Gabriela Moreyra, protagonista de ‘Escrava mãe’, faz críticas ao racismo: ‘Erro’

Quem olha para Gabriela Moreyra vê a cara do Brasil. Não à toa, a beleza miscigenada e o talento da atriz sobressaíram num teste com 40 concorrentes e lhe deram a chance de interpretar a primeira protagonista de sua carreira após seis novelas. Em “Escrava mãe”, a artista de 29 anos é Juliana, mãe da escrava Isaura, referência emblemática da dramaturgia e da literatura.

— Na época em que tentei, achei que não fosse rolar. Demoraram uns dois meses para me ligar. Quando recebi a notícia, tive noção do tamanho da conquista — lembra a atriz, que neste ensaio veste um tema escolhido por ela mesma em reverência à cultura negra: a tendência afro.

Quatro meses após a estreia, Gabriela está numa situação atípica à de outros atores que fazem sucesso na televisão: com tempo de sobra, ela acompanha com calma a repercussão da história, já que a novela foi gravada em 2015.

— Eu me surpreendi com o sucesso da novela e com o carinho do público. Mas a gente tem que saber lidar com a curiosidade sobre os próximos passos dos personagens. Os telespectadores sabem que já gravamos tudo e querem saber o que vai acontecer (risos). E tem coisa que eu realmente esqueci.

O difícil de esquecer são as sequências que mostram a escravidão e o preconceito. Descendente de negros, a atriz avalia a necessidade de relembrar no presente episódios semelhantes aos do passado brasileiro do século 19.

— Pela minha família, pela mistura que eu carrego, eu me considero negra.. Eu tive avós e bisavós brancos, mas tenho um lado da família que não conheço muito. Meus bisavós podem ter sido escravos — frisa a atriz, que acrescenta: — No Brasil, muitos acontecimentos estão relacionados às diferenças sociais e ao racismo. A novela ajuda a contar parte do que originou isso: aquela mulher sofre preconceito da senzala por ser branca e da Casa Grande por ser negra. A escravidão é triste. É importante conhecer a história e não repetir os erros.

moreyra-gabriela
Gabriela veste peças inspiradas no universo afro Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo

Gabriela só pensa em acertar. E grande parte de suas tentativas se envereda pelos caminhos da arte. Filha de uma bailarina e de um editor de vídeo, ela já arriscou passos de dança na infância e na adolescência, já derramou suas tintas em quadros e atualmente agrega outra habilidade à rotina: o prazer pela arte de cozinhar. Namorada do cantor e ator Leandro Léo, ela é dona do perfil de Instagram Nega Fullô e ali compartilha suas experiências na cozinha e em restaurantes:

— Vejo vídeos na internet, cozinho em casa e quero muito fazer o canal oficial. A cozinha é uma terapia.

Se o assunto é eliminar os quilinhos ganhos com os quitutes, ela também não deixa para depois. Com 1,69m de altura e 63kg, Gabriela treina diariamente com o personal trainer Rafael Ribeiro e está três quilos mais magra do que na época das gravações de “Escrava mãe”:

— Eu procuro comer bem todos os dias, me cuido com uma nutricionista. Se eu fizer uma macarronada numa sexta-feira, procuro aliviar depois. Tento comer de tudo um pouco, mas sem grandes restrições. Não acredito em radicalismo.

colete-terra2 roupa-afro

Créditos

Fotos: Roberto Moreyra/ Beleza: Chico Toscano/ Produção de moda: Milton Castanheira/ Agradecimento: Corcovado Rio Hostel

+ sobre o tema

Cabelos de Sheron Menezzes são referência fashion para a moda da mulher negra

Cabelos de Sheron Menezzes são referência fashion para a...

Beyoncé passeia com a filha em ‘canguru’

Beyoncé passeia com a filha em 'canguru'. A cantora...

Beyoncé publica vídeo dos bastidores de seu retorno aos palcos

Quase cinco meses após dar à luz a sua...

18 anos sem Mussum

Há 18 anos, mais exatamente em 29 de julho...

para lembrar

Vereadora alvo de ofensa racista: ‘Disseram que era liberdade de expressão’

Em entrevista ao UOL News, a vereadora Paolla Miguel (PT-SP)...

Não queremos mais Marielles

Às vésperas do Dia Internacional dos Direitos Humanos, vereadores negros...

Supervisor acusa vereador de Embu das Artes de racismo: “Todo preto fede”

O supervisor Izac Gomes, de 57 anos, acusou hoje...

Cotas no ensino superior: uma política bem-sucedida

Para um país que historicamente se pensava como uma...
spot_imgspot_img

Ministério Público vai investigar atos de racismo em escola do DF

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) vai investigar atos de racismo registrados durante uma partida de futsal entre alunos de duas...

Gibi, 85 anos: a história da revista de nome racista que se transformou em sinônimo de HQ no Brasil

Um dicionário de português brasileiro hoje certamente trará a definição de gibi como “nome dado às revistas em quadrinhos” — ou algo parecido com isso....

Estudante negra de escola pública ganha prêmio com pesquisa que apontou racismo em dicionários: ‘racismo enraizado na fala’

Uma aluna do Ensino Médio do Instituto Federal São Paulo, de Bragança Paulista (IFSP), conquistou medalha de ouro após apresentar uma pesquisa sobre racismo, durante a...
-+=