Ela nunca tinha assistido a um episódio inteiro de MasterChef, mas sabia que as pessoas choravam muito por lá. Inclusive, quando resolveu ligar a TV, chorou pela saída do candidato Baiano e resolveu não dar mais sua audiência para “um programa desse”. Se ela pensava em se candidatar? Nunca.
por Camila Eiroa no TPM
Aos 20 anos, a paulistana Gleice Simão não só entrou no reality show culinário como se tornou a candidata mais atacada nas redes sociais enquanto participava da edição atual. Os comentários chegaram aos trends no Twitter e, na grande maioria dos casos, se resumiam a ataques racistas. “Onde já se viu, uma negra ganhar essa prova?”, ela lembra de ter lido. Acusada de tentar conquistar os jurados com drama, resistiu à competição enquanto lidava com o assassinato recente de seu irmão e às críticas por não conhecer pratos mais sofisticados.
A ideia da jovem nunca foi fazer da cozinha um território gourmet. Filha de mãe baiana e pai mineiro, Gleice se encanta pelos sabores brasileiros.
“Tem gente que vai a alguma capital diferente do país pra comer em restaurante italiano, sem conhecer o sabor da Bahia, por exemplo.”
A ideia ao se inscrever para o programa era levantar grana para um projeto entre amigos que queriam viajar cozinhando e contar a história da cozinha de lugares específicos, o Mochileiros da Gastronomia, que pretende retomar agora. Foi a única deles a passar na prova que lhe rendeu o avental do programa.
Hoje, eliminada, acredita estar mais madura e consciente de seu lugar como mulher negra. E garante: cozinhar não vai deixar de ser seu sonho tão cedo.