Fundação Cultural Identifica 14 Negros Enterrados no Cemitério dos Imigrantes e Rende Homenagem a eles na Semana Consciência Negra, em Joinville

Fonte: A Notícia –

 

 

A partir de sábado, o Cemitério dos Imigrantes começa a ser visto com um novo olhar, mais além da informação de que ali estão 490 sepulturas com os restos mortais de imigrantes europeus, principalmente alemães, austríacos e suíços.

Amanhã à tarde, às 16 horas, será colocada uma placa numa área situada perto do obelisco erguido para comemorar o centenário de Joinville, que vai resgatar uma informação pouco conhecida na cidade.

Nela, estarão escritos 14 nomes de negros escravos e descendentes. A maioria dos mortos são crianças, filhos de pessoas que ajudaram na construção de Joinville, no começo da colonização da cidade.

A placa será instalada pelo prefeito Carlito Merss, em comemoração a Semana Consciência Negra, que começa a ser celebrada a partir de hoje, com atividades culturais, artísticas e debates (veja programação ao lado).

A existência de afrodescendentes enterrados nesse cemitério não era uma novidade na cidade. Só que por se tratar de um local identificado para valorizar apenas a presença da imigração europeia, essa informação foi pouco difundida em Joinville.

Para destacar esses mortos, que até então não tinham nome, a Fundação Cultural resolveu identificar essas pessoas. O historiador Dilney Cunha começou a pesquisar em arquivos da Comunidade Evangélica Luterana e também na Catedral do Bispado, da Igreja Católica, os registros de óbitos feitos a partir de 1851.

Nesse trabalho, Cunha encontrou registros das mortes, mas com apenas os primeiros nomes desses negros. Em algumas identificações, haviam as referências das pessoas para quem eles trabalhavam. “Muitos moravam em sesmarias – terras dadas pelo Império para os primeiros moradores – e, depois que morriam, eram enterrados nesse locais ou levados nesse cemitério, o único existente”, reforça Cunha.

Na avaliação do historiador, os enterros desses afrodescendentes devem ter sido realizados entre 1851 até 1870. Como foram sepultados em covas rasas, identificadas apenas com uma cruz de madeira, as referências desses mortos se perderam.

Cunha acredita que possa haver outros afrodescendentes e luso-brasileiros enterrados no local, mas que não foram registrados. Somente uma pesquisa arqueológica poderia localizar essas ossadas e sinais desses sepultamentos.

A gerente de Patrimônio Cultural do município, Elizabete Tamanini, destaca que essa identificação dos afrodescendentes enterrados é um reconhecimento a muitas pessoas que contribuíram com a formação de Joinville. A presidente do Movimento de Consciência Negra Brasil Nagô, Alessandra Cristina Bernardino, diz que é essa descoberta faz uma correção na história de Joinville. “Agora, qualquer afrodescendente que olhar para esse cemitério poderá se orgulhar em saber que ali estão enterradas pessoas negras, que também foram pioneiras e trabalharam por essa cidade”, avalia.

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