Google abre seu primeiro laboratório de inteligência artificial na África

Objetivo será de responder aos problemas socioeconômicos, políticos e ambientais do continente

Do Correio do Povo 

Especialistas em aprendizagem automática e editores de programas de informática trabalharão em jornada integral neste novo laboratório | Foto: Cristina Aldehuela / AFP / CP

A empresa americana Google abriu um laboratório de pesquisa em Gana sobre inteligência artificial, o primeiro desse tipo na África, com o objetivo de responder aos problemas socioeconômicos, políticos e ambientais do continente. Existem laboratórios tecnológicos em cidades como Tóquio, Zurique, Montreal, ou Paris, mas a inauguração de um nesta semana em Acra pode ser especialmente importante para a África.

Como utilizar a inteligência artificial para aliviar as penúrias dos médicos, ou melhorar o diagnóstico do câncer? Como ajudar os pequenos agricultores em suas colheitas aos trabalhadores na detecção de problemas nas máquinas? Como prevenir as catástrofes naturais? “A África enfrenta muitos desafios e aqui o uso da inteligência artificial pode ser mais importante do que em outros lugares”, explicou à AFP Moustapha Cissa, diretor do novo centro Google de Acra durante sua inauguração nesta semana.

Graças aos algoritmos, ao reconhecimento vocal, ou de escritura, muitos documentos podem ser traduzidos para línguas vernáculas africanas. Os pequenos agricultores também poderão detectar problemas na produção, ou avaliar os preços do mercado na rede.

“Um primeiro passo”

Especialistas em aprendizagem automática (Machine Learning, um campo da inteligência artificial que faz as máquinas aprenderem a partir de dados obtidos de uma série de estatísticas) e editores de programas de informática trabalharão em jornada integral neste novo laboratório. Isso será feito em colaboração com universidades e empresas emergentes (start-ups) de Gana, Nigéria, Quênia e África do Sul. “Formamos uma boa equipe de pesquisadores e de engenheiros internacionais”, acrescenta o diretor, Moustapha Cissa, originário do Senegal. “O objetivo também é abrir os olhos dos políticos sobre essa nova tecnologia para que se deem conta de sua importância. Espero que invistam mais na formação em inteligência artificial na África e em sua aplicação em diferentes âmbitos”, explicou. “É um primeiro passo”, afirma entusiasmado. “Tenho vontade de colaborar com outros pesquisadores da África e marcar realmente um diferencial no continente. Assim espero”.

Os gigantes tecnológicos conhecidos como Gafa (acrônimo de Google, Apple, Facebook, Amazon) estão muito interessados no continente africano, um mercado imenso. Atualmente, 60% do 1,2 bilhão de africanos tem menos de 24 anos e, até 2050, a população duplicará, chegando a 2,4 bilhões de pessoas. “Há claramente uma oportunidade para empresas como Facebook e Google de se instalar e impor sua marca no território” africano, explica Daniel Ives da GBH Insights, escritório de consultoria com sede em Nova York, em uma entrevista recente à AFP. “Se você observar Netflix, Amazon, Facebook, Apple, onde (essas empresas) podem crescer? Elas têm que mirar no nível internacional”, afirma o pesquisador em tecnologia.

Frente ao marketing agressivo dos Gafa, e em um momento em que as novas tecnologias ganham espaço, os governos deverão acelerar a regulação no setor e proteger os dados pessoais. Muitos países do continente carecem praticamente de uma legislação de proteção da vida privada e de um controle sobre os avanços tecnológicos. Constitui uma vantagem para a pesquisa, mas uma ameaça para os usuários.

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