Guiné Equatorial responsabiliza antigos colonizadores pela instabilidade em África

O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, responsabilizou hoje os antigos colonizadores de África pela instabilidade no continente, acusando-os de promoverem a divisão entre os africanos.

Do DN

Foto: Picure Alliance/ANP

“Temos de assegurar o desenvolvimento, a estabilidade dos nossos países. O continente africano sofre muita instabilidade devido à pretensão dos antigos colonialistas que não querem que África avance”, disse Obiang Nguema, numa declaração à imprensa, durante o primeiro dia da visita de Estado a Cabo Verde

E acrescentou: “Por isso, temos muitas dificuldades nas relações com os países coloniais que nos dão freio ao desenvolvimento para que África chegue a ser uma entidade com características próprias, com força própria”.

Para Teodoro Obiang, os países africanos, como a Guiné Equatorial e Cabo Verde, são os únicos que podem fazer “uma política solidária, africana”.

“Estamos divididos em grupos. A nossa forma de falar está-nos a dividir. Este é um aspeto que não tem de dividir África”, disse, considerando que “alguns países colonialistas pensam que têm uma influência especial em relação às antigas colónias”.

Em relação a esses países colonialistas, salientou: “Os culpados somos nós, porque os seguimos. Não temos que os seguir”.

Em relação a Cabo Verde, mostrou-se satisfeito e disponível para aprender com o país e enalteceu a cooperação entre os dois Estados.

A esse propósito, disse que a segurança foi outro dos aspetos abordados no encontro entre os dois presidentes.

Teodoro Obiang disse preferir “a cooperação técnica, económica e cultural com Cabo Verde do que pedir a cooperação com outros países que vão dar a sua influência para pisar”.

O chefe de Estado defendeu um incremento do intercâmbio económico entre os dois países em áreas como os produtos alimentícios e medicamentosos, com o objetivo de se libertarem das dependências das importações.

Obiang lamentou também que, a nível da Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), muitos dos acordos que têm sido assinados não estejam a ser aplicados.

Por essa razão, defendeu a realização de mais encontros, seja a nível dos Presidentes ou dos membros dos Governos.

Por seu lado, o Presidente da República cabo-verdiano contou que na reunião que manteve com Obiang, este manifestou-se “muito interessado” em ter na Guiné Equatorial professores cabo-verdianos de língua portuguesa”.

“É um aspeto a que vamos dar uma atenção muito especial, porque seria uma forma de nós cooperarmos para a intensificação, a difusão da língua portuguesa na Guiné Equatorial, que é um dos compromissos assumidos no quadro da CPLP”, disse.

Na visita de Estado que agora começou, Teodoro Obiang vai estar nas ilhas de Santiago e São Vicente.

Após o encontro entre os dois chefes de Estado, decorrerá um encontro entre as duas delegações, chefiadas pelos respetivos ministros dos Negócios Estrangeiros.

À noite, o Presidente de Cabo Verde oferece um banquete a Teodoro Obiang no Palácio da Presidência da República.

O segundo dia da visita começa com uma visita ao primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, seguindo-se uma receção no Palácio da Assembleia Nacional e visitas ao Núcleo Operacional da Sociedade de Informação (NOSI) e o Data Center.

À tarde, a comitiva desloca-se à Cidade Velha, para um percurso guiado com o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, antes de uma visita ao Centro de Energias Renováveis e Manutenção Industrial (CERMI) e à Escola de Hotelaria e Turismo.

Para esse dia está agendada a assinatura de acordos bilaterais de cooperação.

Na quarta-feira, último dia da visita, a delegação presidencial da Guiné Equatorial desloca-se à ilha de São Vicente, onde será recebida pelo presidente da Câmara Municipal.

Segue-se um encontro de trabalho com o ministro da Economia Marítima e visitas ao Centro Oceanográfico e ao antigo ISECMAR.

Teodoro Obiang Nguema é o Presidente africano há mais anos no poder, desde 1979.

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