Gordofobia: O grande problema é o seu preconceito

Hoje eu acordei com um grande “problema”… Sou estudante, mulher, moro na periferia e sou GORDA! Dentre de todos os aspectos que me fazem ser “vítima” (mas não vitimada) da sociedade, a que é mais vivida é o fato de ser GORDA!

por Thais Ulrichsen  via Guest Post para o Portal Geledés

Vivemos numa sociedade que preza pela aparência, pelos resultados imediatos de suas intervenções estéticas, e combater o que chamo de “afeto estético” (A importância exagerada pela aparência) é necessário.

A GORDOFOBIA é um assunto sério!

O que me traz aqui hoje é realmente a minha luta contra a gordofobia, baseadas nas opressões diárias. Por que as pessoas disseminam tanto ódio ao falar sobre os corpos das outras pessoas, tanta desinformação e comentários desnecessários?

Recentemente saiu uma matéria nas redes sociais sobre a blogueira CHASTITY GARNER, e advinha o que não foi surpresa? A quantidade de gente falando sobre o tamanho do seu corpo, sua saúde e como aquilo não era BOM EXEMPLO PARA ESTAR NA MÍDIA!

O que acontece com a Garner acontece comigo e também com muitas outras mulheres, que não estão na mídia e são obrigadas a lidar com os preconceitos dos chamados “fiscais do corpo alheio”. Levanto sempre alguns questionamentos sobre a importância de falarmos do preconceito com a pessoa gorda, e de como silenciar com argumentações do tipo “é brincadeira” pode ser prejudicial.

leia também: Coisas Que Ninguém Diz Para Meninas Gordas

Primeiro, o tamanho do corpo de alguém não determina quão saudável ela é. Seus exames provam isso, e se você NÃO É MÉDICO e mesmo que fosse, ninguém pedir sua opinião, falar sobre saúde e hábitos alimentares é extremamente chato!

Não devemos confundir preocupação com crueldade. Estamos cercados de pessoas que querem opinar sobre quem se aceita e mantém um corpo gordo, e tentar deslegitimar a luta contra a Gordofobia.

Se uma pessoa emagrece, muda de corpo, isso não faz dela melhor do quê aqueles que NÃO QUEREM EMAGRECER, SENTEM-SE BEM COM O CORPO QUE TÊM!

Ainda que muitas pessoas batam na tecla da SAÚDE, essa preocupação é um preconceito velado. Dentro do discurso você tem que se cuidar, existe, mesmo que nas entrelinhas, um soar de “ser gordo é negativo, ser gordo é anormal, ser gordo te faz não ser querido!”.

A Gordofobia vai muito além da questão estética!

As vozes se levantam para classificar a pessoa GORDA como a que não se cuida, que é relaxada, que come tudo o que vê pela frente sem limites. Ninguém leva em consideração os fatores hormonais, hereditariedade, depressão, ou mais, quem se assuma e sinta bem assim.

Nasci em uma família de pessoas que lutam contra a balança. Doenças crônicas, problemas nas articulações, e essa luta insistente. Mas não tem como fugir do corpo GORDO, é um fator

hereditário. Todas as mulheres da minha família têm um “CORPO GRANDE”, muito quadril, braços muito gordos, como lutar com isso? Cortar meus braços fora? JAMAIS!

Quando você se assume gordo, a sociedade te torna um ser “abominável”. Por que não aceitar que há quem goste de manter um corpo cheio de curvas, um corpo gordo e SAUDÁVEL!

Por que é difícil da sociedade aceitar que pra estar bem com seu corpo, você precisa estar bem consigo, e isso independe do tamanho que seu corpo tenha!

Lutar contra a GORDOFOBIA, é lutar contra os padrões que a sociedade nos impõe: Catracas e bancos muito apertados, roupas que nos fazem parecer bem mais velhos do que somos, pessoas que julgam sem conhecer nossas histórias.

É possível manter um corpo gordo e saudável. É possível não ser ridicularizado por gostar e escolher manter um corpo gordo!

Essa luta é por espaços sem preconceito.

Essa luta é para que cargos não deixem de ser ocupados apenas porque o candidato é gordo.

Essa luta é para que parem de associar o corpo gordo ao excesso de comida.

Essa luta é para que não julguem relacionamentos como forma de interesse. (Se a menina é gorda “O QUÊ ESSE CARA VIU NESSA GORDA?”, ou se o rapaz é gordo “CARAMBA, ESSA MULHER ESTÁ COM ELE POR ALGUM MOTIVO! ELE DEVE TER DINHEIRO!”).

Essa luta é para que as pessoas sejam tratadas dignamente nos consultórios, sem opressão e ridicularização por parte dos médicos.

Essa luta é para que as pessoas possam cuidar de suas saúdes sem precisar de métodos absurdos.

Essa luta é para que as pessoas possam escolher sem traumas o tipo de corpo que elas desejam.

A MELHOR RESPOSTA PARA A OPRESSÃO É A LUTA! A MELHOR RESPOSTA PARA O PRECONCEITO É A EDUCAÇÃO!


Thais Ulrichsen é Estudante de Pedagogia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ e responsável pelo Blog GrandEstima (grandestima.com)

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