Solange atinge maturidade musical inquestionável em “A Seat at the Table”

Se por anos ela foi vista como o lado-b de Beyoncé ou apenas a irmã sem brilho, estes tempos sombrios finalmente chegaram ao fim para Solange Knowles. A moça, que vêm tentando se distanciar da imagem de “a outra-Knowles” desde o seu penúltimo álbum “Sol-Angel and the Hadley Street Dreams”, finalmente chegou a uma maturidade musical inquestionável com seu novo disco, “A Seat at the Table”.

Essa maturidade veio, literalmente, com o tempo e com a maturação de seu trabalho. Desde o EP True ela vêm experimentando uma estética mais própria dela. “Losing You”, single do EP, deixa claro já ai, nesta fase pré-A Seat at the Table, que a cantora estava se tornando ela mesma. Largou tudo que era característico e a ligava ao mundo Beyoncé: raspou a cabeça, deixou os cabelos crespos e naturais florescerem, se aproximou de uma moda mais autoral e é do tipo not-a-diva. Mas, ainda assim, Solange ainda uma fruta um pouco verde e faltava nela consistência necessária para ser interessante por si só.

E não estou dizendo que ser irmã de Beyoncé é uma coisa ruim. Pelo contrário, deve ser maravilhoso. Porém, quando se é um artista e se deseja alcançar uma identidade própria como tal, é quase impossível ser notado quando se é tão próxima de uma personalidade tão conhecida quanto Queen B. Afinal, se as pessoas já gostam de colocar mulheres competindo entre si quando uma não têm relação alguma com a outra, imagina quando esta “concorrente” é sua própria irmã?

Solange cresceu, sim. E, acompanhando a carreira tanto dela, quanto de sua irmã mais famosa desde 2006, ouso dizer que inclusive influenciou a irmã no icônico Lemonade. As duas são sim muito parceiras e Sol inclusive já escreveu músicas ao lado da irmã. (Se você já encheu os pulmões para gritar “Why Dont You Love Me”, então deveria respeitar um pouco mais o trabalho de Solange, pois ela é a compositora da faixa.) Inclusive, A Seat at the Table é inquestionalmente gostoso após Lemonade. São dois álbuns que, de certa forma, conversam entre si. Enquanto Lemonade é a tempestade, ASATT é a calmaria que vem logo após.

Em “A Seat at the Table” (Um lugar à mesa), Solange canta sobre liberdade negra, sua luta contra o racismo, como nós sentimos quando as pessoas tocam nosso cabelo e convida seus pais, Tina e Mathew, para falarem em interludes do álbum. Tina, inclusive, critica o chamado “racismo reverso” e como ele é apenas uma visão distorcida do empoderamento negro. Crítica, essa, muito válida. Ela diz (tradução por Pedro Koor no Facebook)

“Eu acho que uma parte está aceitando que existe muita beleza em ser negro. E essa é a coisa que eu acho que me deixa emotiva, porque eu sempre soube disso. Eu sempre tive orgulho de ser negra. Nunca quis ser outra coisa. Amava todas as partes disso e ponto!

Existe muita beleza nas pessoas negras, e realmente me entristece quando não nos é permitido expressar esse orgulho em ser negro, e se você faz é considerado “anti-brancos”… Não! Você é apenas pró-negros, e isso é algo bom. As duas coisas não andam juntas. Porque você celebra a cultura negra, não significa que você não gosta da cultura branca, ou que está desvalorizando ela. Você só tá sentindo orgulho.

E o quão irritante é quando alguém diz “eles são racistas. Isso é racismo reverso” ou “Eles tem o mês da história negra, mas nós não temos o mês da história branca”… Bem, tudo que nos é ensinado é história branca, então por que você está chateado? Por que isso te deixa com raiva? Isso é para me reprimir e me fazer não ter orgulho!”

Não espere músicas para bater o cabelo pelas madrugadas pois, como sugere o nome do álbum, este é apenas um convite para jantar. É um lugar na mesa de Solange, que oferece um banquete para seus ouvidos e percepções sobre racismo e empoderamento. Sugiro que ouçam o álbum de peito aberto, em um momento calmo, como um mantra. Sem prometer nada, Solange nos ofereceu uma das melhores refeições auditivas de 2016. A Seat at the Table está disponível para compra no iTunes e para Streaming no Spotify.

Ouça o álbum abaixo:

+ sobre o tema

Carnaval Salvador 2012 BA – Bloco Ilê Aiyê com Arlindo Cruz

O próximo sábado (28) vai ser marcado pela Noite...

21 de Março – Toda beleza veio para ficar!

Para comemorar o  21 de Março - Dia Internacional...

Brasileira eleita miss Italia nel Mondo incentiva misses negras: “Nunca desistam!”

Silvia Novais, 25, é uma miss vitoriosa: foi miss...

Akim Camara um virtuose do violino na Holanda

O Maestro Andre Rieu apresentou Akim Camara um violinista...

para lembrar

Luis Vagner, o guitarreiro que foi do twist ao samba-rock para animar o terreiro brasileiro

♪ OBITUÁRIO – “Luis Wagner guitarreiro / Liga essa...

Elza Soares: Versão póstuma de ‘Meu Guri’ chega às plataformas digitais

Nova versão de "Meu Guri," performada por Elza Soares, chegou às...

Rapper Coolio, conhecido pelo hit “Gangsta’s Paradise”, morre aos 59 anos

O rapper Coolio, que iluminou as paradas musicais com sucessos...
spot_imgspot_img

Quem é Linda Martell, citada em “Cowboy Carter”, novo álbum de Beyoncé?

O esperado novo álbum de Beyoncé contém uma música que leva o nome de uma mulher que parece ter sido a inspiração para o projeto. “Act...

Beyoncé revela que Stevie Wonder tocou gaita em uma das faixas de seu novo disco ‘Cowboy Carter’; ouça

Beyoncé revelou que Stevie Wonder tocou gaita em "Jolene", uma das faixas do seu novo disco "Cowboy Carter". A informação foi dada pela própria cantora durante o...

Beyoncé diz que seu novo disco nasceu de experiência de rejeição no country

Beyoncé divulgou nesta terça-feira (19) a capa do seu novo disco "Cowboy Carter", o segundo capítulo de uma coleção que começou com "Renaissance", de...
-+=