Mesmo as coisas mais belas da vida têm o seu lado sombrio. O futebol não é exceção. No caso do esporte das multidões, essa faceta nada gloriosa é o racismo.

Embora continue sendo grave, o problema vem perdendo terreno — em boa parte graças à Resolução de Buenos Aires, aprovada pelo Congresso Extraordinário da FIFA realizado na capital argentina no dia 7 de julho de 2001. Para comemorar o décimo aniversário da iniciativa, o FIFA.com publicará entrevistas com diversas personalidades sobre o tema racismo e discriminação no futebol.

O primeiro entrevistado é Anthony Baffoe. Nascido na Alemanha de pai diplomata, o ex-jogador de 45 anos ocupa posição ideal para falar sobre o assunto, já que defendeu a seleção de Gana e atuou em clubes da Europa, Ásia e América do Sul. Além disso, ele é um dos inúmeros ídolos do esporte que ajudaram a FIFA no incansável combate ao preconceito racial desde a aprovação da Resolução de Buenos Aires. 

Naturalmente, a entidade máxima do futebol mundial não esperou pela reunião na Argentina para engajar-se na causa. “A FIFA tomou a posição mais firme possível na luta contra o racismo ao expulsar a África do Sul do apartheid em 1961 e só readmiti-la (em 1991) após a libertação do Nelson Mandela”, explicou o sul-africano Tokyo Sexwale, Alto Comissário da campanha da FIFA Diga Não ao Racismo.

Contudo, para combater o rápido crescimento do número de jogadores que trocam os seus países por clubes estrangeiros — o que acaba criando potencial para o agravamento do problema —, a FIFA decidiu intensificar as suas ações através da assinatura da Resolução de Buenos Aires em 2001. Conheça as medidas mais significativas tomadas desde então:

2002 — A FIFA lança o Dia Mundial Contra a Discriminação e o Racismo: “O racismo é uma chaga que devemos erradicar de maneira efetiva e determinada”, afirma o presidente da FIFA, Joseph S. Blatter. “O futebol possui uma força unificadora que pode e deve ser usada para combater todas as formas de discriminação.”

2002 — Astros se unem à luta da FIFA: A FIFA recebe o apoio de diversos ídolos do futebol na sua campanha contra o racismo, entre eles Sir Bobby Charlton, Thierry Henry, Mia Hamm, Michel Platini, Lilian Thuram e Pelé.

2004 — Aprovação do Código de Ética: O Comitê Executivo da FIFA aprova Código de Ética cujo texto determina que “árbitros, jogadores e agentes de jogadores não devem agir de maneira discriminatória, sobretudo em relação a etnia, raça, cultura, política, religião, gênero ou idioma”.

2006 — Emenda ao artigo 55 do Código Disciplinar da FIFA: Acatando proposta do presidente da FIFA, o Comitê Executivo aprova emenda ao artigo 55 do Código Disciplinar com vistas a tornar mais rigorosas as sanções aplicadas a atos de racismo ou discriminação no futebol.

2006 — Lançamento da campanha Diga Não ao Racismo: A FIFA lança a campanha em abril e, semanas mais tarde, durante o Mundial na Alemanha, banners gigantescos com a mensagem “diga não ao racismo” são estendidos em campo antes dos jogos. Paralelamente, peças publicitárias antirracismo são distribuídas gratuitamente a todos os canais de TV que transmitem o torneio.

2007 — Realização do amistoso 90 Minutos para Mandela: A FIFA utiliza o amistoso 90 Minutos para Mandela, disputado entre a seleção da África e a seleção do Resto do Mundo, para promover a luta contra o racismo. Mais de 35 mil torcedores vão ao estádio para ver craques como Ruud Gullit, George Weah, Emilio Butragueño e Samuel Eto’o em ação, enquanto milhões de pessoas em mais de 150 países acompanham o jogo pela TV.

2010 — Dia Antidiscriminação na Copa do Mundo da FIFA África do Sul 2010: Os capitães dos selecionados que disputam as quartas de final nos dias 2 e 3 de julho, datas escolhidas para a celebração do Dia Antidiscriminação da FIFA, fazem a leitura de uma declaração condenando o racismo. “O futebol é mais poderoso que os governos na ruptura das barreiras raciais”, afirma Nelson Mandela. “Ele dá risada na cara de todos os tipos de discriminação.”

Fonte: Fifa