Google faz acordo para se livrar de acusação de racismo no Reino Unido

A Google aceitou os termos de um acordo judicial frente a uma acusação de tratamento racista feita por um contratado terceirizado da empresa no Reino Unido. Segundo o jornal The Guardian, “Ahmed Rashid” (pseudônimo), um cidadão britânico de ascendência marroquina, tinha a função de conduzir pesquisas de coleta de dados das conexões Wi-Fi de shoppings e centros comerciais no país. O funcionário processou a Google após ela retirar da mesa uma oferta de renovação de contrato depois de ele reclamar da falta de segurança de seu trabalho e do assédio e “estereotipagem” racial.

Por Rafael Arbulu, no Canaltech

Foto: Tolga Akmen/AFP/Getty Images

 

A Google aceitou os termos de um acordo judicial frente a uma acusação de tratamento racista feita por um contratado terceirizado da empresa no Reino Unido. Segundo o jornal The Guardian, “Ahmed Rashid” (pseudônimo), um cidadão britânico de ascendência marroquina, tinha a função de conduzir pesquisas de coleta de dados das conexões Wi-Fi de shoppings e centros comerciais no país. O funcionário processou a Google após ela retirar da mesa uma oferta de renovação de contrato depois de ele reclamar da falta de segurança de seu trabalho e do assédio e “estereotipagem” racial.

Você pode pensar em “O que a Google tem a ver com isso?”, haja vista que o assédio sofrido vinha das equipes dos shoppings pesquisados por Ahmed. Porém, o trabalho conduzido por ele, a pedido da empresa, era secreto, o que o impedia de, caso questionado, mostrar qualquer identificação que comprovasse seu laço trabalhista com a Google. A acusação de Ahmed era a de que a gigante da internet mostrava pouco caso e não dava a devida importância à segurança dele, que era comumente chamado de “terrorista” pelos cidadãos locais. A promotoria britânica acatou a acusação.

“Houve uma completa dispensa da segurança e interesses dos contratados”, disse Ahmed ao Guardian. “Essa pesquisa foi conduzida em segredo, sacrificando a segurança dos terceirizados da Google que acabam caindo no estereótipo do perfil árabe/muçulmano”.

A Google negou que tivesse qualquer culpa, mas aceitou pagar £ 4.000 a Ahmed sob condição de que ele não mais discutisse o caso. No entanto, ele decidiu levar tudo a público após ficar sabendo da caminhada de protestos executada pelos funcionários da empresa em sua sede nos EUA, onde diversos funcionários da Google deixaram seus postos de trabalho e saíram do local.

O projeto em questão tem o codinome “Expedite” e visa auxiliar usuários a localizarem a si próprios e lojas de centros comerciais por meio dos dados de Wi-Fi do local ao invés do GPS — ele não é preciso em sua localização dentro de ambientes cobertos. Rashid conta que ele, junto de sua equipe, deveria coletar, de forma sorrateira, dados de abrangência e potência dos sinais Wi-Fi dentro de lojas predeterminadas pela Google. Para tanto, eles deveriam caminhar pelas proximidades por intervalos de cinco a 12 minutos, o que invariavelmente levantava suspeitas.

“Eu era o único na equipe com traços visivelmente árabes, e eu era parado e questionado pela segurança e administração dos shoppings. Eu não tinha permissão para dizer a eles que trabalhava para a Google”, contou Ahmed. “Eu ficava preocupado pois tinha medo de ser preso. Eu estava vivendo disso por 10 meses, era um trabalho muito solitário e isolado. Eu cheguei a sentir emoções suicidas. Os olhares que eu recebia faziam com que eu me sentisse como um pária”. Ahmed conta que relatou casos de assédio diversas vezes para a Google e pediu um crachá de identificação, porém foi ignorado. Em setembro, um contrato renovado lhe havia sido
prometido, mas a oferta foi retirada depois das reclamações do funcionário, deixando-o sem emprego e renda.

Um colega de trabalho de Ahmed — branco, sem traços árabes — também assinou um acordo de não divulgação do caso, mas disse ao Guardian que a Google deveria ter feito mais para proteger o amigo: “Ajudaria bastante que todos nós tivéssemos crachás de identificação pois, ainda que todos nós tenhamos sido parados, muitos não enfrentavam problemas por serem brancos. A Google poderia ter feito mais para ajudá-lo”.

Alguns shoppings também foram questionados pelo jornal e se limitaram a dizer que não possuem controle sobre as conexões Wi-Fi de seus lojistas locatários.

Fonte: The Guardian

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