha visibilidade, você também tem a iminente ameaça de ter substâncias elementares, progressistas e radicais do seu trabalho removidas. Então o feminismo tem que ser cuidadoso para não se tornar muito popular porque se isso acontecer, torna-se sem sentido. Pode se transformar em “eu sou feminista porque eu uso uma determinada camiseta”, “eu sou feminista porque tenho essa tatuagem especial”, ou o que quer que seja. Então pode se tornar quase uma roupa que você veste. Essa visão particular sobre o feminismo inclui o feminismo hegemônico, composto em sua maioria por mulheres brancas. Você pode estar dentro em um dia e fora no outro; isso é um problema e não é realmente uma opção para as mulheres negras. Porque no coração do feminismo negro está a luta para se tornar empoderada em situações diferentes. O tempo todo.

E, também, nos Estados Unidos, o feminismo está enfrentando uma batalha difícil nos últimos anos. Será bem interessante observar como as pessoas vão olhar para o fato de que certos direitos adquiridos não estão garantidos. E isso se aplica a todos ― não apenas para as mulheres negras e pobres da cidade que não conseguem informações sobre contraceptivos e serviços, por exemplo. Isso se aplica a uma grande parcela da população. Então isso é o que será interessante sobre a natureza dos próximos enunciados das feministas nos Estados Unidos.

Considerando o processo de colonização do Brasil, o racismo institucional e o fato da ideia de uma “democracia racial” ainda ser presente por aqui, como vê a diferença entre os movimentos feministas daqui e dos EUA?

Eu realmente acho que a principal questão sobre esse assunto é subestimada. Que é o fato de que, nos Estados Unidos, a segregação racial foi tão intensa e ainda persiste, quero dizer, é intrínseca à nossa geografia, intrínseca às nossas leis, e isso realmente molda como as pessoas vêem umas às outras por meio dessas barreiras. E, agora, por um lado, o feminismo tem sido muito sobre o “feminismo branco” e existe uma luta para que ele não seja só isso. E isso significa olhar profundamente para a branquitude e em como ela não apenas sustenta privilégios para mulheres brancas, mas como molda um projeto de feminismo. Eu acho que muito progresso foi feito a esse respeito. Mas essa questão está no centro da luta.

A marcha das mulheres, em 2016, logo depois das eleições presidenciais, foi uma das maiores de todos os tempos em Washington e ao redor do mundo ― e esse movimento não foi uma marcha das mulheres brancas. Foi uma marcha muito compreensiva para este grupo e, também, houve homens que apoiaram, grupos que perceberam as conexões presentes ali. Mas existiam pontos em disputa. Como você lida com questões de raça e negritude com o apoio do feminismo, por exemplo?

Eu acho que quando falamos sobre feminismo nos Estados Unidos estamos falando de múltiplos feminismos: feminismo negro, feminismo latino [em referência às imigrantes]. Existem múltiplos feminismos no Brasil também, porque existem diferenças em como as mulheres experienciam o mundo. Nos Estados Unidos, a segregação impôs uma linha entre esses dois grupos [brancos e negros], tornando mais óbvio o que você precisa fazer. Enquanto a democracia racial, na realidade, consegue ser muito sedutora. Como ideologia, ela é similar à ideia de que “queremos viver em uma sociedade pós-racial”, “queremos viver em uma sociedade em que raça não importa”, com a irreal suposição de que se não falarmos sobre raça, ela irá desaparecer.

Gostaria de falar sobre a eleição de 2020 nos Estados Unidos. O governo de Donald Trump está chegando ao fim, e Elizabeth Warren é uma opção possível. Como você vê o cenário atual e como analisa a participação de mulheres, em especial mulheres negras, na política institucional nos EUA?

As mulheres negras foram progressistas praticamente desde o primeiro momento. E estão no centro de todas estas iniciativas que vão na direção do fortalecimento da democracia. Quer dizer, a democratização de um país pode ser mais inclusiva em termos de raça, gênero e classe e sexualidade, e as mulheres negras realmente estiveram à frente dessas discussões por muitas razões. Nós nos encontramos em uma posição no momento atual de sermos sempre convocadas a escolher, por razões estratégicas, entre um ou outro candidato. O que eu quero dizer é: gostaria de ver as questões verdadeiras sendo discutidas. Porque eu acho que muitas das questões que afetam as mulheres negras basicamente afetam todas as outras pessoas também. Mas existe o equívoco de que se elas são associadas apenas às mulheres negras, podem ser vistas como particulares deste grupo e, então, abandonadas.

“Então, a questão em torno de “mulheres” é que você não pode falar de “mulheres” como uma categoria uniforme.”
-Patricia Hill Collins, em entrevista ao HuffPost Brasil

Agora, se a gente falar sobre as mulheres brancas… eu gostaria de dizer algo que desaponta as pessoas: Donald Trump teve muito suporte das mulheres brancas. Se você olhar para as mulheres que apoiaram os outros candidatos, ou que de uma forma ou de outra não apoiaram a candidatura de Trump, elas eram mulheres não-brancas: negras, latinas, asiáticas, imigrantes. Nos Estados Unidos, você teve um grupo de mulheres que experimentaram as mesmas questões que as mulheres negras.

Então, a questão é que você não pode falar de “mulheres” como uma categoria uniforme, você tem que pensar sobre quais mulheres está falando, e pensar particularmente sobre as mulheres da classe trabalhadora ― as mulheres negras e não-brancas geralmente fazem parte da classe trabalhadora, enquanto as mulheres brancas estão muito mais espalhadas pelas classes sociais. E você pode ter mulheres brancas trabalhadoras, mulheres brancas da classe-média e os desafios são diferentes, como combater uma agenda “anti-feminista”.

Falar claramente com esses vários grupos de mulheres brancas e convencê-las de que raça não é uma questão subalterna é realmente assustador. Chamamos isso de dog-whistle politics (política de apito de cachorro, em tradução livre – uma mensagem que emprega linguagem codificada que parece significar uma coisa para a população em geral, mas que tem uma ressonância adicional, diferente ou mais específica para um subgrupo). De alguma forma, eles [políticos] constroem este “apito” sobre raça sem falar sobre ela, então, a classe trabalhadora de mulheres brancas pode dizer “ah, eu não sei como posso apoiar uma candidata negra”, o que eu vejo como problema central.

As mulheres brancas de classe média deram muito suporte ao Trump, as mulheres do subúrbio. E acho que é sobre essa história que temos que pensar para 2020: quais serão as coalizões criadas? É uma política de coalizão, não só juntar um grupo para solidariamente expulsá-lo [Trump] do poder. Que tipo de coalizões podem ser construídas em 2020 em torno de questões que realmente preocupam as pessoas ― e não apenas “ser contra algo”?

E, agora, sobre Brasil novamente. Eu notei que, na edição de 2000 de Pensamento Feminista Negro, você faz uma referência à filósofa e ativista brasileira Sueli Carneiro…

Sim. Mas eu nunca a conheci pessoalmente. Contudo, quando publiquei meu livro em 1990 ― Pensamento Feminista Negro foi publicado originalmente neste ano ― as pessoas começaram a dizer coisas para mim. Você sabe, nós conversamos sobre o nosso trabalho com outras pessoas, não é? E elas diziam “sabe, tem algumas coisas acontecendo no Brasil, feministas negras brasileiras estão levantando algumas questões.”

E eu gostaria de poder te dar o nome da pessoa que me enviou alguns materiais! Porque até aquele ponto o trabalho dela [Sueli Carneiro] não tinha sido publicado em inglês. E era realmente o que estava acontecendo: o Brasil não estava chegando até nós. Mas essa pessoa achou algo em inglês e enviou para mim. Eu lembro de trabalhar em uma ou duas referências e pensar: “Isso é exatamente o que estamos fazendo aqui e eu preciso saber mais!”.

E o que isso significou para você?

Eu sou muito grata por essa pessoa ter enviado esses artigos para mim e me dizer “você também precisa pensar globalmente sobre como está o feminismo negro dos Estados Unidos”. Então, eu fui capaz de dizer e digo de forma consistente desde então que penso que o feminismo negro dos Estados Unidos é um discurso particular pertinente àquele país. O que precisamos é saber mais sobre o feminismo negro brasileiro, moçambicano, e falar entre nós sobre quais são as afinidades e diferenças. Essa foi realmente a mudança de pensamento que eu fiz de 1990 à 2000 e encontrar o trabalho de Sueli [Carneiro] foi central para expandir o meu pensamento enquanto acadêmica e feminista.

“Nós não deveríamos precisar ser a Michelle Obama para ter nossos livros publicados. Veja como excepcional ela é.”
-Patricia Hill Collins, em entrevista ao HuffPost Brasil

Já que tocamos neste assunto… Demorou mais de 30 anos para que seu livro fosse publicado no Brasil e a obra tanto acadêmica, tanto literária de mulheres negras ou é pouco traduzida, ou demora muito para chegar a outras línguas. A que a senhora atribui isso?

Eu não usarei nomes, porque eu certamente poderia fazer isso [risos]. Mas eu acho que é uma tendência daqueles no poder ― mulheres negras não estão no comando do que é publicado, tanto em jornais, quanto em editoras, muito menos na política… mas, se estivéssemos comandando algumas dessas instâncias, talvez, teríamos mais trabalhos intelectuais representativos. Mas este não é o caso. O que acontece é que você tem que ser excepcional para ser dissociada do que é “comum”, e ser reconhecida como uma exceção.

Um fato que chama atenção é o sucesso da publicação mundial da autobiografia de Michelle Obama, que é best seller…

Sim! Nós não deveríamos precisar ser a Michelle Obama para que nossos livros sejam publicados. Veja como ela é excepcional! Mas isso é a combinação do racismo, do sexismo e do classismo. E basicamente nos envia de volta às imagens de controle: mulheres negras não se encaixam no perfil daqueles que deveriam ser espertos, competentes e talentosos. Você precisa provar a si mesma muito mais do que aqueles que tomam tais coisas como garantidas.

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