Fuvest poderá deixar de ser a única porta de entrada para USP

A USP, principal universidade do país, vai mudar a seleção de novos alunos até 2016. O objetivo é que a prova da Fuvest deixe de ser a única entrada na instituição.

As novas formas de ingresso ainda não estão definidas.

De acordo com a Pró-Reitoria de Graduação da instituição, isso deve ocorrer até março de 2015. A decisão final sobre o processo caberá ao Conselho Universitário.

Entre os caminhos estudados para ampliar o acesso à instituição estão o uso do Enem (exame federal), o sistema de cotas e até a busca de talentos com “olheiros” em escolas e competições científicas, a exemplo das universidades estrangeiras.

“Acredito muito na busca por talentos. Vejo muito aluno bom, preparado, que participa de olimpíadas esportivas ou de física, mas que nem chega a prestar o vestibular. É uma perda”, afirma o pró-reitor de graduação,
Antônio Carlos Hernandez.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o convite ao aluno considerado um talento é feito em forma de bolsa.

Para a presidente do Conselho Estadual de Educação, Guiomar Namo de Mello, se a universidade implantar essa política de seleção, o exame de entrada deverá ser o mesmo para todos.

“Existem vários caminhos, como o vestibular seriado. É preciso que haja um critério”, afirma. De acordo com o Ministério da Educação, pela legislação, as universidades têm autonomia para definir seu processo
seletivo.

Para frei Davi Santos Franciscano, diretor-executivo da Educafro, organização que luta pela inclusão negra, a USP demorou para mudar.

“São 80 anos de colonialismo e de exclusão do pobre, do negro e do indígena.” Para ele, a iniciativa deveria valer já para 2015.

INCLUSÃO

A mudança foi sinalizada nesta quinta-feira (5) pela universidade, que também anunciou mudanças no sistema de bônus para candidatos egressos de escolas públicas, chamado Inclusp (Programa de Inclusão Social).

A meta estipulada pelo governo do Estado é de que, até 2016, a universidade tenha 50% dos seus matriculados vindos do ensino público.

Em 2014, só 32,3% dos matriculados na USP era de escolas públicas. Em medicina, esse índice foi de 41,2% e, no de engenharia, de 22,5%.

Com a nova bonificação que passa a valer já para 2015, todos os candidatos de escola pública que fizerem no mínimo 30% da prova (27 questões corretas) receberão a bonificação completa, que pode variar de 12% até 25%.

A nota de corte será estipulada após a aplicação do bônus. Simulação da Fuvest estima que ela deve subir de um a dois pontos, em média.

“Dessa maneira, você considera aquilo que o conselho acredita ser o fundamental na seleção, que é o mérito do aluno”, diz Hernandez.

Com a adoção do bônus, a universidade espera que em 2015 até 38% dos seus alunos venham do ensino público.

Fonte: Folha de São Paulo

+ sobre o tema

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...

para lembrar

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...
spot_imgspot_img

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro no pé. Ou melhor: é uma carga redobrada de combustível para fazer a máquina do racismo funcionar....

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a categoria racial coloured, mestiços que não eram nem brancos nem negros. Na prática, não tinham...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira (27) habeas corpus ao policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, réu por assassinato de Guilherme Dias...