Filhos que sofrem preconceito por ter cabelo crespo – veja o que fazer

Ninguém quer ver um filho seu sendo alvo de piadas na escola. E isso não é diferente com uma criança de cabelos crespos. Já imaginou um professor ou diretor de escola aconselhar uma mãe a alisar o cabelo de sua filha ou filho, por causa da represália dos coleguinhas? Isso infelizmente acontece.

por Jessica Moraes no  Fashion Bella Make

@TEAM.MANNING

Ao invés de reprimir o bullying, acontece o contrário: a repressão da estética da criança. Os pais não devem considerar isso certo.

Não se deve aceitar essa repressão que tenta impor um padrão para que as crianças sigam uma estética ideal para todos. O cabelo crespo deve, sim, ser defendido como a identidade da criança, e a mãe precisa se emponderar diante dessa questão.

Mas como lidar? É preciso antes verificar o que está acontecendo com a filha ou o filho e o que ela ou ele vem sofrendo dentro da escola. É o que orienta a psicopedagoga Alessandra Bizeli Oliveira. Esse é o primeiro passo para que, junto com a direção da escola, possa ser pensada uma maneira mais adequada de lidar com a situação. “A escola é um ambiente que permite a convivência entre crianças de várias raças, culturas e níveis socioeconômicos, devendo dispor de projetos pedagógicos que visem o trabalho com a diversidade e o respeito, sem se tornar conivente com o preconceito silencioso. A mãe pode e deve cobrar um posicionamento da escola em relação a isso”, afirma a especialista.

Em casos em que a criança demonstre estar com a sua autoestima afetada e não queira mais ir à escola ou apresente queda no rendimento escolar, a profissional recomenda que a mãe procure orientação e acompanhamento profissional.

Mas orientar a criança dentro de casa e reafirmar a identidade pessoal que ela tem também é fundamental. A psicopedagoga explica que a mãe deve ajudar a criança a se ver como é, aprender a respeitar a imagem que tem de si e, principalmente, servir como modelo que confirme tudo isso, demonstrando consciência e respeito pela diversidade e falando abertamente com seu filho sobre as situações de preconceito vividas e como ela mãe, ou ele pai, conseguiram e conseguem se sobrepor às pressões externas, por exemplo.

“Afinal de contas, a formação da identidade acontece dentro de casa, e é a convivência com pessoas que a amem e a apoiem  que fará com se sinta bonita e aceita como é, desenvolvendo uma autoestima estável ficando menos propensa a sofre a influência da mídia e dos padrões de beleza impostos pela sociedade”, conclui Alessandra.

Tome uma atitude!

Alessandra ainda dá cinco dicas práticas para evitar que a criança obtenha traumas futuros por conta da pressão externa:

1. Busque por escolas que possuem um projeto pedagógico que trabalhe questões como diversidade, preconceito, racismo e que esteja de acordo com os valores da família;

2. Assista filmes, programas e fale de personagens importantes cultural e historicamente que se parecem com a criança;

3. Procure sempre servir de exemplo e modelo para a criança;

4. Reforce a leitura de livros adequados para a idade que tratem de temas relacionados às diferenças, não apenas dos cabelos, mas as diferenças em geral que existem na sociedade;

5. Faça com que seu filho se sinta amado, aceito e valorizado como é!

+ sobre o tema

para lembrar

Ferramenta anticolonial poderosa: os 30 anos de interseccionalidade

Carla Akotirene, autora de Interseccionalidade, pela Coleção Feminismos Plurais,...

Jéssica Ellen, de ‘Totalmente demais’, fala de racismo: ‘Precisamos ser representados’.

Dandara dos Palmares lutou pela libertação dos negros no...

Carta aberta a Beatriz, Joacine e Romualda

Mais de 45 anos depois da ditadura, temos a...

Primeiro Emprego

Recentemente o jornal O Estado de São Paulo publicou...
spot_imgspot_img

Peres Jepchirchir quebra recorde mundial de maratona

A queniana Peres Jepchirchir quebrou, neste domingo, o recorde mundial feminino da maratona ao vencer a prova em Londres com o tempo de 2h16m16s....

O futuro de Brasília: ministra Vera Lúcia luta por uma capital mais inclusiva

Segunda mulher negra a ser empossada como ministra na história do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a advogada Vera Lúcia Santana Araújo, 64 anos, é...

Ela me largou

Dia de feira. Feita a pesquisa simbólica de preços, compraria nas bancas costumeiras. Escolhi as raríssimas que tinham mulheres negras trabalhando, depois as de...
-+=